Texto escrito por Matheus Jacques

Se à essa altura chegassem até mim com Despair Distiller, novo EP da banda Sol de Sangre, afirmando ser o novo trabalho de uma banda clássica e consolidada pertencente à vertente death metal, após ouvir o material eu apenas me calaria e concordaria, provavelmente. O novo material dos caras, apesar de curto e  “apenas” um EP, apresenta o suficiente para uma credencial, uma “carteirada” das boas.

Banda formada por veteranos músicos colombianos espalhados ao redor desse nosso fatídico mundinho, residindo em países como a própria Colômbia, Austrália e Cingapura, a Sol de Sangre é daqueles projetos que soam como um respiro e um alento para os mais puristas e defensores do old school. Dos guturais caprichados e na medida às baterias ora cadenciadas, ora aceleradas conforme a necessidade que demonstra cada faixa, o que temos aqui é uma promessa e tanto. Promessa, visto que conforme declarações o EP é um prenúncio do próximo álbum de estúdio da banda, que lançou o bem-recebido debut Sol de Sangre em 2018, e a curta duração do EP aliada à qualidade apresentada em seu conteúdo larga aquele agridoce teor, agradando por cerca de 15 minutos e, ao mesmo tempo, nos convidando à ingrata espera de mais conteúdo da banda

Entre as três faixas propriamente (visto que “Tumbas del Olvido” é uma intro de pouco mais de 40 segundos), destacaria como a minha favorita “Noise and Bile”, já iniciada com um vociferante e profundo rancor musical, numa excelente cadência de bateria. Variando em influências e semelhanças entre o old school sueco, a linha “sepulturista” e o thrash, a banda apresenta ao longo das faixas dinamismo e quebras o bastante para se tornar cativante e atrativa, “mastigando” e expelindo elementos com frescor e convicção. Se em algum momento houve um aparente excesso ou pretensão descabida, me passou despercebido e eu agradeço por isso, pois quiçá teria afetado minha positiva experiência com o material.

Então, somadas ao já mencionado eficiente trabalho de bateria, temos boas e melódicas linhas de guitarra despontando aqui e lá, como na reta final da derradeira canção título “Dismal Blasphemies”, uma produção merecedora de elogios em sua plenitude e equilíbrio entre o “clássico” e o moderno, e os ótimos vocais de Kike Valderrama. Resultando, assim, em um trabalho que é, ao mesmo tempo, infelizmente curto e felizmente eficiente e bem sucedido em aproveitar o tempo de que dispõe para mostrar a que veio. E fico no aguardo da próxima “desgraceira” desse trio, que venha logo.

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