Texto por Marcelo Gomes

Uriah Heep está prestes a se apresentar no Brasil em dezembro. As apresentações acontecem em Curitiba no dia 09, no CWB Hall – ingressos aqui – e em São Paulo, no dia 10, no Tokio Marine Hall – ingressos aqui.

Com mais de 50 anos de carreira e incontáveis clássicos do rock no catálogo, a turnê do Uriah Heep pela América do Sul tem datas confirmadas, no Peru (05/12) e Chile (07/12), além do Brasil.

Formado no final dos anos 1960, o Uriah Heep conquistou o mundo com álbuns clássicos como Look At Yourself (1971) e Demons and Wizards (1972). Atualmente, o grupo é formado pelo membro original Mick Box (guitarra), o vocalista Bernie Shaw, o tecladista Phil Lanzon, o baixista Davey Rimmer e o baterista Russell Gilbrook

A turnê que vem ao Brasil celebra mais de cinco décadas de estrada e uma extensa discografia com 25 álbuns de estúdio, sendo o mais recente Chaos & Colour, lançado em janeiro de 2023. 

A última passagem do Uriah Heep pelo Brasil aconteceu há quase 10 anos.

Prestes a vir ao Brasil, o guitarrista Mick Box conversou com o Wikimetal sobre a vinda, o novo álbum e mais. Confira a entrevista na íntegra logo abaixo.

Wikimetal: Com shows agendados no Brasil em dezembro, como a banda está se preparando?

Mick Box: Olá, primeiramente gostaria de me desculpar pelo atraso. Nós já temos muitos anos de estrada. Mas é claro que sempre que temos uma turnê, nos reunimos para nos prepararmos.

WM: Sem revelar muito, há alguma surpresa no repertório que os fãs podem esperar durante os shows no Brasil?  Parabéns pelo último álbum Chaos & Colour que é excelente! Como a banda equilibra a execução de clássicos consagrados com a apresentação de novas músicas durante os shows ao vivo?

MB: O que posso dizer é que vamos fazer um setlist com muito clássicos. Estamos ainda celebrando os 50 anos de banda e vamos abranger todo o repertório até o nosso penúltimo álbum, Living The Dream (2019). Portanto, não teremos nenhum material do Chaos & Colour que pretendemos executar numa turnê depois dessas celebrações.

WM: Qual é a importância dos fãs brasileiros para o Uriah Heep?

MB Os fãs brasileiros são muito especiais, todas as vezes que visitamos o Brasil,  fomos muito bem recebidos, todos são muito amorosos com a gente. Me lembro que tocamos para 30 mil pessoas na rua ( se referindo a Virada Cultural de 2014), foi fantástico aquele dia.

WM: Quais são suas influências musicais iniciais e como elas moldaram seu estilo de guitarra?

MB: Quando eu comecei, fui ter aulas com um professor que me apresentou o guitarrista de jazz Django Reinhard. Comecei a ouvi-lo e certamente isso ajudou muito a desenvolver meu próprio estilo.

WM: Quais foram os principais desafios nos primeiros dias do Uriah Heep? E as principais conquistas que mais marcaram?

MB:  Os desafios são muitos, mas depois que você consegue uma gravadora, as coisas ficam um pouco mais fáceis. No começo, nós tínhamos muitos lugares para tocar pela Europa. Hoje, praticamente todos esses locais estão fechados. 

WM: O Uriah Heep é conhecido por sua longevidade e sucesso consistente. Qual você acredita ser o segredo dessa duradoura carreira? Você ainda está vivendo o sonho? [referência ao título do penúltimo álbum, Living The Dream].

MB: Paixão! Você tem que gostar muito do que faz. Eu até hoje tenho prazer em gravar e fazer turnês. Definitivamente, ainda estou vivendo esse sonho.

