Texto por: Carlos Ferracin

Poucos shows causaram tanta comoção em toda uma geração como aquele do KISS no ano de 1999. Na dúvida, pergunte a qualquer “rockeiro” com mais de cinquenta anos qual foi a banda que iniciou sua jornada nesse universo e a resposta será, na maioria dos casos, KISS em sua passagem pelo Brasil em 1983.

Após essas apresentações, os integrantes optaram por “tirar” as clássicas maquiagens e vários músicos passaram em suas fileiras, mas sempre ficou entre os fãs o desejo da volta com a formação original e, claro, maquiados. O sonho começou a tomar forma no MTV Unplugged de 1995 onde – pela primeira vez desde dezembro de 1979 – Ace Frehley, Gene Simmons, Paul Stanley e Peter Criss tocaram juntos. Com a recepção positiva, anunciaram no ano seguinte o retorno com a formação original para shows e o lançamento de um novo álbum. Psycho Circus saiu em setembro de 1998, com a turnê chegando no Brasil para dois shows: 15 de abril em Porto Alegre e dois dias depois no Autódromo de Interlagos. em São Paulo.

Curiosamente, a banda escalada para abertura dos shows era estreante em terras brasileiras, o Rammstein. Se atualmente contam com enorme popularidade, na época a situação era bem diferente. Quem conseguiu assisti-los elogiou bastante a apresentação dos alemães.

Mas é claro que todos estavam lá pelo KISS e o início com “Psycho Circus” já mostrava toda teatralidade e pirotecnia que sempre foram suas marcas registradas – ver Paul Stanley cantar “Welcome To The Show” ao vivo era algo sonhado por muitos. Essa turnê foi a primeira a contar com imagens e efeitos 3D. Na entrada, o público recebia um óculos – devidamente guardado até hoje – que era usado em algumas canções, algo que causou um sonoro ‘ohhhhhhh’ na primeira vez que o efeito foi usado em “Do You Love Me”.

Com um setlist apenas focado em canções onde os quatro atuaram, a chuva de clássicos foi intensa com espaço para todos brilharem individualmente. Paul Stanley se comportava como um mestre de cerimônias se movimentando por todos os cantos do palco; Gene Simmons encarnava seu personagem, “cuspindo sangue” e “voando” até o teto do palco para interpretar a icônica “God Of Thunder”; Peter Criss levitava com sua bateria no – econômico – solo.

Ace Frehley era o “spaceman” perfeito, atuando como um técnico musical da banda que parece sempre seguir suas orientações. Seus solos em “Shout It Out Loud”, “Parasite”, “Deuce” e “Firehouse” fazem parte da história. “Into The Void” e “Shock Me” são onde ele brilha com sua voz rouca e, claro, o sempre aguardado solo onde sua guitarra solta faíscas em direção ao espaço.  

Quando Paul Stanley anunciou “Rock And Roll All Nite” sabíamos que a festa estava chegando ao seu final, mas ainda tinha o encore com a emocionante “Beth”, o público “cantando” o solo junto com Ace Frehley em “Detroit Rock City” e o gran finale “Black Diamond”.

Essa turnê acabou por marcar a única passagem da formação original do KISS no Brasil. Ace Frehley retornou apenas mais uma vez em 2017 com sua banda solo e o KISS apareceu aqui várias outras vezes.

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