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Desde antes das discussões entre nações, o Heavy Metal chamava atenção para a proteção do meio ambiente”

por Allan Lima

Muito antes das discussões entre as nações sobre o futuro do planeta, fosse a ECO 92 ou mesmo a Convenção de Estocolmo, o Heavy Metal já pregava a necessidade da raça humana em conter sua insanidade pela busca incessante dos lucros em detrimento das fontes de recursos naturais (leia-se a água, o solo, o ar, os animais e as florestas, basicamente). Bandas como Nuclear Assault já traziam na capa dos seus discos (“Handle With Care” significa “maneje com cuidado” sob a forma de carimbo no planeta Terra) e nas músicas, onde declamavam e chamavam atenção para a proteção do meio ambiente, como podemos perceber na letra de “Critical Mass”:

“The bio-sphere, the place we live
It seems like we don’t give a damn
Other species flushed down the tubes
We need another race to rape
The way we live, we will destroy
Every other living thing
Till none are left except our race
And then we will destroy ourselves
Another oil spill
Atomic waste displaced
Another forest dies
Bring on the acid rain (…)”

Tradução (livre): A biosfera, lugar que
vivemos, parece que não damos a mínima. Outras
espécies vão parar nos esgotos, e precisamos de
outra raça para destruir.Da forma que vivemos
iremos matar todas as coisas vivas, até que não
sobre mais nada, a não ser nossa raça, e então
destruiremos a nós mesmos.Outro derramamento
de óleo, lixo nuclear deslocado, e outra floresta
morre…traga a chuva ácida (…)

Percebe-se que assim como o Nuclear Assault, muitas bandas de Thrash seguiram em algum momento de suas carreiras nessa temática, mesmo porque uma boa crítica deve vir acompanhada de uma boa dose de ódio e revolta, sentimentos sempre externados nesse estilo, nos quais fazemos o paralelo com as ONG’s sérias e dedicadas à defesa do meio ambiente, que combatem de frente, no estilo “fight fire with fire” as grandes corporações responsáveis pelos desmatamentos, poluição das águas e outros males. Vejamos o conceito de meio ambiente, o mais difundido: “é o conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”, presente na própria Constituição Federal brasileira. Logo, ao compararmos ambas as citações e os últimos desastres ambientais (Golfo do México, Bacia de Campos e os reatores nucleares de Fukushima, por exemplo) vemos que realmente é algo muito mais sério do que se imagina.

Uma tragédia recorrente: o derramamento de óleo nos oceanos prejudica diversos seres vivos

Falando de outros estilos, com o Heavy Metal não foi diferente: uma das maiores bandas, o Iron Maiden, cita o clássico literário americano “Duna” na letra de “To tame a land”, do álbum “Piece of Mind”, falando sobre os recursos não-renováveis e as guerras oriundas da ganância pelo seu controle. O pai do estilo, Black Sabbath, também seguiu o tema em diversos álbuns, tanto na fase Ozzy como na fase Dio, tais como os álbuns “Sabotage” e “Dehumanizer”. A banda Obituary, com seu disco “The End Complete” cita a desgraça humana causada pela poluição, ganância e destruição das águas e da vida. Outro grande exemplo é o disco “Infinite”, do Stratovarius, onde o tema é abordado na maioria das faixas, inclusive com certo grau de pesquisa em base teórica: a música “Mother Gaia” traz a reflexão ecológica contida na Teoria de Gaia. Recentemente, o último disco do Slayer, “World Painted Blood” cita na música “Americon” e em outras a mesma temática: guerras causadas pela ganância sem se preocupar com as outras formas de vida. Das nacionais podemos citar o próprio Sepultura (principalmente o “Chaos A.D.”), a rio-clarense Mordeth e a grande Dorsal Atlantica, resumindo a revolta na letra de “Violência é real”:

“Porque o que destrói a raça humana é a incompreensão de ser humano.”

Em seu disco de 92, Obituary cita a desgraça humana causada pela poluição, ganância e destruição das águas e da vida

Conforme citado, mesmo bandas mais extremas contém em suas letras citações sobre o caos e possuem em sua maioria críticas massivas sobre a exploração desenfreada do meio ambiente, que resultam em outras criticas relacionadas a violência, guerras, doenças e extermínio da raça humana…temas eloqüentes e subversivos? Licença poética? Não, claro
que não…todos seguem a mesmo pensamento: se somos os únicos animais racionais, porque também somos os únicos seres que nos autodestruímos e destruímos nossa própria casa (Terra) em sã consciência?

Estas considerações deveriam ter sido citadas a poucos meses atrás, quanto tivemos a reedição do maior fórum de discussões sobre o meio ambiente, a Rio+20; porém a responsabilidade de preservação do planeta em que vivemos é constante e é um dever de todos. E no Rock e no Heavy Metal não poderia ser diferente, pois como podemos perceber as
bandas citadas deram sua contribuição com grandes composições.

Existem diversos outros exemplos no meio artístico do Rock e do Heavy Metal: alguém em algum momento já leu a respeito desta ou daquela banda, independente do estilo, que cita a defesa do meio ambiente em suas letras. Em paralelo a tudo isso, temos personalidades do Rock mais aguerridas na defesa dos animais e do planeta, como é o caso do cantores Bono Vox, Sting e John Bush (ex-Anthrax, Armored Saint) e os mestres Geezer Butler e Glenn Hughes, além de que a maioria dos festivais de Rock e Metal trazem o apelo pela proteção do meio ambiente em atos de reciclagem de resíduos e economia de energia (W.O.A., S.W.U. e último Rock’n’Rio), ações pioneiras nunca antes vistas em outros eventos similares.

Em “Infinite”, Stratovarius aborda o tema da destruição ambiental com certo grau de pesquisa em base teórica.

E você, headbanger? Qual seu nível de compromisso ambiental? Preze por economizar água, desligar as luzes nos locais desnecessários, reciclar o lixo e educar quem estiver ao seu redor. Temos consciência de que somos um grupo seleto da sociedade que, ignorando o preconceito, damos sempre um exemplo de civilidade, mas precisamos também praticar,
assim como fizeram e fazem grandes músicos dos quais somo fãs.

PS: e não se esqueça de incluir na sua lista semanal de audição as grandes bandas citadas acima. Isso não precisa economizar, e o meio ambiente agradece!

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