WM: Uma coisa que sempre fiquei imaginando, era razão da Inglaterra ter sido um celeiro de tantas bandas influentes como Uriah Heep, Deep Purple, Led Zeppelin, Judas Priest, Pink Floyd, etc, enfim bandas que moldaram tudo que veio a seguir. Você tem alguma explicação para isso ?

MB: Antes de nós, as músicas eram bonitas, agradáveis e tudo bem quanto a isso. Mas nosso espírito rebelde contribuiu muito para essa mudança, deixamos o cabelo crescer e o mais importante, cada um de nós tem um estilo próprio. Meu som é diferente do Tony Iommi (Black Sabbath) e do Ritchie Blackmore (ex-Deep Purple). Nós tentamos fazer coisas únicas, deixar nosso lado individual aflorar e com todo respeito, hoje os jovens vão para as escolas de música, tocam brilhantemente mas soam todos parecidos. Não era o que a gente tinha em mente, trilhamos nossos próprios caminhos.

WM: Falando em bandas atuais, você tem alguma que representa essa rebeldia e que seja uma referência nos dias de hoje. Recentemente, o Mick Jagger [Rolling Stones] falou que o Maneskin é a maior banda de rock do mundo. Você conhece? Outra questão, com todas as plataformas que as bandas podem se divulgar, por que temos a sensação de não termos bandas tão influentes quantos nos anos 70 e 80?

MB: Eu não conheço o Maneskin. Hoje têm todas essas plataformas que não pagam nada, então os músicos não conseguem sobreviver.  Talvez por isso, menos bandas relevantes. A verdade é que nos tempos atuais, lançamos novos trabalhos para fazer turnês. é daí que vem o dinheiro.

WM: Hoje em dia existem muitos rumores que as bandas usam faixas pré-gravadas em apresentações ao vivo, você já ouviu coisas do tipo?

MB: Sim, infelizmente muitas bandas enganam seu público. Nós não somos esse tipo de banda. Tenho grandes músicos me acompanhando que fazem soar bem tanto as músicas novas, quanto as mais antigas. Nosso show é 100% ao vivo. Espero que você possa ver nosso show para ter certeza disso.

WM: Sobre o título do álbum Chaos & Colour, existe algum conceito por trás? Aliás li vários comentários positivos a respeito dizendo que era uma volta às raízes. 

MB: Fico feliz em saber disso. O conceito foi criado por mim. Vendo o mundo passar pela pandemia, veio a palavra caos, e as cores representam a música, a esperança. Vi muitas pessoas passando por situações muito difíceis durante esse período, muito sofrimento e depressão. Acho que música tem o poder de curar tudo e dar esperança.

Acho que o resultado do disco também ficou bom porque nós tocamos e ensaiamos juntos. Não trocamos arquivos de mídia, aliás, acho isso errado. A música vem da levada da bateria, tem que haver uma troca entre os músicos. Estávamos tão preparados que gravamos em duas semanas nos Estados Unidos.

WM: Você está feliz com o patamar que a banda alcançou ou ainda acha que a banda tem algo a conquistar?

MB: Não, acho que estamos onde deveríamos estar. Estou muito feliz com tudo o que fizemos até hoje. As coisas são como elas são, eu não mudaria nada, não tenho do que reclamar.

WM: Há alguma música específica do Uriah Heep que seja particularmente especial para você em termos de composição ou execução?

MB: Sabe que isso muda de tempos em tempos. Eu tendo a gostar mais se eu puder fazer improvisos nos solos ou uma jam com a banda ao vivo. Falaria Lady In Black agora.

WM: Compartilhe uma mensagem específica aos fãs brasileiros do Uriah Heep em antecipação aos shows de dezembro.

MB: Novamente eu gostaria de me desculpar pelo atraso e agradecer aos fãs brasileiros pelo apoio durante todos esses anos. Esperamos todos em nosso show  em dezembro em São Paulo. Vamos preparar uma grande apresentação e tenham certeza que será inesquecível. Até breve!