Edu Falaschi costuma dizer que não gosta de “fazer as coisas por fazer”. E não existe maior prova do empenho do vocalista, um dos maiores nomes do metal brasileiro pelo período com Angra e, mais tarde, no Almah, do que a grandiosa turnê de Vera Cruz, que foi eternizada na gravação do DVD neste último domingo, 21, em show lotado no Tokio Marine Hall, em São Paulo. 

O show celebra 20 anos do clássico Rebirth e apresenta o primeiro álbum de inéditas da carreira solo do artista, lançado em 2021 e eleito um dos melhores do ano por diversos veículos especializados, inclusive pelo Wikimetal, com ambos os discos apresentados na íntegra em uma apresentação de mais de 2h30 de duração. 

Com o Tokio Marine Hall lotado, o público já clamava pelo capitão daquela tripulação vestida de preto aos gritos de “Edu, Edu, Edu!” quando Junior Carelli, intérprete do Scar Man nos clipes de Vera Cruz, subiu ao palco para dar recados sobre a gravação do DVD, realizada com 13 câmeras de cinema e mais de 50 profissionais envolvidos.

Dez minutos depois, por volta de 20h40, a intro “In Excelsis” anunciava o início do Rebirth em um palco que já trazia a caravela e um backdrop da capa do clássico do Angra. Inspirado por palcos de gigantes como Iron Maiden e Ronnie James Dio, o artista resolveu deixar o álbum solo para depois, criando assim uma narrativa que permitia revelar aos poucos os elementos do cenário.

Vestindo a mesma jaqueta usada no registro da Rebirth World Tour: Live in São Paulo (“Não sei se vocês perceberam”, disse depois), Falaschi domina o palco com desenvoltura e o público atendia sem esforço os convites para cantar as músicas, com vários momentos entregues apenas às vozes dos fãs, mas sem fugir de agudos e notas contínuas, muito bem executadas.

Turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha

O primeiro ato do show traz todo o respeito ao legado do disco amado por gerações, sem deixar de trazer também novos elementos fantásticos do ao vivo, como os corais perfeitos de Fabio Caldeira e Raíssa Ramos, que se destacaram especialmente em faixas como “Heroes of Sand” e “Unholy Wars”, criando versões únicas para o palco nos dois discos. “O DVD vai ficar diferente do disco, então a gente vai ter duas versões do Rebirth e Vera Cruz, [a de estúdio] e a do DVD”, apontou a cantora. “É engraçado, algumas versões agora só consigo ouvir agora, com essa abertura de vozes, que antes a gente não percebia que faltava”. 

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O primeiro convidado a subir no palco foi o talentoso e carismático violonista Fabio Lima, que teve o palco para si antes de participar da performance de “Rebirth”, assim como aconteceu com o tenor Thiago Arancam, que também pode mostrar o talento ao público de Falaschi antes de cantar “Visions” com o artista. 

A banda de talentosos músicos foi apresentada após “Judgment Day”, com elogios fervorosos de Edu Falaschi aos colegas de palco, com votos de continuidade da amizade com tecladista Fabio Laguna e o baterista Aquiles Priester, que conheceu nos tempos de Angra. Ao descer da plataforma da bateria para cumprimentar o público, Aquiles foi enfático ao dizer que Edu é o cara “que mudou a história do metal brasileiro, porque nenhuma banda [nacional] jamais fez um show dessa envergadura” antes. 

O guitarrista e parceiro de composição Roberto Barros não escondeu a emoção ao ouvir as palavras de admiração de Edu ao apresentá-lo e chorou. “A minha relação com o Edu se confunde de várias formas: primeiro, tem o Edu ídolo, que eu admiro, e depois nós viramos muito amigos, porque a gente conviveu só os dois juntos por um ano e meio no processo de composição”, contou ao Wikimetal. “E aí você ouvir de um cara que já já trabalhou com todo mundo e você vê a admiração do cara, aquilo tudo me emocionou porque eu dei minha vida nesse disco [Vera Cruz], né?”

Depois de considerar desistir da carreira, esses momentos de expressão da admiração pelos companheiros de jornada mostram todo o significado do ciclo atual de renascimento de Edu Falaschi, realizando sonhos ao lado de uma banda na qual confia e acredita. “Isso é primordial, primeiro que tem muito respeito, né? Para tocar esse tipo de música, é uma vida dedicada a isso, completamente. Para tocar esse disco, eu estava estudando quinze horas por dia, então, todo mundo da banda tem essa vibe e a gente respeita muito isso em cada um, entendeu? O amor que cada um tem e a entrega”, continuou Roberto. “A gente entende que se o clima está bom, toda banda vai fluir muito melhor”.

