Se aproximando dos 20 anos de carreira, The Bronx lançou um dos álbuns mais explosivos do último ano. Em Bronx VI, sexto álbum de estúdio, a banda norte-americana traz o melhor do hard rock punk pelo qual são conhecidos.

Lançado em agosto de 2021, o disco é cirúrgico e sem enrolação: as 11 faixas passam em meros 40 minutos, entregando exatamente o necessário em cada faixa, mas sem economizar. 

Guiado pela intensidade dos vocais rasgados e furiosos de Matt Caughthran, acompanhados pela experiência e precisão da banda, The Bronx mostra os frutos de uma relação de confiança mútua entre os integrantes – talvez o traço menos rock n’ roll do disco que, para sorte do público, colabora com um resultado final impecável. 

“A banda está em um bom lugar, conversamos com todos quase todos os dias [ou] algumas vezes na semana”, contou o guitarrista Ken Horne ao Wikimetal sobre a criação do álbum, que foi gravado no final de 2019. “É divertido, nós ainda temos muitas ideias, dizemos ‘quero fazer isso, quero fazer aquilo’. Acho que nós nunca nos deparamos com um beco sem saída quando queremos fazer algo, sabe? Sempre fomos criativos dessa forma”. 

Ken Horne, guitarrista do The Bronx
Ken Horne, guitarrista do The Bronx. Crédito: Reprodução/Facebook

Essa criatividade efervescente marca a carreira do guitarrista desde quando pegou a guitarra para aprender a tocar. Sem paciência para aprender as músicas de heavy metal no rigor da técnica, o jovem Horne escutava solos de guitarra idênticos aos de estúdio nas versões ao vivo de Dokken, mas ampliou os horizontes ao perceber que Hanoi Rocks (“uma das minhas bandas favoritas”, contou) mudava completamente a estrutura dos solos nos shows.

“No começo, eu pensava ‘Não consigo tocar nada nota por nota’, mas então você descobre punk e aprende que não precisa ser assim, você pode fazer do seu jeito. Ainda não tenho disciplina para muitas coisas”, explicou. “Acho que você precisa tocar do seu jeito, se eu tivesse disciplina e fizesse minha lição de casa todos os dias depois da escola, não acho que seria um músico”.

Mesmo com uma identidade bem definida musicalmente, a banda consegue equilibrar a evolução natural de um grupo com tantos anos de estrada com as expectativas do público. “Acho que a maior parte dos meus fãs aceitam bem, existem alguns que amam o primeiro álbum e querem que a banda continue com aquele som, mas isso apenas muda, você não é a mesma pessoa que era em 2002 em relação a 2021, tudo muda enquanto pessoa quando você tem 20, 40 ou 50 anos”, observou. 

Apesar de não ter tanta certeza sobre o próprio estado mental, Ken Horne celebra o fato da banda “não ter enlouquecido” durante a quarentena. Bronx VI já estava completamente pronto para o lançamento quando a pandemia começou, deixando poucas atividades para a banda nesse período, então eles decidiram embarcar nas lives e caprichar na coleção de merchandising para o disco, além de colaborar com artistas visuais para as capas de cada música. 

O grande desafio atualmente está em manter o ouvinte interessado quando as plataformas de streaming oferecem tanto conteúdo. E quem nunca pulou as faixas de um álbum até algo chamar atenção, sem dar uma devida chance às músicas? “Todos somos culpados nisso”, admite Horne. “Sempre que gravamos um novo álbum, sempre me pergunto por quanto tempo isso ainda vai acontecer. Porque agora as pessoas apenas gravam e lançam as músicas, você consegue fazer isso em dois dias. Sou das antigas, gosto do processo inteiro de fazer um álbum”. 

Em “Curb Feelers”, o refrão sugere que a rebeldia também se torna rotina e “agora você está morrendo como a cena punk” – mas essa crítica frenética ao próprio estilo de vida não significa descrença no punk, pelo contrário. “Não [está morrendo], está forte. Na Califórnia, sempre aparecem bandas punk… Quero dizer, às vezes tem muitas, outras vezes nem tantas, mas estão sempre lá”, pontuou.

E a questão sobre a morte do rock n’ roll? “Não está morto, tem muitas bandas de rock. Não morreu, apenas está diferente, a maneira como as pessoas escutam músicas mudou. Não temos mais rockstars icônicos, mas não acho que esteja morto”, observou Horne. “Todo ano, dizem que o rock morreu e, no ano seguinte, dizem que o rock está voltando. Enquanto as pessoas dizerem que o rock morreu, alguém dirá que está retornando. Somos muito apaixonados por rock para que simplesmente desapareça”. 

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