Não podemos exigir que bandas que amamos durem para sempre”

Por Lucas Gabriel

Em fevereiro de 2017 o Black Sabbath fez o que antes foi dito ser a ultima apresentação da sua história. O local: Birmingham, cidade industrial onde surgiu o grupo em meados dos anos sessenta, ainda com o nome Earth.

Dizer da importância da banda na história da musica, não apenas do Rock ou Heavy Metal, é redundante. Qualquer pessoa com mínimo conhecimento sabe que pode não ter sido algo compreendido de imediato, mas eles realmente mudaram o panorama da época e criaram algo para ser lembrado. Desde o macabro riff da faixa Black Sabbath, primeira faixa do debut homônimo.

Todo um conceito de um novo som pesado que iria se aperfeiçoando pelas décadas seguintes foi inserido na musica. Houve todas as mudanças de formação, da popularidade, e das vendas que mudavam. Mas a banda se manteve por praticamente cinco décadas.

Em 2015 eles anunciaram o que seria sua ultima turnê, noticia que deixou muita gente triste, órfão daqueles que são considerados os pais do Heavy Metal.

Recentemente em uma entrevista o mestre Tony Iommi desmentiu isso, dizendo que não era exatamente o fim da banda e que eles continuariam. Agora nos resta pensar: e se fosse realmente o fim do Black Sabbath? Ou melhor: quando for realmente o fim da banda qual será nossa reação?

Não podemos exigir que pessoas que estão na beira dos setenta anos continuem trabalhando como garotos de vinte anos. Não podemos exigir que bandas que amamos durem para sempre; São seres humanos, que um dia se esgotam e não aguentam mais trabalhar.

Nunca haverá outro Black Sabbath. Mas haverá sim bandas ótimas que manterão a chama do rock acesa”

A indústria musical em parte ainda é feita por pessoas de carne e osso, pessoas que envelhecem. Não por robôs imortais que estão dispostos a ficar séculos tocando sem parar. Uma das grandes verdades da vida é que tudo acaba um dia. Por mais difícil que seja aceitar isso, é necessário ter a consciência que nossos ídolos não podem continuar trabalhando apenas para satisfazer certo grupo que pensa não no artista, mas na sua satisfação pessoal.

Sim, assim como você, eu também gostaria que minhas bandas favoritas fossem eternas e que pudessem fazer discos e shows para sempre. Mas sei que isso não pode acontecer. Ter a consciência de que o fim um dia chegará, pode fazer você aproveitar melhor cada momento que passar.

Eu estava na ultima apresentação da banda pelo Brasil. Mais especificamente no show em São Paulo no Morumbi lotado. Um concerto correto, sem nenhuma grande novidade ou surpresa. Apenas o que todos estavam esperando ver. Tudo estava lá: Desde os vocais característicos de Ozzy Osbourne e seu carisma habitual, os riffs certeiros e imortais de Tony Iommi, acompanhado de toda a classe do baixo de Geezer Butler. E Tommy Clufetos que pode não ser Bill Ward, mas desceu a mão com vontade na bateria, provando que foi uma ótima escolha para assumir o posto. (Além é claro, do escondido Adam Wakeman nos teclados)

Nunca haverá outro Black Sabbath. Mas haverá sim bandas ótimas que manterão a chama do rock acesa. Bandas que estão surgindo todos os dias, esperando uma chance de serem reconhecidas, terem seu lugar ao sol, e quebrar o preconceito das pessoas por sons novos. Um preconceito que não deixa fluir todo um movimento cultural, cometido em grande partes por uma maioria saudosista e de cabeça fechada.

Apenas abra sua mente e coração e deixe a coisa rolar. Assim como a cada minuto uma pessoa morre no mundo, uma pessoa nasce. Deixe que os tempos passem e mudem. Se lembre do passado com carinho, viva o presente com intensidade e olhe para o futuro.
Black Sabbath, se o final um dia chegar, obrigado por tudo, vocês serão eternos na história e nos nossos corações.

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