Para Fabio Laguna, a amizade é esse pilar principal deste capítulo monumental da história ao lado de Falaschi. “Em primeiro lugar a amizade. As pessoas percebem que há uma energia boa aqui dentro, que não é só uma banda que, sei lá, foi montada com objetivo único e exclusivo de ganhar dinheiro, até porque para ganhar dinheiro tem jeito muito mais fácil do que tocar heavy metal”, disse. “[A banda] é um ambiente saudável, de comprometimento e de confidências. A gente realmente divide não só a parte profissional, mas também divide as nossas histórias de vida”. 

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Com o final da apresentação de Rebirth, as cortinas se fecharam e um intervalo de cinco minutos foi anunciado e não demorou até o público celebrar a exibição da intro “Burden” com o conceito gráfico do disco no telão. No palco, a surpresa: a freira que resgatou Jorge na história do disco apareceu em cena, agora em um navio com roda de leme e duas estátuas iguais à capa de Vera Cruz, criando uma atmosfera cinematográfica e de verdadeiro espetáculo, igualmente emocionante para fãs e artistas.

“Olha, no primeiro show, na Ópera de Arame, em Curitiba, quando cheguei e vi o palco pronto, eu sentei na escada e chorei um monte, quietinho ali. Fiz um agradecimento porque não é algo simples erguer um um prédio desse, uma construção dessa. Passou um filme na minha cabeça”, contou Fabio Caldeira sobre a possibilidade de viver na história que ajudou a criar e desenvolveu em livro. “Isso ajuda a gente a pensar no conceito. Eu acho que a linguagem musical e visual dialogam, arte é arte. Quanto mais detalhada e ampla, eu creio que isso contribui para experiência”. 

O baixista Raphael Dafras também falou sobre a honra de mais essa etapa ao lado de Falaschi. “A magnitude de tudo que vocês estão vendo hoje na verdade já é um planejamento já de muitos anos atrás. Quando você vê a concretização de tudo, é diferenciado, né. Acredito que para o público também foi impactante visualmente e também sou na parte sonora”, disse. “Vera Cruz é um disco poderoso e você percebe que muda completamente o semblante das pessoas ouvindo”.

Turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha

E é nisso que a turnê de Vera Cruz se torna o maior espetáculo do metal nacional. Esse não é um título sensacionalista para gerar competição com tantos trabalhos incríveis da música pesada brasileira ao longo dos anos, sempre berço de talentos admiráveis em técnica e emoção, mas uma constatação do ineditismo – palavra muito bem empregada por Caldeira na conversa com Wikimetal – de um show de power metal que explora um conceito sólido na música e no visual em proporções surpreendentes e que funcionam muito bem, com uma reação intensa e efervescente do público a um disco de apenas um ano de existência. 

O segundo ato do show traz os músicos explorando menos o palco, mas nem por isso a apresentação perde intensidade e beleza. “Vera Cruz é um disco muito difícil de tocar, é natural que a gente fique um pouco mais parado para garantir que o negócio vai sair bem, só que aí o palco interage pela aquela parte que a gente não consegue interagir”, resumiu bem o guitarrista Diogo Mafra

A execução de Vera Cruz trouxe Carelli de volta ao palco, desta vez dentro do antagonista de Jorge, que também apareceu, interpretado por Fábio T. Silvério, com duelos intensos seguindo o curso da história. O álbum, lançado em 2021, foi muito bem recebido pelo público, algo que surpreendeu até mesmo Falaschi: “Já é um hit, né? Eu fiquei assim impressionado de ver como a galera já canta. Então estou feliz pra caramba”. 

O próximo convidado a subir ao palco foi Tito Falaschi, irmão de Edu, produtor e músico, em “Bonfire of  the Vanities”, trazendo Fabio Lima de volta. Na sequência, os vocais de Max Cavalera em “Face of the Storm” foram assumidos por duas gerações do metal brasileiro, com a “lenda” Marcello Pompeu, do Korzus, e a ótima representante da música pesada nacional no mundo, Fernanda Lira, da Crypta, no palco para uma performance intensa e muito significativa.

