O governo da Rússia condenou cinco integrantes do grupo feminista Pussy Riot a penas de 8 a 13 anos de prisão por acusações relacionadas a protestos à guerra contra Ucrânia realizados entre 2022 e 2024. As sentenças foram anunciadas na última segunda-feira, 15, pelo site de notícias Mediazona.

O Tribunal Distrital de Basmanny, em Moscou, condenou as integrantes Maria Alyokhina, Diana Burkot, Taso Pletner, Olga Borisova e Alina Petrova, por de espalhar “informações falsas” sobre as forças armadas russas por meio do videoclipe “Mama, Don’t Watch TV”, de 2022.

Além disso, também foram acusadas de realizar gestos atos obscenos durante um show na Alemanha, em 2024, no qual uma integrante teria urinado em um retrato de Vladimir Putin.

Em uma declaração por meio das redes sociais, as Pussy Riot rejeitaram as acusações, com Diana Burkot, compositora da canção dizendo: “Defendo cada palavra, e minha posição anti-guerra é clara. Mesmo se eu estivesse na Rússia, diria a mesma coisa: vá se foder”.

Leia a declaração na íntegra abaixo:

Declaração das Pussy Riot

“Hoje, um tribunal russo me condenou a 8 anos em uma colônia penal, sob a chamada ‘lei sobre falsificações sobre o exército’, pelo videoclipe ‘Mama, Don’t Watch TV’. Parece brincadeira. Este vídeo é a nossa declaração antiguerra. Sou a autora da música, interpreto os “slogans-cantos”, atuo no vídeo e também dirigi a edição. Portanto, mantenho cada palavra, e minha posição antiguerra é clara.

O paradoxo é que estupradores e assassinos na Rússia pegam de 3 a 4 anos de prisão, às vezes passando menos de um ano antes de assinar um contrato militar, matando ucranianos e depois retornam livremente à sociedade, com TEPT, e podem acabar de volta à prisão por mais um assassinato. Este ciclo de violência é a nova norma na Rússia?

Enquanto isso, ativistas recebem sentenças monstruosas por suas opiniões. 8 anos por liberdade de expressão. Liberdade de expressão ou liberdade religiosa — como se tais conceitos não existissem mais na Rússia. Talvez eu seja ateu. Na minha opinião, isso é melhor do que acreditar no Patriarca Kirill. Mais um tirano no topo da Igreja Ortodoxa Russa, que agora abençoa armas e soldados para a guerra na Ucrânia.

A guerra em larga escala contra a Ucrânia já dura mais de três anos. E eu continuo acreditando: a Ucrânia precisa vencer e Putin precisa ser julgado em Haia. O governo russo é um exemplo clássico de patriarcado — o pior tipo de abusador: um tirano, um narcisista, um manipulador tóxico que vive da destruição da vontade dos outros.

Desejo sincera e apaixonadamente que todas as pessoas neste mundo usem a sua voz. Ativistas não são algum tipo de ‘heróis’ com processos criminais. Cada pessoa importa. O coletivo importa. O ativismo agora é necessário como uma prática diária, porque somente juntos podemos resistir e superar a crise da democracia.

Felizmente, eles não têm acesso ao meu corpo físico. E mesmo se eu estivesse na Rússia, diria a mesma coisa: vá se foder”.

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Repórter e Fotógrafa em cobertura de shows, resenhas, matérias, hard news e entrevistas. Experiência em shows, grandes festivais e eventos (mais de mil shows pelo mundo). Portfólio com matérias e entrevistas na Metal Hammer Portugal, Metal Hammer Espanha, The Metal Circus (Espanha) Metal Injection (EUA), Wikimetal e outros sites brasileiros de cultura e entretenimento. Também conhecida como A Menina que Colecionava Discos - [email protected]