A banda holandesa Lesoir passou pela Inglaterra e tocou em três cidades, incluindo Londres, onde o Wikimetal assistiu seu show e conversou com os simpaticíssimos Maartje Meessen (vocal e multi-instrumentista) e Ingo Dassen (guitarra). Os líderes da banda, que também formam um belo casal fora dos palcos, contaram para gente que esse foi o primeiro show no país depois de tocarem pela última vez em 2019, quando foram convidados especiais da banda Riverside.

Lesoir também é formada por Eleën Bartholomeus (baixo), Ingo Jetten (guitarra) e Bob Van Heumen (bateria). O show aconteceu no pub The Black Heart, um dos lugares mais históricos e fundamentais em Londres para a cena de metal.

Wikimetal: Muito obrigada por receber a gente. Qual é a importância de tocar no Reino Unido novamente?

Ingo Dessen: Nossa banda existe há 10 anos e começou de uma forma bem underground. A gente tocou na China e outros países ao redor do mundo, sempre abrindo shows de outras bandas, e agora, pela primeira vez, a gente está fazendo nosso próprio show. É muito legal porque a gente começou bem pequeno e agora estamos aqui. Nos esforçamos muito para estar na Inglaterra hoje, não foi fácil. Tivemos muitos atrasos na imigração quando chegamos. Mas agora, vamos aproveitar os três shows pela frente. Estamos muito felizes em tocar em Londres, a ultima vez que tocamos aqui foi em 2011.

WM: O que veio primeiro, o relacionamento de vocês, a banda ou a formação da banda foi só uma desculpa para você namorar a Maaetje, Ingo?

(muitos risos)

Maartje Meeseen: Acho que Ingo pode responder essa pergunta melhor do que eu. Mas é uma boa pergunta. (Risos)

ID: Acho que a música começou primeiro, sempre estivemos conectados com a música, estudamos música juntos na universidade, aí começamos a ser amigos e aos poucos começamos nosso relacionamento.

MM: Para mim, foi um processo mais devagar.

ID: A gente está juntos há 19 anos e somos pais orgulhosos pela primeira vez de uma linda menina de 1 ano, que está agora com os avós, enquanto estamos tocando na Inglaterra.

WM: É muito legal entrevistar casais que tocam juntos, a gente admira essas pessoas que se amam e também trabalham naquilo que são apaixonados e fazem acontecer. Como é tocar juntos e estarem juntos há 20 anos?

MM: O segredo é não fazer tudo junto. A gente tem que ter nosso próprio espaço e já até trabalhamos juntos em uma empresa uma vez, mas fazemos coisas para manter nossas próprias individualidades para dar certo.

ID: A gente dá muito espaço para cada um e também temos um bom espaço para a criatividade. A gente tem uma vida privada bem diferente. Quando estamos trabalhando na banda é uma coisa, quando estamos em casa é outra e nunca trazemos problemas para dentro dela. Acho que temos sorte com isso.

WM: Como é o processo criativo do casal?

ID: Eu escrevo a maioria das letras das músicas sozinho, é um processo bem particular e quando temos a parte instrumental finalizada, algumas ideias surgem e compartilho com a Maartje e temos alguns momentos que criamos juntos. Ela também tem seus próprios processos e trabalha as melodias das canções 

MM: Quando Ingo compõe as músicas a gente compartilha as ideias.

WM: Como vocês se sentem em voltar ao palco depois de um longo período em lockdown?

MM: Esse show de hoje já foi cancelado quatro vezes. Mas acho que não é só com a gente, posso falar em nome de todos os músicos ao redor do mundo também. Foi, realmente, um período de merda para todos nós. Tudo muito frustrante. Todos os shows foram cancelados e tivemos que reprogramá-los várias vezes. E poder estar de volta ao palco hoje e encontrar as pessoas é demais e super importante para nós. A gente ama tocar, viajar e encontrar a galera. Por outro lado, foi também um período importante para a nossa música, porque a gente criou um som que a gente ama e foi um processo bem criativo durante a pandemia. A gente trabalhou muito em um novo projeto. Lançamos o novo álbum Mosaic que estávamos trabalhando há anos mas não tivemos a oportunidade de tocá-lo em ainda. Tínhamos mais de 15 shows planejados e tivemos que cancelá-los, infelizmente. Esse é o nosso melhor trabalho até agora e estamos muito orgulhosos dele. A gente vem de uma jornada de sermos uma banda pequena que abria shows para bandas grandes e agora estamos fazendo nossos próprios shows. Estamos felizes.

WM: Hoje vocês vão apresentar o álbum Mosaic para o público?

ID: Sim, vamos tocar o novo álbum e também algumas músicas de outros trabalhos.

MM: Infelizmente, por causa da pandemia, o momento do álbum já foi, lançamos há um ano e meio.