Foi com lamentações audíveis que a plateia recebeu a notícia da última música da noite: “Rainha do Luar”, com a participação da mítica Elba Ramalho, foi anunciada com um relato de Edu sobre como “ela me tratou como amigo” no período em que trabalharam juntos, levando o cantor a eleger a música como “uma das mais importantes “ da própria carreira. A presença da cantora nordestina trouxe uma carga emotiva forte e ajudou a fechar o ciclo de Vera Cruz de forma majestosa.

Muito chamada para o encore, a banda retornou com fôlego total com “Spread Your Fire”, do álbum Temple of Shadows, encerrando uma noite de verdadeiro espetáculo, não só para o metal do Brasil, mas para a música como um todo, feita sem barreiras de gênero musical e com paixão tangível transformada em um palco dos sonhos.

Bastidores do palco grandioso de Edu Falaschi 

A turnê Vera Cruz tem um palco cinematográfico com investimento suficiente para deixar os integrantes “mais pobres”, como brincou o cantor na apresentação. Em conversa com o Wikimetal após o show em São Paulo, Edu Falaschi falou sobre o trabalho envolvido em realizar essa produção. “Hoje como carreira solo, eu que decido, então fica mais fácil”.

Assim como ficou evidente no documentário sobre a gravação do disco, os detalhes da turnê passam obrigatoriamente pelas mãos do artista, que desenhou os bonecos, decidiu cada detalhe do navio, desde elementos até alturas, e acompanhou o processo de fabricação das peças desde a fábrica até a entrega final. 

“Eu sou meio… Vamos dizer chato, perfeccionista, aí eu me meto em tudo, acabo me cansando mais”, disse. “Mas rolou bem, foi uma puta produção legal, né? E acho que, pelo menos eu, nunca vi uma banda nacional fazer uma produção desse tamanho, difícil pra caramba para fazer, mas rolou, fiquei feliz. Estou cansado, mas estou feliz”.

E para concretizar esse sonho mirabolante, o músico conta com o apoio de uma equipe de produção competente e dedicada. Segundo o diretor técnico Arthur Bevilacqua, que acompanha a turnê e faz parte da montagem,são oito pessoas envolvidas, sem contar as equipes de cada casa de shows. “Toda a montagem do cenário acontece simultaneamente com áudio e luz, e esse processo leva em torno de cinco a seis horas. Com tudo finalizado, podemos passar o som com a banda e preparar os últimos detalhes pro show”, contou. 

São ao menos 40 elementos cenográficos diferentes para recriar o convés de uma caravela, com roda de leme, canhões, lamparinas, cordas, velas, barris, escadas e corrimãos feitos sob medida, além dos impressionantes soldados infláveis de 6,5 metros de altura  que parecem grandes estátuas de pedra, sem contar efeitos como jatos de fumaça e chuva de faíscas em momentos determinados. 

Toda essa estrutura está presente em todos os shows da turnê, obedecendo apenas às limitações impostas pelo tamanho de algumas casas de show, que recebem uma versão reduzida da produção. “Percebemos que muitas casas de show não iriam comportar o projeto inicial e assim começamos a adaptar o cenário para que pudéssemos levar a experiência do Vera Cruz para todos os palcos possíveis”, continuou Arthur. 

O trabalho intenso, que começa muito antes do público chegar para o show e avança madrugada adentro, já parece recompensado com a resposta nesses primeiros shows da turnê. “Particularmente, estou muito feliz e realizado com a resposta do público, é incrível ver o quanto a produção do show foi notada e reconhecida por todo mundo, mídia e público em geral”, comemorou o diretor técnico. “Estamos todos entregando um espetáculo inovador dentro do metal no Brasil e isso é muito recompensador”. 

Veja as fotos exclusivas tiradas por nosso colaborador Wellington Penilha.

Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Roberto Barros na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Raphael Dafras na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Diogo Mafra na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Diogo Mafra e Raphael Dafras na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Raphael Dafras na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Raphael Dafras na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Diogo Mafra na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Marcello Pompeu e Fernanda Lira na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Marcello Pompeu e Fernanda Lira na turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi e Elba Ramalho a turnê 'Vera Cruz' em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Roberto Barros na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Raphael Dafras na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Diogo Mafra na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Diogo Mafra e Raphael Dafras na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Raphael Dafras na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Raphael Dafras na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Diogo Mafra na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo (21)
Edu Falaschi com a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Marcello Pompeu e Fernanda Lira na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Marcello Pompeu e Fernanda Lira na turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
Edu Falaschi e Elba Ramalho a turnê ‘Vera Cruz’ em São Paulo. Crédito: Wellington Penilha
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