O Within Temptation lançou seu aguardado oitavo álbum de estúdio, Bleed Out. Disponível desde 23 de outubro, o trabalho conta com onze faixas inéditas, além das versões instrumentais de cada uma das músicas. Os lançamentos de Bleed Out foram feitos de maneira diferente, com vários singles lançados anteriormente ao álbum, dando um presságio do que viria com a obra completa.

Em entrevista exclusiva com o Wikimetal, a vocalista Sharon den Adel explicou sobre as gravações e escrita do novo trabalho, que mesmo com a pandemia, não mudaram muito por nunca terem sido “uma banda que se reunia para tocar juntos em uma sala”.

Traduzido ao pé da letra, “Bleed Out” significa “sangrar”, mas o nome do nome do álbum traz um significado mais profundo: “Bleed Out é uma metáfora para o fato de como as coisas estão indo no mundo de diferentes perspectivas, de diferentes assuntos. É como se você não pudesse mais continuar com a vida do jeito que está agora. Então você precisa de mudança.” A vocalista acredita que “não é como se pudéssemos mover montanhas”, mas espera que “possamos, através da música, manter esse assunto um pouco presente em nossos próprios fãs. Esperançosamente.”

Bleed Out aborda diversos temas muito discutidos atualmente, desde a Guerra na Ucrânia até a liberdade religiosa. Sobre assuntos como estes, ela refletiu: “Não acho que isso esteja sendo abordado o suficiente [no mundo da] música, infelizmente. Acho que há muita gente falando sobre saúde mental, o que também é um grande problema na indústria, é claro, e acho que no mundo.”

Falando a respeito das músicas, Adel explicou melhor sobre as inspirações do novo álbum. O Within Temptation sempre foi “inspirado pelo mundo”, mas em álbuns passados, falavam “mais sobre metáforas” e explicou que agora, “falamos mais sobre as coisas reais que acontecem no mundo” e como são “inspirados por isso.”

“Não estávamos preparados para, talvez, sermos tão abertos sobre isso, sobre o que estávamos falando”, admitiu, “porque sempre fomos inspirados pela liberdade e esse tipo de coisas, mas também pela história, como William Wallace e a Segunda Guerra Mundial. Mas também há muitos tópicos sociais, é claro, mas ainda assim, feitos com muitas metáforas.”

A música “Don’t Pray For Me” é a oitava faixa do disco, e aborda a liberdade de escolha das mulheres, “Não acredito que seja uma coisa boa ou ruim fazer um aborto. O que acontece, é que o que eu acredito é na escolha individual de uma pessoa de ter uma escolha e não importa o que a pessoa decida fazer, porque acho que no final isso vai ter muito efeito na vida de alguém e acho que essa é a decisão. A única pessoa que pode tomar essa decisão, é aquela que está nessa posição.”

A cantora refletiu sobre a música, “E claro, vamos ouvir os cientistas que falam: ‘Ok, você não pode fazer depois de tantas semanas’, coisas assim. Mas não vamos fazer isso por pessoas que são movidas pela religião, porque acho que são as pessoas erradas decidindo sobre a vida de outras pessoas. E acho que os cientistas dizem o que é possível e o que não é possível e que nossas leis sejam baseadas nisso.”

A faixa-título também aborda o tema religião em sua letra, “Mahsa Amini foi uma razão indireta para escrever ‘Bleed Out’, por causa da revolução que começou com a morte dela, é claro. E para pessoas que queriam ter mais liberdade dentro de suas religiões.”  Mahsa Amini foi uma jovem presa em setembro pela Polícia da Moralidade iraniana, alegando o uso errado do véu. Dias depois, ela morreu sob custódia da polícia local, desencadeando uma série de protestos no Irã e no mundo. A polícia alegou que a jovem morreu devido a uma doença, porém a família diz que houve espancamento.

“Além disso, se você quer ser religioso, se expressar de uma certa maneira, isso também deveria ser permitido até certo ponto, mas também o contrário. Se você não quer ser empurrado para um determinado modo de vida em seu próprio país, então sim, isso também deveria ser possível.”

Sharon den Adel acredita na democracia e no direito do ser humano, descrevendo-se como uma “humanista”. “E é sobre isso que todas essas músicas foram motivadas: estamos tão em conflito uns com os outros, sobre o que as pessoas deveriam ou não fazer, que às vezes esquecemos de ser humanos.”

Outras músicas como “Go To War” e “Worth Dying For” foram baseadas nos conflitos na Ucrânia: “Como podemos permitir que a Rússia ataque um país soberano que quer ser uma democracia?”

Bleed Out é um trabalho que aborda questões difíceis, e a vocalista explicou que as músicas são “muito emocionantes, porque todas são assuntos que estão tão próximos do nosso coração.” Ela citou algumas, como “Bleed Out”, “Go To War”, “Worth Dying For”, “Unbroken” e “Don’t Pray For Me” como sendo possível “realmente sentir mais a emoção” e que ao vivo, elas se tornam mais potentes. “Ganha ainda mais vida, eu acho, porque você realmente sente o mesmo tipo de, bem, frustração de certa forma, eu acho que frustração e tristeza, de certa forma.”

Bleed Out marcou o retorno esperado do Within Temptation, descrito como “um passo à frente para nós, musicalmente. Desenvolvemos um novo som, e também uma forma diferente de escrever novamente.” 

Concluiu dizendo que “este é mais um passo na nossa evolução de crescimento.”

O Within Temptation está confirmado como atração na segunda edição do Summer Breeze Brasil, que acontecerá em São Paulo nos dias 26, 27 e 28 de abril de 2024. A banda se apresenta no segundo dia, juntamente a grupos como Hammerfall, Lacuna Coil e Angra. A vocalista revelou estar “ansiosa” com o retorno a solo brasileiro e destacou a “paixão” e “entusiasmo” que os fãs daqui tem pelo grupo holandês. Ela relembrou de um show “onde as pessoas estavam do lado de fora do portão já cantando músicas que nós e nós ficamos tipo ‘oh meu Deus’”.

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