Guns N’ Roses entregou sua turnê Because What You Want and What You Get Are Two Completely Different Things em São Paulo na noite do último sábado, 25, no Allianz Parque. A banda segue com shows por Curitiba (28), Cuiabá (31) e Brasília (02 de novembro). 

A noite começou com a abertura do Raimundos. Apesar das polêmicas e das diversas críticas, a banda nacional foi escolhida para abrir todos os shows do Guns N’ Roses no Brasil – uma escolha um tanto quanto estranha, devido a divergência de ideias políticas entre Digão, que já declarou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e adota um discurso pró-Israel, e Axl Rose, que protagonizou um momento de ativismo político ao erguer uma bandeira da Palestina no palco, no show em Bogotá.

Em um show rápido com 11 canções, a banda liderada por Digão agitou o público que chegou cedo. Com os hits que todo mundo conhece, Raimundos mantém um humor ácido e sarcástico – que, se lançados nos dias de hoje, seriam facilmente cancelados.Na verdade, só tocaram as músicas famosas, sendo o que os mantém na ativa. Mas é inegável o show energético e o poder de agitar a plateia. Quem não conhece a banda, mas viu o estádio todo cantando “Me lambe”, “Mulher de fases” ou “Eu quero ver o oco”, chega a ser difícil acreditar que são rodeados de críticas, principalmente Digão, que já expulsou fã do show após gritos de “sem anistia” e gerou revolta ao ironizar a morte de Juliana Marins, jovem brasileira que morreu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. 

Guns N’ Roses: Pontual e energético

Finalmente, a banda principal subiu no palco pontualmente, apagando a fama do vocalista Axl Rose de sempre atrasar sua entrada nas apresentações. São 3 horas de show – imagine se atrasar, o caos para voltar para casa. Com membros da formação clássica liderada por Axl Rose, Slash e Duff McKagan, o grupo percorre a América Latina, apresentando um repertório extenso que combinou clássicos dos anos 80 e 90 com faixas mais recentes.

O que não se pode negar é que o Guns N’ Roses entrega tudo o que um fã quer – isso explica os shows de ingressos esgotados. Um show com visual simples, sem efeitos especiais, que foca apenas na música, algo bem rock’n’roll das antigas mesmo. A banda provou domínio absoluto de palco e interação com os fãs, logo na primeira música, a famosa “Welcome to the Jungle”, que colocou o estádio abaixo. Mas também teve faixas menos requisitadas como “Chinese Democracy”, faixa-título do último álbum de 2008, onde a recepção é mais morna.

À primeira vista, mais de 3 horas de shows soa como algo cansativo. Mas para quem estava presente (e até que não seja muito fã), o tempo passou rápido, graças ao desempenho da banda, que geralmente é muito criticada. Devemos ser justos, os senhores Axl Rose, Slash e Duff McKagan sabem entregar um show de rock direto com experiência fiel ao que se espera.

Repertório consistente e cheio de emoções

O setlist mudou quase totalmente desde o último show, em Florianópolis. Foi uma mistura que agradou muito os fãs, mas claro, decepcionou quem estava esperando ouvir hit atrás de hit. O momento mais emocionante, sem dúvida, foi a homenagem a Ozzy Osbourne. Com o cover do Black Sabbath que a banda vem tocando, “Sabbath Bloody Sabbath”, Axl dedicou a Ozzy e agradeceu: “Thank You Ozzy”. E, para nossa surpresa, emendou com outro cover do Sabbath: “Never Say Die” – ambas tocadas no show de despedida do Black Sabbath.

É inegável o peso da nostalgia que marca quatro décadas de estrada. Principalmente quando ouvimos o estádio inteiro cantar desde as mais lentas “Live and Let Die”, “Knockin’ on Heaven’s Door” e “November Rain” em um coro coletivo que durou em quase todas as faixas. Como também o rock clássico “Sweet Child o’ Mine”, que foi o ápice sentimental da noite e a música cantada por praticamente todo o estádio. E, “Paradise City” – faixa que encerrou o show.

O desempenho vocal de Axl é o foco da mídia há anos, e nada muda. Axl já teve dias piores e se esforçou muito nessa noite, apesar de não alcançar mais alguns tons – o que é normal. Mas, ao lado da sua banda, oferece um show de rock longo e cheio de energia com um repertório consistente. Apesar das críticas e “chiliques”, os shows do Guns N’ Roses reafirmaram a força da banda como um dos nomes mais duradouros do rock. 

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Repórter e Fotógrafa em cobertura de shows, resenhas, matérias, hard news e entrevistas. Experiência em shows, grandes festivais e eventos (mais de mil shows pelo mundo). Portfólio com matérias e entrevistas na Metal Hammer Portugal, Metal Hammer Espanha, The Metal Circus (Espanha) Metal Injection (EUA), Wikimetal e outros sites brasileiros de cultura e entretenimento. Também conhecida como A Menina que Colecionava Discos - [email protected]