Texto por Patrícia C. Figueiredo

Os bardos do Blind Guardian voltaram a Porto Alegre após oito anos sem se apresentar na capital. A longa espera teve fim na última quinta-feira, 23, com um show épico no Bar Opinião que fez jus à carreira da banda, conhecida por seus temas fantasiosos inspirados nos trabalhos de J. R. R. Tolkien. O show altamente enérgico foi marcado por grandes clássicos da banda e grande interação com os fãs

A casa já estava completamente lotada desde cedo, e um jogo de luzes vermelhas e o público gritando “olê, olê, olê, Guardian, Guardian” foi o clima de abertura para recebê-los. A clássica “Imaginations From The Other Side” levou o público à euforia logo de cara, fazendo todos cantarem com todo o fôlego por cada segundo. Já era possível ver que a banda se mantém em perfeita forma, com uma execução técnica exemplar no palco e a voz marcante de Hansi Kürsch segue impecável. 

“Nightfall” embalou os fãs de forma emocionante. A faixa que instantaneamente nos remete a um mundo mágico foi cantada apaixonadamente pelos fãs, quase chegando a abafar a voz de Hansi Kürsch. Além disso, uma boa surpresa no setlist latino-americano foi a inclusão de “Ashes to Ashes”, muitíssimo apreciada pelos fãs. 

Pudemos também finalmente conferir ao vivo as músicas do último disco The God Machine, lançado no ano passado. As faixas “Blood of The Elves”, a empolgante “Violent Shadows”, e “Secrets Of The American Gods”, foram fortemente acompanhadas por muitos. 

Entre as músicas, Hansi fazia questão de conversar um pouco com o público. Ao som dos diversos “olê olês” da noite, ele brincava que o coro não precisava parar: “Preciso admitir, gosto muito disso.” Muito sorridentes, o vocalista e a banda demonstraram em vários momentos da noite se sentir honrados pela recepção calorosa do público e trocaram diversas palavras com os mais próximos do palco, também afirmando sempre o quão sensacional era a plateia. 

Outro ponto alto da noite foi “Skalds and Shadows”, canção acústica que pode parecer um momento de descanso no setlist mas que na verdade não deixa de ser engajante. E para retomar o pique mais agitado, “Time Stands Still (In The Iron Hill)” fez a alegria de todos. Já estávamos na metade do show e a empolgação do público só se intensificava.

Tivemos então uma trinca de clássicos para terminar este bloco. “The Bard’s Song (In The Forest)” é sem dúvida uma das favoritas de todo fã de Blind Guardian. A balada acústica foi cantada exclusivamente pelo público, e podíamos ver no rosto de cada integrante da banda o orgulho pelos fãs. Em seguida, todo mundo embalou as mãos para cima para a introdução lúdica de “Majesty”, faixa que é sempre certeira em animar o público um pouco mais. Para finalizar a trinca, Hansi puxa um coro de “ôôô” para “Traveler in Time”.

A banda então deixa o palco, mas os fãs sabiam que ainda havia muita coisa para rolar e aguardaram até que o baterista Frederik Ehmke apareceu novamente pedindo que todos gritem “hey hey hey”. No encore, a épica “Lord of the Rings” e mais uma surpresa: “Born In A Mourning Hall”. 

À esta altura do show, já muito próximo do fim, os fãs já haviam pedido “Valhalla” algumas vezes, e a hora finalmente havia chegado. Inúmeros fãs mal conseguiam se conter entre pulos e gritos, cantando emocionados o grande hit dos bardos. Ao fim da música, tivemos o tradicional refrão estendido por alguns minutos que fica por conta do público.  Simplesmente fascinante

Sem dar tempo para a banda se despedir, começam os pedidos por “Mirror Mirror”, ao que Hansi responde: “Como eu poderia dizer não? O seu pedido é uma ordem.” Em êxtase, todos comemoram e curtem fervorosamente a faixa que os leva à loucura, encerrando assim, em alto nível, um show espetacular. Comovida, a banda não deixou de prometer voltar em menos de oito anos desta vez.  

Chega a ser impossível dizer se foi a banda ou o público que se destacou mais na noite. A troca de energia entre os dois lados foi intensa e expressamente mútua durante as quase duas horas de apresentação. Com certeza todos que estavam presentes nesta noite, fosse no palco ou na plateia, se sentiram realizados e deslumbrados.

Fantástico, fabuloso e extraordinário são adjetivos que não apenas descrevem o som e o show do Blind Guardian, mas também descrevem o universo fantasioso que a banda explora e, acima de tudo, a experiência de um show que nos faz viajar por estes mundos épicos e mágicos ao som de uma trilha sonora pesada, melódica e inigualável, podendo ser resumida ao verso final de “The Bard’s Song”: “Estas músicas de hobbits, anões, homens e elfos. Vamos, feche os olhos. Você pode vê-los também.”