Depois de 7 anos, o Pierce The Veil voltou ao Brasil e mais forte do que nunca. A banda de post-hardcore fez uma apresentação única em São Paulo e teve o Gloria como ato de abertura. Juntos, os dois grupos protagonizaram, no domingo de Páscoa, uma noite de reverência à música pesada.

A combinação entre as duas bandas não poderia ter sido mais perfeita. Na cena nacional, o Gloria é o equivalente que mais se aproxima do Pierce The Veil em trajetória. Ambas as bandas foram nomes importantes para o surgimento e fortalecimento da cena no início dos anos 2000, cada uma em seu respectivo país – pesadas demais para serem consideradas “emo”, mas ainda assim conquistando parte desse público.

A plateia do Pierce The Veil ficou extasiada em receber o Gloria. Os brasileiros se apresentaram para um público participativo e animado que parecia ser deles. A Audio abriu várias rodas e se encheu de vozes cantando sucessos como “Anemia”, “Bicho do Mato” e “Horizontes”. 

Enquanto banda, os músicos construíram um verdadeiro monumento à sua trajetória no ao vivo. É impossível ver a energia do Gloria no palco e não refletir sobre sua importância no rock nacional. Ouvir as músicas mais antigas é reconhecer sons que moldaram o gosto musical de toda uma geração.

Ao final do show, Mi Vieira se mostrou contente com a recepção do público e agradeceu a todos que chegaram mais cedo para vê-los. “É assim que a cena se mantém viva, com vocês fortalecendo nos shows,” ressaltou. Mais informações sobre futuros shows do Gloria podem ser encontradas nas redes sociais da banda.

Para o Pierce The Veil, o retorno ao Brasil foi marcante de várias formas. O show de São Paulo foi a última data da parte sul-americana da turnê promovendo o álbum The Jaws of Life (2023). O grupo juntou um público duas vezes maior do que da última vez, em 2016, quando se apresentou no Carioca Club. 

Em um primeiro momento, o show de domingo foi marcado para a mesma casa de shows da última visita, mas logo foi transferido para a Audio, que tem capacidade para 3.200 pessoas. O crescimento da banda no Brasil depois de 7 anos sem lançar álbuns e sem visitar o país é impressionante.

O Pierce The Veil entrega um show de quase 1h30 que não deixa a energia cair em nenhum momento. Entre músicas do álbum novo e clássicos favoritos como “Bulls In The Bronx” e “Caraphernelia”, os fãs gritam todas as letras e abrem rodas frequentemente, enquanto no palco a energia dos músicos é tão caótica quanto a deles. 

A dinâmica do trio original é explosiva. Impulsionados pela bateria de Loniel Robinson, Vic Fuentes (vocal), Jaime Preciado (baixo) e Tony Perry (guitarra) passam o show inteiro correndo pelo palco e saltando de um lado para o outro. O guitarrista e o baixista executam manobras com seus instrumentos no ar. Enquanto Tony se mantém mais contido em seu lado do palco, Jaime parece querer ocupar todo o espaço ao mesmo tempo, sendo também o que mais sorri e interage com a plateia.

Os discursos da noite ficaram por conta de Vic Fuentes, que ressaltou várias vezes a felicidade do Pierce The Veil em estar de volta ao Brasil. Ele disse que era sempre um prazer estar em São Paulo e demonstrou a intenção do grupo em fazer “o melhor show de todos”, já que era o último da turnê. Vic protagonizou um momento de emoção para os fãs ao tocar uma versão acústica de “Bulletproof Love” sozinho no palco. Mais para o final da setlist, como é de costume, ele escolheu uma fã para subir ao palco em “Hold On Till May”, que se tornou uma espécie de hino que conecta fãs e banda.

O combo de Gloria e Pierce The Veil aqueceu os corações e celebrou 20 anos da força do hardcore no Brasil. Apesar do gênero ter passado por altos e baixos em termos de popularidade, são em noites como a de domingo em que é gratificante ver a paixão dos fãs e a fidelidade por bandas que os acompanharam em boa parte de suas vidas e que seguem entregando shows tão enérgicos quanto em seus primeiros dias, e cada vez mais catárticos.

Nossa colaboradora Mara Alonso registrou o momento – confira as fotos logo abaixo.