Texto por: Maíra Watanabe

A exposição The Clash: London Calling no Museu de Londres, na Inglaterra, celebra os 40 anos de lançamento do álbum duplo da banda, que aconteceu no inverno europeu de 1979. A mostra traz uma coleção de mais de 150 itens dos arquivos pessoais dos integrantes e muitas curiosidades desse clássico que se tornou um dos melhores álbuns de rock do mundo.

London Calling se tornou um clássico instantâneo, uma obra-prima que definiu época através de suas letras que expressavam a paixão da banda pela ação e também sua raiva contra política daquela época.

Cada item exposto conta a fascinante história da criação deste álbum que mudou a história da música no mundo e se tornou a banda britânica mais popular do século XX.

Lá você pode ver muitas fotos, instrumentos, bilhetes, letras de músicas escritas a mãos e documentários contando os detalhes das relações da banda com seus fãs, principalmente aqueles jovens que não conseguiam entrar no show por causa do valor do ingresso.

Em um dos depoimentos dizia que, quando Johnny Green entrou na banda em 1977, foi avisado para deixar livre a parte de trás do local show.  Ele conta: “Se eu visse algum menino que não pudesse pagar para entrar, que eu o deixaria entrar, e assim eu fiz, todas as noites dos shows. Aquele espaço era para eles”.

Alguns dos itens mais impressionantes que podem ser vistos, são o baixo Fender quebrado num momento de explosão pelo Paulo Simono no palco do The Palladium, em Nova Iorque em 20 de setembro de 1979, um rascunho escrito pelo Mick Jones, com a sequência de músicas do álbum, um dos cadernos de Joe Strummer datado em 1979, e aberto na página que mostra a letra da música “Ice Age”, que se tornaria posteriormente a música “London Calling”, as baquetas do bateirista Topper Headon e a guitarra Fender Esquire dos anos 50 usada por Joe Strummer durante a gravação da música.

A exposição é bastante intimista, visitantes de diferentes idades passam por lá. Um deles, Alex Wylie, 21 anos, convidou seu pai que era fã da banda para essa visita. Apesar de não ter vivido naquela época, ele teve contato com esse álbum através do seu pai, mas afirma que muitas pessoas da idade dele não a conhecem.

“Hoje em dia, tem muita música ruim sendo produzida, The Clash é o oposto, as letras são profundas e atuais. Agora entendo melhor sua concepção. Até podemos comparar o momento que estamos vivendo hoje aqui no Reino Unido com aquela fase, se olharmos como está o sistema atual vimos que as letras ainda são muito relevantes. É muito interessante. Eles não seguiam as regras do sistema, eles faziam o que queriam e isso fez com que eles se tornassem um grande sucesso”.

Já seu pai, John Wylie, 58, teve a sorte de ir em vários shows, e um em seguida do outro, na mesma cidade. “The Clash era a melhor banda da época, eles eram alternativos, contra a conformidade e se expressavam do jeito que realmente pensavam. Isso fez com que se tornassem muito populares. Além disso, os shows eram incríveis, nunca tocavam o mesmo repertório. Eu os admirava muito, principalmente porque eles eram contra o governo da época, tínhamos a Margaret Thatcher como Primeira Ministra, e eu como era contra também, eu seguia esse ideal”, finaliza.

A exposição é gratuita no Museu de Londres e vai até 19 de abril de 2020 para quem puder passar por lá.

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