O festival ainda trouxe Ego Kill Talent e David Byrne

O segundo dia do Lollapalooza 2018 começou quente com Ego Kill Talent, se transformou em uma pista de dança contemporânea com David Byrne no fim da tarde e terminou com uma chuva de hits e carisma do Pearl Jam. Com três artistas incrivelmente diferentes, o festival provou entender que a diversidade dentro do Rock existe e deve ser destacada e honrada.

Ego Kill Talent no Lollapalooza 2018

Com um sol de rachar de 32 graus, os brasileiros do Ego Kill Talent mostraram sua força no palco principal do festival. A banda foi a segunda atração a se apresentar no Budweiser quando o Autódromo do Interlagos ainda se mostrava um pouco vazio. Apesar disso, o grupo conseguiu animar o público que na segunda música já tentou puxar algumas rodas no meio do bate cabeça.

Com um set curto, o Ego Kill Talent conseguiu resumir sua recente carreira com grandes faixas como “Sublimated”, “Heroes, Kings and Gods”, “Last Ride” e “Still Here”. A surpresa veio quando o skatista Bob Burnquist, brasileiro radicado nos Estados Unidos, subiu ao palco e mostrou suas habilidades enquanto a banda tocava.

O show também contou com um coro de Feliz Aniversário a Niper Boaventura que comemorou seu dia ao lado de centenas de pessoas no palco em que mais tarde o Pearl Jam subiu. “Eu gosto muito deles e de fã para fã, compartilho com vocês a honra de estar aqui onde o Pearl Jam irá tocar”, disse o vocalista Jonathan Correa com um sorriso no rosto.

Ao lado de Niper e Jonathan, Jean Dolabella, Theo Van Der Loo e Raphael Miranda completam o ótimo Ego Kill Talent que se apresentou pela segunda vez no Lollapalooza, sendo a primeira em 2016. Quem sabe na próxima a banda toque em um horário menos quente e mais nobre, assim terão uma chance melhor de provar que o Rock brasileiro está forte como sempre.

David Byrne no Lollapalooza 2018

Às 17h15 pontualmente, a energia do Lollapalooza se transformou. Após o show energético do Ego Kill Talent foi a vez do sempre incrível David Byrne se apresentar. O ex-vocalista e fundador do Talking Heads preparou uma experiência completamente diferente do que já se viu no festival.

O grande palco Ônix trazia apenas uma cortina de correntes quando o músico apareceu. Cantando “Here” sozinho, o público que não o conhecia começou a estranhar e se perguntar como ele iria segurar a atenção de milhares de pessoas.

Mas claro que Byrne superou todas as expectativas. Alguns minutos depois, uma grande banda aparece e o acompanha nas letras, nos instrumentos e nas danças. Quando tocou as ótimas “Everybody’s Coming To My House” e “Once In a Lifetime” do Talking Heads, o cantor já havia conquistado todo o público.

Com um clima New Wave misturado com o bom e velho Rock and Roll, o Lollapalooza se tornou uma grande pista de dança contemporânea. Ninguém conseguiu ficar parado e nem desviar a atenção da apresentação teatral que rolava no palco, então restou ao público imitar os passos de dança do gênio Byrne.

Entre uma dança e outra, fomos surpreendidos por um rap improvisado de Mauro Refosco, um percurssionista brasileiro que acompanha o cantor. Enquanto isso, Byrne exibia um grande sorriso no rosto. 

Ele parecia estar se sentindo em casa, principalmente chegando ao final de seu set quando pegou uma guitarra e soltou mais algumas faixas do Talking Heads. Fechando a tarde com “Burning Down The House” e um “obrigado, boa noite” em português, o cantor deixou uma marca em cada um que estava lá. Quem não conhecia o trabalho do carismático músico, se tornou um fã.

Pearl Jam no Lollapalooza 2018

A energia do festival se transformou novamente com a expectativa do show do Pearl Jam. Os milhares de fãs que vestiam a camiseta da banda não conseguiam segurar a ansiedade de ver os caras de Seattle, principalmente quando o relógio marcou 21h e não havia nem sinal do grupo.

Com alguns minutos atrasados, Eddie Vedder e companhia apareceram no palco e como se fosse um pedido de desculpas, soltaram uma sequencia de músicas que surpreendeu e emocionou os fãs assíduos. “Wash”, “Corduroy” e “Do The Evolution” marcaram o início de uma noite incrível.

O carisma do frontman é inegável. Sempre tentando falar em português, o músico fez questão de participar do movimento anti-armas que aconteceu nos Estados Unidos algumas horas antes: “Se for para colocar algo nas mãos das pessoas – algo que faça elas terem a sensação de poder – que não sejam fuzis automáticos e sim guitarras”, ele disse antes de tocar “Can’t Deny Me”, nova música do grupo lançada no início do mês.

Os momentos mais descontraídos também renderam muitas surpresas. Pela primeira vez a banda autorizou que seu show fosse transmitido ao vivo aqui no Brasil pelo canal Multishow. Suas apresentações passadas, 2005 e 2013, foram gravadas e exibidas posteriormente.

A segunda surpresa foi a presença de Perry Farrell, criador do Lollapalooza e vocalista do Jane’s Addiction, para quem Vedder cantou “Parabéns Para Você” adiantado. “O aniversário dele está chegando mas como ele fez essa festa para todos nós, acho que iremos fazer um para ele agora”, disse ao apresentar um cover de “Mountain Song” ao lado de Perry.

“Even Flow”, “Jeremy” e “Sirens” proporcionaram ao público um momento de êxtase maravilhoso. Cantando com todo o ar de seus pulmões, o público carregava o som do Pearl Jam por todo o Autódromo. O momento se intensificou com os hits “Black” e “Alive”.

Como se não fosse possível animar ainda mais os fãs, o grupo apresentou os clássicos covers de “Comfortably Numb” do Pink Floyd e “Baba O’Riley” do The Who finalizando com a lindíssima “Yellow Ledbetter”.

Eddie Vedder parecia não querer sair do palco, com o show quinze minutos mais longo que o previsto, o cantor não poupou elogios ao chamar o Brasil de “capital mundial do Rock and Roll” e agradeceu o público pelo apoio e pelo “impressionante” show.

Perry Farrell, que tal convidar os caras do Pearl Jam ao Lollapalooza 2019?

Para continuar acompanhando nossa cobertura completa do Lollapalooza 2018 nos acompanhe por aqui e pelo nosso Instagram!

Setlist Pearl Jam no Lollapalooza Brasil 2018 (24/03)

1. “Wash“
2. “Corduroy“
3. “Do the Evolution“
4. “Why Go“
5. “Mind Your Manners“
6. “Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town“
7. “Can’t Deny Me“
8. “Even Flow“
9. “Mountain Song“ (Cover do Jane’s Addiction) (participação de Perry Farrell)
10. “Breath“
11. “Pulled Up“ (Cover do Talking Heads em homenagem a David Byrne)
12. “Unthought Known“
13. “Jeremy“
14. “Sirens“
15. “Down“
16. “Better Man“
17. “Hold On“
18. “Black“
19. “Once“
20. “Lukin“
21. “Porch“
BIS:
22. “Smile”
23. “Comfortably Numb“ (Cover do Pink Floyd)
24. “Alive“
25. “Baba O’Riley“ (Cover do The Who)
26. “Yellow Ledbetter“

Fotos por: Camila Cara, Thiago Almeida e MRossi

Categorias: Notícias Resenhas