Texto por Marcelo Gomes

O lendário Uriah Heep retornou ao Brasil após nove anos para celebrar os 50 anos de carreira no palco do Tokio Marine Hall em São Paulo. O encerramento da turnê latino americana aconteceu no último dia 10 e nem mesmo o tempo chuvoso afastou os fãs que compareceram em peso para prestigiar as  lendas.

Sem backdrop ou qualquer produção extra no palco, o Uriah Heep provou que sua música é o suficiente para uma grande apresentação. Numa verdadeira volta às raízes, o grupo liderado pelo guitarrista Mick Box mostrou a que veio desfilando muitos clássicos com o som bem alto numa performance cheia de energia e carisma. 

Acompanhado por Bernie Shaw (vocal), Phil Lanzon (teclados), Davey Rimmer (baixo) e Russell Gilbrook (bateria), o show iniciou com a eletrizante “Grazed By Heaven” seguida por “Take Away  My Soul” e “Traveller In Time”. Era o hard rock setentista do Uriah Heep invadindo o Tokio Marine Hall com seu som inconfundível. Desde os primeiros minutos, os  fãs apreciaram cada detalhe da apresentação com um sorriso estampado em seus rostos.

Sem delongas, mandaram mais um clássico, “Between Two Worlds”. Então, o vocalista Bernie Shaw falou que São Paulo é um lugar maravilhoso para se encerrar a turnê e agradeceu a presença de todos antes de anunciar “Stealin´”. O destaque ficou para o som de baixo de Davey que estava bem alto desde início do show fazendo aquela levada mais arrastada e blues, perfeita para os improvisos de Mick Box  O ritmo voltou a acelerar com a próxima diretamente do álbum Abominog, aquele mesmo com o demônio na capa. Estamos falando de “Too Scared To Run” que teve seu refrão marcante cantado por todos.

Os teclados de Phil Lanzon iniciaram “Rainbow Demon” que foi de imediato acompanhada por palmas. O clima sombrio da canção aliado ao domingo frio deram o tom da execução mas nem por isso a simpatia de Mick Box diminuiu. A todo momento fazia questão de fazer o sinal da cruz e emanar energias positivas para o público. Num clima mais festivo, o próprio anunciou “Sweet Lorraine”  dizendo que era uma mulher nos Estados Unidos que gostava de festas.  Em seguida, Bernie pergunta: “alguém aqui gosta de heavy metal? Nós somos mais do lado melódico mas vamos tocar um som mais pesado e precisamos só de três minutos”, disse o vocalista.  A pedrada que veio a seguir foi “Free ‘N’ Easy”  mostrando que a banda não estava para brincadeira fazendo até as pessoas de mais idade balançarem a cabeça.

A pesada e arrastada “Gypsy” fez os fãs mergulharem mais uma vez nas profundezas dos anos 70. Era nostalgia pura transcendendo o tempo e  gerações.  “Look At Yourself” mostrou as habilidades musicais da banda numa versão estendida e eletrizante, cheia de improvisos na qual  deu espaço para apresentação dos integrantes. Simplesmente fantástico o que os caras fizeram no palco mantendo aquele espírito desafiador que os consagraram.

Num show de celebração de 50 anos, claro que não poderia faltar a emocionante “July Morning”  com a belíssima e dramática interpretação de Bernie. Seus vocais deram uma carga emocional extra a música e pude observar alguns fãs extremamente tocados com a execução. Aliás, completamente compreensível diante da experiência que estavam vivenciando. A despedida veio a seguir, de posse de seu violão, Mick Box deu início a  “Lady In Black” com público cantando afinado, fazendo um belo coro que certamente ficará eternizado na memória de todos da banda. Foi de arrepiar!

A volta para o bis contou com as aguardadas “Sunrise” e “Easy Livin´”, essa última com a participação especial do guitarrista Marcelo Frisoni e da cantora Katia Pardini que abrilhantaram ainda mais o show do Uriah Heep. Foi um final grandioso para essa noite incrível de rock clássico. 

Quase uma década depois da última vinda ao Brasil, o Uriah Heep apresentou uma performance magistral em São Paulo. Com a banda super entrosada e o Mick Box esbanjando simpatia, desfilaram clássicos de toda carreira agradando tanto os fãs mais antigos quanto os mais novos. A recepção calorosa do público e a energia incrível da banda criaram uma noite que ficará guardada para sempre no coração de todos que tiveram a sorte de testemunhar essa apresentação icônica. Só nos resta torcer para que não demorem tanto para voltar!

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