O primeiro dia da nossa cobertura no festival Aftershock, em Sacramento, na Califórnia, tinha começado quente e foi algo que julguei necessário comentar no relato que saiu aqui. O que eu não fazia ideia era do sol que estava guardado para o segundo dia, na sexta-feira, 07. Um verdadeiro teste de fidelidade para os fãs de metal e rock em geral, metidos em seus indefectíveis uniformes pretos.
A organização do festival disponibilizou uma quantidade enorme de estações de reabastecimento das garrafinhas de água das pessoas e a própria geografia do Discovery Park, onde acontece o festival, ajuda bastante provendo muita sombra de árvores. Mesmo assim, na parte da frente dos palcos, o negócio era fritar mesmo.
Das bandas que vimos, em especial Clutch e Falling in Reverse puderam comprovar bem a fidelidade dos seus suados fãs batendo cabeça debaixo do sol californiano.
Meu destaque pessoal daquele início de tarde vai para a Clutch ,que já tinha conseguido minha atenção quando os vi em Louisville, no Louder Than Life. A banda de hard rock e stoner tem mais de 30 anos e um culto firme de fãs, mas nunca esteve, por assim dizer, “nas paradas de sucesso” (e acho que nem quer), mas é daquelas que é difícil de ficar indiferente, especialmente vendo ao vivo. A voz de Neil Fallon é poderosa e cativante.
Vimos em um dos palcos menores a Nemophila, banda japonesa de metal. Grupo jovem, formado só por meninas, mas com peso de sobra. Os japoneses costumam ser muito bons no contraste entre o pesado, o “assustador” e o meigo – e a Nemophila não é exceção. Bem surpreendente. O palco onde elas tocaram também tem uma particularidade curiosa e que dá um certo charme urbano para o show, pois fica embaixo de um elevado da rodovia, que continuava com tráfego normal por cima das cabeças das pessoas.
No mesmo palco, mais tarde, ainda vimos os finlandeses da Apocalyptica com seu metal sinfônico. Pessoalmente não é muito o que mexe comigo essa coisa de bater cabelo tocando violoncelo. Curti mais quando, pela terceira música, o vocalista americano que participa de algumas das músicas, Franky Perez, entrou pra dar sua contribuição.
No palco principal teve Danzig também. Tínhamos visto Misfits com o Glenn Danzig no Louder Than Life, mas agora deu pra ver o cara um pouco mais de perto e ele impõe muita presença. Do alto dos seus 67 anos, ainda parece que poderia te espancar até você cantar junto com ele, então quem sou eu pra falar algo ruim do show?
Ainda teve Lamb of God, que, se não por outra coisa, já valeu muito pela foto incrível que meu parceiro conseguiu fazer do vocalista Randy Blythe em um dos seus vários saltos com os dreads soltos ao vento. E antes da atração principal ainda vi pela terceira vez nas últimas semanas o pessoal da Gwar promovendo seu banho de sangue, membros decepados e decapitações. Sempre um deleite.
Quem fechou a noite bem demais foi o Kiss, que se encontra na sua turnê End of the Road. Acho que mesmo quem não curte o rock n’ roll mais “espetaculoso”, digamos assim, não consegue evitar de se impressionar com a qualidade e a magnitude do show que eles promovem. A escala em Sacramento me pareceu um pouco menor que no Louder Than Life mas não faltaram clássicos, língua do Gene Simmons, sangue, Paul Stanley de tirolesa, plataformas elevadas, muito vídeo, fogo e “Rock and Roll all Nite” encerrando com chuva de papel picado. Emocionante!
E esse foi o segundo dia de Aftershock 2022. Amanhã tem mais!
Veja a galeria do nosso colaborador Rafael Beck abaixo.
LEIA TAMBÉM: Dia do Rock, nossa segunda aventura no Rock in Rio, foi memorável – resenha e fotos exclusivas