Crypta segue em um caminho de bases bem estabelecidas para a consolidação como uma das maiores bandas do metal nacional com o segundo álbum de estúdio. Lançado em 04 de agosto, Shades of Sorrow consegue ser um disco ainda melhor que o elogiado álbum de estreia da banda, pois eleva o nível dos acertos do trabalho anterior e permite uma ambivalência entre delicadeza e brutalidade que é hipnótica.

Agora com uma nova formação estabelecida, desta vez completamente brasileira, e com uma quilometragem de respeito sob a insígnia da Crypta pelo globo, a banda já conquistou um DNA completamente próprio que conquistou o respeito dos pares dentro da cena, desde AVATAR até Ghost, que declaram a admiração pelo som da banda abertamente em entrevistas. 

Essa atmosfera característica, de correntes iluminadas por velas em um porão frio, continua no rigor técnico de Shades of Sorrow, mas agora encorpada com melodias de danças macabras e irresistíveis, uma voz ainda mais profunda e impressionante de Fernanda Lira, a velocidade estonteante de Luana Dametto parece domada, ainda que não tenha perdido nem um pouco da intensidade. 

Dividido em etapas pelas transições “The Aftermath” e “The Limbo”, o disco mergulha em uma atmosfera sonora completamente sombria, mas melodiosa, se permitindo momentos quase cristalinos, que soam como lamentos profundos e belos, encarnados pelas guitarras de Tainá Bergamaschi e Jéssica Di Falchi, que estreia como integrante oficial da banda neste disco. 

Do ponto de vista lírico, Crypta continua uma banda excepcional no death metal e foge dos clichês das descrições gráficas de violência e crimes, temas tão comuns ao gênero. Se o álbum Echoes of The Soul (2021) trouxe temas de relevância social, Shades of Sorrow tem um conceito menos amplo, o que permite aprofundamento ao explorar diferentes aspectos da escuridão da psique humana, viajando por esses muitos tons e facetas da tristeza: ansiedade, raiva e abandono antes do momento de se erguer e estabelecer limites, mesmo ciente da própria fraqueza e vulnerabilidade. 

Além dos singles “Lord of Ruins”, “Trial of Traitors” e “The Other Side of Anger”, outros pontos altos do disco estão em “Stronghold”, “Lullaby For The Forsaken” e “Lift the Blindfold”, mas nada é mais poderoso do que o conjunto da obra de Shades of Sorrow

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