ID: Isso é um problema para outros músicos também. Mas foi uma fase que realmente tivemos que ser criativos e ao mesmo tempo, a gente pôde ter tempo para nós mesmos, coisa que não tínhamos normalmente. Não foi de todo ruim, mas realmente sinto que agora é tempo de voltar para a estrada de novo e ter a nossa vida de volta, poder viajar o mundo e para mostrar nossa música. A gente está feliz, vamos tomar uma cerveja agora antes do show para renovar a energia. Vai ser bem legal, é um novo começo para gente e espero que as pessoas curtam muito.

WM: Quais são as expectativas para hoje?

MM:É muito bom começar com três shows um atrás do outro na Inglaterra, a gente ama esse país e temos muitos amigos aqui. Não temos uma super expectativa para hoje por causa das questões da pandemia ainda, mas estamos muito felizes de estarmos aqui tocando para a galera que virá nos assistir. Vai ser uma grande experiência, tocar aqui depois de tanto tempo e pela primeira vez nosso próprio show.

ID: A gente tem que começar de algum jeito. Londres é sempre um grande lugar para tocar, a cidade mais importante quando você está no Reino Unido. É muito legal para a gente.

WM: Poderiam descrever um pouco mais do seu novo trabalho Mosaic?

MM: Mosaic é um trabalho inspirado no dia a dia das nossas vidas e as relações que a gente tem com as pessoas ao redor, estar na natureza também, que é algo que a gente adora, as pequenas coisas nas nossas vidas.

ID: A gente sempre quis ter uma ideia central do que seria o trabalho, viver a vida e colocar todos os elementos juntos é como um quebra cabeça, um mosaico. As vezes, a vida muda, coisas acontecem e a gente tem que recomeçar tudo de novo.

MM: É como uma criação da vida.

ID: E você ainda tem as peças da vida que você vai montando de acordo com os acontecimentos. A gente teve essa narrativa por trás das nossas músicas. O álbum anterior era mais conceitual e esse tem mais músicas que gostamos de tocar e colocamos nelas toda energia que tínhamos no momento. É um trabalho mais positivo, mais leve e brilhante. A gente se sentiu bem com o resultado, porque quando começamos éramos mais metal e mais pesado. E ao longo dos anos, fomos mantendo a intensidade nas emoções e não no som da banda e por isso não é mais tão pesado quanto era antes.

WM: Depois de um longo período de pandemia, vocês imaginaram que um dia poderiam estar tocando novamente? 

ID: No verão passado não, porque a pandemia estava descontrolada.

MM: Dessa vez, a gente teve a confirmação no meio em cima da hora e estamos felizes de estarmos aqui. Mas acho que a longo prazo, o Brexit é também algo que nos preocupa, porque é mais complicado vir tocar na Inglaterra agora. A gente realmente ama aqui, mas as coisas mudaram bastante. A gente tem que fazer muito esforço para tocar aqui agora. Espero que eles encontrem uma forma que facilitem nosso trabalho por aqui.

WM: Como vocês podem descrever seu som para os fãs brasileiros?

ID: A gente denominada nosso trabalho como art-rock, porque temos uma concepção artística grande por trás e uma identidade bem definida. A gente mistura isso com a criação da nossa música, um trabalho baseado em muitas emoções e essas são as nossas principais características. A gente ama tocar ao vivo e sentir a energia das pessoas. Cada show para gente é como se fosse algo sagrado.

WM: Vocês são de Maastrichtsul da Holanda. Me disseram que é cidade com as pessoas mais alegres e felizes do país. Vocês concordam com isso?

MM: As pessoas do sul da Europa são conhecidas como mais felizes e mais tranquilas por terem mais incidência de sol em seus locais durante o ano. Mesmo que a Holanda seja um país bem pequeno, acho que essa teoria também se aplica pra gente no sul: somos mais leves e tranquilos.

ID: A gente tem muita influência francesa também, na forma de viver e como aproveitar o momento. Faz parte da nossa história, estamos muito perto da Bélgica e França. A gente aprecia a vida boa e uma boa comida.

WM: E como podemos descrever a influência holandesa no seu trabalho?

ID: Acho que trabalhar duro e muita motivação são as principais características holandesas em nosso trabalho. Somos muito eficientes (risos).

MM: Sim, nós somos! Levamos tudo muito a sério e com muito comprometimento.

WM: Uma mensagem para o Brasil, por favor?

ID: A gente amaria tocar na América do Sul e em especial no Brasil, que está no topo da nossa lista. Acho que vocês vão curtir nosso trabalho.

MM: Acho que vai ser maravilhoso poder tocar lá um dia, os brasileiros são conhecidos por serem super legais.

WM: Vocês que são! Dankjewel!

Assista abaixo a mensagem que eles deixaram para a gente, vejam fotos do show em Londres e escute o álbum Mosaic:

Créditos: Maíra Watanabe
Créditos: Maíra Watanabe
Créditos: Maíra Watanabe
Créditos: Maíra Watanabe
Créditos: Maíra Watanabe
Créditos: Maíra Watanabe
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