Não, você não leu errado: o System Of A Down acaba de lançar as primeiras músicas inéditas desde o disco Hypnotize (2005). A novidade veio completamente de surpresa para os fãs e por um motivo muito nobre.

Descendentes da Armênia, os integrantes se reuniram para falar sobre a guerra que está devastando o país. A região de Nagorno-Karabakh, chamada por eles de Artsakh, vem sendo invadida por uma união do Azerbaijão e da Turquia.

As canções são intituladas “Protect the Land” e “Genocidal Humanoidz” e trazem a sonoridade clássica do SOAD que os fãs tanto sentem falta. Ambas faixas estão disponíveis nas plataformas de streaming, mas quem quer apoiar ainda mais a causa da banda pode fazer o download pago no Bandcamp clicando aqui. Ouça as músicas abaixo.

Ao lançar a novidade, o grupo divulgou a seguinte mensagem:

“Nós como System Of A Down acabamos de lançar novas músicas pela primeira vez em 15 anos. A hora de fazer isso é agora, já que juntos, nós quatro temos algo extremamente importante a dizer como uma voz unificada. Essas duas músicas, ‘Protect the Land’ e ‘Genocidal Humanoidz’ ambas falam de uma terrível e séria guerra sendo perpetrada na nossa terra natal cultural de Artsakh e na Armênia.

Temos orgulho de compartilhar essas canções com vocês e esperamos que vocês curtam ouvi-las. Mais ainda, encorajamos que vocês leiam a seguir para saber mais sobre suas origens e quando o fizerem, esperamos que vocês se inspirem em falar sobre as horríveis injustiças e violações de direitos humanos acontecendo ali agora. Mais importante e urgente, nós humildemente imploramos que vocês doem, em somas pequenas ou grandes para ajudas aqueles afetados adversamente com o que os relatos cada vez mais de crimes contra a humanidade.

Em troca, vocês receberão downloads dessas duas novas faixas e o sentimento de que vocês estão verdadeiramente fazendo a diferença. Esses fundos serão utilizados para prover ajuda crucial e desesperadamente necessária e suprimentos básicos àqueles afetados por esses atos grotescos.

No dia 27 de Setembro, as forças combinadas do Azerbaijão e da Turquia (ao lado de terroristas do ISIS da Síria) atacaram a República de Nagorno-Karabakh, que nós como armênios chamamos de Artsakh. Através do último mês, civis jovens e velhos foram acordados dia e noite por visões assustadores e sons de ataques de foguetes, bombas caindo, mísseis, drones e ataques terroristas. Eles tiveram de transformar abrigos temporários em santuários, tentando evitar a queda de bombas fora da lei chovendo em suas ruas e casas, hospitais e lugares de adoração. Os que cometem os ataques incendiaram suas florestas e fauna ameaçada usando fósforo branco, outra arma banida.

E Por Quê?

Porque mais de 30 anos atrás em 1988, os armênios de Nagorno-Karabakh (que na época era uma Oblast Autônoma dentro da URSS), se cansaram de serem tratados como cidadãos de segunda classe e decidiram declarar sua merecida independência da República Soviética Socialista do Azerbaijão cujas bordas engoliam as suas. Isso eventualmente levou a uma guerra de auto-determinação pelos armênios em Karabakh contra o Azerbaijão que terminou com um cessar-fogo em 1994, com armênios retendo controle de suas terras natais ancestrais e mantendo a sua independência até o presente. Nosso povo vive ali por milênios, e para a maioria das famílias ali, é a única casa que eles e seus antecessores jamais conheceram. Eles só querem viver em paz como têm feito há séculos.

Os atuais regimes corruptos de Aliyev no Azerbaijão e Erdogan na Turquia agora querem não apenas tomar essas terras como suas próprias, mas estão cometendo atos genocidas com impunidade na humanidade e na vida selvagem para alcançar sua missão. Eles estão apostando no mundo estar muito distraído com a COVID, eleições e inquietação civil para apontar para suas atrocidades. Eles têm o saldo bancário, os recursos e recrutaram empresas gigantes de relações públicas para transformar a verdade e esconder seu objetivo bárbaro de genocídio. Essa não é a hora de se fazer de cego.

Há uma necessidade imediata de cidadãos globais em urgir seus respectivos governos a não apenas condenar as ações desses ditadores desonestos, mas também insistir que os líderes mundiais ajam com urgência para trazer paz à região e merecidamente reconhecer Artsakh como a nação independente que é.

Nós entendemos que para muitos de vocês, há maneiras mais convenientes que vocês preferem para ouvir música, então por favor considerem a oportunidade de fazer o download dessas músicas como um ato de caridade acima de tudo. Pensem no preço listado para os downloads como uma doação mínima, e se vocês tiverem a habilidade e puderem ser mais generosos com as suas doações, cada um dos membros do System Of A Down será ainda mais grato por sua benevolência. Os royalties da banda para essa iniciativa serão doados para o Armenia Fund, uma organização de caridade baseada nos EUA fundamental em oferecer suprimentos necessário para a sobrevivência básica daqueles que passam necessidades em Artsakh e na Armênia.

A música e as letras falam por si mesmas. Nós precisamos que vocês falem por Artsakh.

Paz,

Daron, Shavo, John e Serj”

Entenda abaixo mais sobre o conflito armênio:

Recentemente o vocalista Serj Tankian conversou com o Jornal da Globo e explicou a guerra para os fãs brasileiros: “É uma guerra, não mais um conflito, porque há muitos militares, muitos soldados morrendo, muitas pessoas morrendo, muitos civis morrendo para que seja considerado apenas um conflito. E a comunidade armênia no mundo todo está agora desesperada para contar ao mundo o que realmente está acontecendo, tentando fazer as pessoas entenderem que isso pode acabar em algo muito maior do que apenas uma guerra apenas entre Azerbaijão, Turquia e Armênia.”

O ponto de guerra é o território de Nagorno-Karabakh, que foi declarado como parte do Azerbaijão pela União Soviética, mas tem uma grande presença de armênios. Como muitos conflitos da região, essa também tem um conflito religioso, já que os armênios são majoritariamente cristãos, enquanto os azerbaijanos têm maioria muçulmana.

De acordo com o professor de relações internacionais da FGV consultado pelo jornal, Oliver Stuenkel, o que mais chama atenção em relação ao conflito neste momento é “o uso da força muito mais intenso”. O vocalista da banda ainda completa a fala dizendo que a solução militar é impossível já que “muitos jovens e muitos soldados estão morrendo dos dois lados”.

“Eu, pessoalmente, não acredito em fronteiras e bandeiras, porque, pra mim, a beleza das nossas diferenças está na nossa cultura, na nossa música, na nossa comida, na nossa arte, no nosso jeito. Sorrimos da maneira que amamos, sabe? Essa é a nossa beleza. Não é o nosso exército, não é a nossa economia, não são as nossas fronteiras. Eu acredito que nenhum povo deveria viver subjugado a outros povos. Todo povo deveria viver livremente, com sua própria cultura e suas pessoas.”

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