O Dia do Rock do The Town 2025 aconteceu no último domingo, 7 de setembro, na Cidade da Música, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. A data marca o dia da Independência do Brasil, e por coincidência – ou não -, o dia promoveu shows de grandes nomes da cena punk rock, conhecidos por suas mensagens de protesto. Vale ressaltar que, enquanto isso, acontecia uma manifestação bolsonarista na Avenida Paulista.

Palco The One

O dia começou no palco The One, com Supla e a banda pioneira de punk brasileiro Os Inocentes, com um show caloroso que promoveu as primeiras rodas punk do dia. A apresentação foi marcada por protestos a favor da Palestina livre, contra a escala de trabalho 6×1 e gritos do público de “sem anistia”. O show mostrou que o punk nacional segue com o DNA do gênero, como afirmou o Clemente Tadeu, baixista dos Inocentes: “Hoje é 7 de setembro, Dia da Independência, e os verdadeiros patriotas estão aqui”. O palco seguiu com outras atrações nacionais, como os veteranos que marcaram uma era: Pitty e CPM 22, entregando momentos de nostalgia.

A atração principal do palco, sem dúvida, foi Iggy Pop. O ícone do punk finalmente retornou ao Brasil, após uma incansável espera de 10 anos. Pioneiro do punk rock, hoje com 78 anos, Iggy entregou nada menos que o esperado: desempenho infame e polêmica – porém, um pouco mais contida, devido à idade. Para um artista que já entregou, literalmente, sangue, drogas e nudez em shows anteriores, a apresentação de hoje foi mais calma, mas não menos intensa.

Palco Quebrada

Como o próprio nome já diz, é um palco que reforça a cena periférica, e no caso do rock não foi diferente. Black Pantera entregou a já conhecida performance pesada, cheia de atitudes e mensagens pertinentes, com falas abertamente antirracistas, antifascistas. Não faltou o clássico hino “Fogo nos Racistas”, cantado em coro, “Cola”, momento do moshpit exclusivo para mulheres e uma homenagem à Ozzy Osbourne com “Mama, I’m Coming Home”. O setlist também contou com as faixas “Padrão é o caralho”, “Sem anistia” e “Revolução é o caos”.

A parceria entre Punho de Mahin & MC Taya levou representatividade e força feminina ao palco, com falas de protesto e o peso do metal.

Palco Skyline e as críticas com “American Idiot” e “American Jesus”

Antes dos headliners punk, Bruce Dickinson, o único representante da cena heavy metal, se apresentou no palco principal e também deixou sua manifestação política. O show é parte da turnê The Mandrake Project Live 2025, que está percorrendo os Estados Unidos. Porém, o vocalista do Iron Maiden arranjou uma brecha para vir ao Brasil e realizar uma apresentação exclusiva no The Town, comemorando o 40º aniversário da sua primeira apresentação no Brasil com o Iron Maiden no primeiro Rock in Rio.

Bruce Dickinson apresentou basicamente o mesmo setlist que vem fazendo em seus shows, equilibrando o novo álbum com músicas solo clássicas. Antes de apresentar a faixa “Rain on the Graves”, Bruce disse: “E você vê um homem grande e alto com uma roupa preta, rabo e chifres e olhos ardentes vermelhos. E você diz: ‘Quem é esse bosta? É um político brasileiro?’. Não, não é tão ruim assim. É apenas o diabo”. O que pode ser entendido como uma forte crítica.

Escalado de última hora para substituir o Sex Pistols, o Bad Religion entregou um dos melhores shows. Conhecido por sua atitude e mensagem política em suas letras, a banda americana agradeceu o público pela recepção, aproveitando para destacar a Independência do Brasil. Logo no começo do show, antes de tocar a faixa “You Are the Government”, do álbum Suffer, de 1988, o vocalista Gregory Graffin disse: “É Dia da Independência e vocês são o governo!”.

Isso foi um dos pontos altos da apresentação, seguindo pela canção mais famosa, que encerrou o show “American Jesus”, uma crítica social e política, que ironiza a ideia de que os Estados Unidos possuem um Jesus próprio, que endossa as políticas e a superioridade nacional americana, uma forma de nacionalismo religioso que justifica ações e ideologias.

Green Day foi o grande headliner do Palco Skyline. Apesar de não ser considerado um ícone punk – críticos e fãs da cena punk original criticam essa posição -, é uma banda importante para o mainstream do rock na década de 90, com a raiz do punk correndo nas veias, e provaram isso no show. A banda iniciou já chegou com os dois pés na porta com o hit mais comercial “American Idiot”, no qual trocaram a letra para criticar Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

O verso original diz “eu não faço parte de uma agenda caipira”, e no show, e o vocalista BIllie Joe cantou “eu não faço parte de uma agenda MAGA”, em uma crítica ao lema de Trump: “Make America great again“ (“torne a América grandiosa de novo”). Ao final da faixa, Billie Joe também se lembrou da data comemorativo do dia, dizendo: “Feliz Dia da Independência, Brasil”. 

The Town entregou um dia do rock grandioso, além de melhorias no festival que tornaram a experiência do público bem melhor, comparando com a primeira edição, de 2013.

Nossa colaboradora Marcela Lorenzetti também esteve no festival e registrou a noite. Confira nossa galeria de fotos exclusivas logo abaixo.

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Repórter e Fotógrafa em cobertura de shows, resenhas, matérias, hard news e entrevistas. Experiência em shows, grandes festivais e eventos (mais de mil shows pelo mundo). Portfólio com matérias e entrevistas na Metal Hammer Portugal, Metal Hammer Espanha, The Metal Circus (Espanha) Metal Injection (EUA), Wikimetal e outros sites brasileiros de cultura e entretenimento. Também conhecida como A Menina que Colecionava Discos - [email protected]