Durante a sexta-feira e o final de semana, dos dias 26 a 28, a segunda edição do Summer Breeze Brasil acontece no Memorial da América Latina. 

O primeiro dia do festival trouxe artistas de uma vertente mais semelhante ao hard rock, porém com alguns nomes que fugiam a isso. Alguns dos nomes que estrearam a segunda edição do evento foram Flotsam & Jetsam, Edu Falaschi, Tygers Of Pan Tang e Exodus – confira aqui nossa resenha.

Sebastian Bach

Encaminhando-se para o final do primeiro dia, Sebastian Bach se apresentou no Hot Stage, recebido com muitos aplausos.

A nova faixa, “What Do I Got To Lose”, que estará no vindouro álbum do vocalista, abriu seu show no festival.

Em seguida, veio “Big Guns”, originalmente do Skid Row, é que integra o álbum autointitulado de 1989. Na versão de estúdio, o vocalista entrega uma das melhores performances do registro, mas ao vivo, o mesmo não aconteceu. Nos momentos mais altos, ele jogava para a plateia, — algo que aconteceu mais vezes — mas ainda assim, a música continua sendo fenomenal.

“Sweet Little Sister” veio em seguida, mais um clássico da banda, com uma ótima performance do guitarrista Brent Woods

Seguindo na mesma linha de tocar as músicas do primeiro e — em minha opinião — melhor álbum do Skid Row, Bach embarcou em “Here I Am”. O vocalista aparentava estar muito feliz e confortável em cima do palco, fazendo dancinhas, batendo bastante cabeça e falando com o público — o que levava os fãs à loucura.

Mas nada comparado a o que veio a seguir. “18 and Life” se iniciou com uma mudança de luzes, tornando o ambiente mais intimista. A iluminação auxiliou, já que estava próximo de escurecer. Dessa vez, Bach atingiu as notas “gritadas”.

O público parecia, realmente, estar tendo o momento da vida deles. A cada música que o vocalista e a banda tocavam, era uma nova emoção. A enérgicas veloz  “Piece Of Me”  e antecedeu.

Mais uma de suas novas músicas, “Everybody Bleeds” não empolgou, apesar de ser uma faixa boa, mas que as pessoas ainda não conhecem, uma vez que foi lançada há pouco mais de um mês.

Saindo de Skid Row, “Slave To The Grind” mostrou toda a sua energia ao vivo, e definitivamente foi um ponto alto do show.

Fazendo um trocadilho com o nome da música “American Metalhead” e o fato de ele estar no Brasil, Sebastian Bach e companhia tocaram a faixa do Angel Down (2006) e que, novamente, não angariou muita comoção por parte do público. A grande parte dos fãs do vocalista prefere ouvir as músicas do Skid Row, mas se engana aquele que acha que não há coisas boas em sua carreira solo.

Com esse breve desvio no percurso, eles voltaram para o Slave To The Grind, com “Monkey Business” que traz um riff de guitarra característico fenomenal, mais uma vez, muito bem executado por Wood. Ela ao vivo é sensacional. Os músicos  fizeram uma versão dançante e envolvente que merece destaque.

“The Threat” veio como algo inesperado — mas muito bem vindo. Voltando aos anos 1980, como o mesmo Bach disse, “Rattlesnake Shake”, em comparação às outras, não é tão interessante.

Um breve trecho a capela  de “Wasted Time” emocionou, mas nada perto do que viria a seguir. “I Remember You” era, talvez, o momento mais esperado do show e não falou em entregar o que prometeu. Essa é uma das baladas mais populares do rock e,  definitivamente, comoveu a audiência do Summer Breeze.

Encaminhando-se para o final da noite, por que não “Tom Sawyer”, do Rush?

É um clássico? É. Mas soa um tanto quanto deslocada do restante do setlist. Para encerrar a passagem de Bach pela capital paulista, eles performaram a icônica “Youth Gone Wild”, uma faixa simplesmente fenomenal do álbum de estreia de sua antiga banda, que sim, também é melhor ao vivo. 

Em um geral, o show de Sebastian Bach no Summer Breeze Brasil foi bom, repleto de clássicos e que os fãs amaram. Um verdadeiro fan-service. Mas há trechos em que a voz de Bach não chega nos tons originais e ele acaba passando para a plateia. Em compensação, nos maiores gritos das faixas, ele atinge, como se estivesse “guardando” a voz para estes momentos.

Mr. Big

Após anos depois de sua última vinda ao Brasil, o Mr.Big vem ao país com a sua última turnê, intitulada The Big Finish Tour. Subindo ao palco do Ice Stage, o quarteto estadunidense é conhecido por seu virtuosismo.

O riff icônico de “Addicted To That Rush” do primeiro — e excelente — álbum Mr.Big (1989), abriu o setlist de maneira explosiva. A faixa conta com uma breve “disputa” entre a guitarra de Paul Gilbert e o baixo de Billy Sheehan, que oferece uma pequena amostra do que a dupla de cordas é capaz de fazer.

Uma das músicas mais emocionantes do setlist, “Take Cover” inicia-se com uma explosão de bateria. Esse momento é tocante, uma vez que, como bem lembrou o vocalista Eric Martin, a música é fortemente atrelada ao falecido baterista Pat Torpey. O solo de bateria interpretado por Nick D’ Virgilio fez jus ao original.

A veloz e empolgante “Daddy, Brother, Lover, Little Boy” foi a primeira da noite do clássico Lean Into It (1991). Não há o que falar da faixa. Ela é absolutamente fenomenal e é uma aula de como se fazer música. Àqueles que não estão familiarizados com a banda, talvez estranhem o fato de Gilbert usar uma furadeira para o solo. Mas, sim dá certo.

Seguindo na mesma linha de álbum, “Alive and Kicking” veio em seguida. E então, mais uma introdução icônica, dessa vez, Gilbert o fez. A música tem uma das melhores pontes da discografia do Mr.Big e é um clássico absoluto, sendo presença garantida nos shows da banda.

“CDFF-Lucky This Time” tem um dos maiores agudos da banda, e Eric Martin sente isso. O vocalista é dono de uma voz icônica e reconhecível, mas ele não chegou nos tons originais da faixa e acabou perdendo um pouco do brilho, apesar de ela ser um grande destaque do segundo álbum do grupo. Isso se repetiu em algumas outras músicas.

E então veio  “Never Say Never”, com o  guitarrista mostrando  seu exímio talento e total controle da guitarra.

Para os apaixonados de plantão, “Just Take My Heart” teve uma introdução mais acelerada do que normalmente tem. Falar de Mr.Big e não falar sobre baladas é — literalmente — impossível. A power ballad é linda, mas sofrida. Sofrida mesmo. Ao vivo é ainda mais.

Anunciando a próxima música como uma que Martin, Sheehan e Gilbert compuseram, veio “My Kinda Woman”, uma faixa sensual e que, definitivamente, merecia mais reconhecimento. As linhas de baixo são tão  potentes que parecem soar dentro do cérebro.

Sem a menor sombra de dúvida, o momento mais esperado de um show do Mr.Big é quando a banda toca “To Be With You”. Você pode não reconhecer o grupo pelo nome, mas com certeza, já ouviu a faixa. Sim, é o maior clássico, mas a melhor música de toda a discografia deles? Definitivamente, não. 

“Wild World”, originalmente de Cat Stevens, está no álbum Bump Ahead (1993) e também empolgou o público, em especial no refrão, em trechos que  ficou apenas a bateria e o público cantando a plenos pulmões.

Parece clubismo, mas não é. Ao falar que Paul Gilbert é um dos maiores guitarristas de todo tempo, não é exagero. Ele solou como um verdadeiro mestre da guitarra antes da sensacional “Colorado Bulldog”, com riffs de baixo potentes em uma verdadeira explosão sonora, muito auxiliada pela bateria. E por falar em baixo, Sheehan faz um breve solo. A música é veloz e, verdadeiramente, explosiva.

Vez de Sheehan fazer solo. É comum os solos de baixo não serem muito apreciados, mas quando é ele solando, não há como não apreciar. Billy Sheehan é um baixista completamente fora da curva, excepcional.

Mais um cover, dessa vez, da banda do baixista, Talas, “Shy Boy” que antecedeu a última da noite,  “Baba O’Riley”, originalmente do The Who.

Como dito, o Mr. Big é uma banda famosa por sua técnica, mas com um grande diferencial: eles não fazem shows chatos ou cansativos, que apenas quem é músico aprecia. Muito pelo contrário, suas músicas são melódicas e envolventes, soando maravilhosamente bem ao vivo.

Nossa colaboradora Leca Suzuki registrou os shows com fotos exclusivas que você pode conferir na galeria abaixo.