Fui surpreendido com um projeto muito legal chamado ‘Wikimetal’, que fez crescer a saudade de tocar metal.”

Por João Marcio

 

Minha história com o metal começou em 1976, em Brasilia-DF, quando o Heavy Metal ainda nem existia, e o nome utilizado para definir o som que a gente gostava era “Rock Pesado”. Com apenas cinco anos de idade fui apresentado ao Sweet, através de um disco compacto que continha a música “Ballroom Blitz”, presente de aniversário de 10 anos de um dos meus irmãos. Rapidamente eu, meus irmãos e meus primos descobrimos que havia uma outra música mais pesada naquele disquinho: “Action”. Foi quando tudo começou! Fazíamos mímicas com raquete de tênis, e como éramos mais de quatro pessoas, a banda imaginária sempre tinha dois bateristas e três guitarristas!

Depois disso, me lembro do meu irmão mais velho, o JP do “Attomica”, falar que iria passar uma tal de “Kiss” no “Rock Concert”, um programa de clipes musicais que passava na Rede Globo naquela época! Ele falou que era uma banda de Rock de uns caras loucos que pintavam a cara… não deu outra, os seis plantados em frente a TV esperando passar o clipe. Foi fixação a primeira vista! Meu primo ganhou o “Alive!”, meu irmão o “Dressed to Kill'”, e em pouco tempo completamos a coleção, que ia até o “Love Gun”. Tivemos a honra de acompanhar o lançamento do Alive II aqui no Brasil, e logo depois, já estávamos fãs de outras bandas também: “Deep Purple”, “AC/DC” e “Van Halen”.

Quando me mudei para São José dos Campos-SP, meus irmão e primos mais velhos tinham ido ao cinema assistir um filme de animação chamado “Heavy Metal”. a partir daí, as paredes do meu quarto já estavam tomadas por pôsteres da Som3, páginas de revistas importadas, e o logo “Heavy Metal” do filme. Nas primeiras férias, meus primos vieram com novidades. Trouxeram o “The Number of the Beast” e o “Killers”. Definitivamente o “Iron Maiden” criou um novo patamar para as bandas da época, que foi rapidamente ocupado também por “Black Sabbath” com “Dio” e “Ozzy Osbourne”. O cenário estava completo, e novas bandas foram surgindo, fazendo com que a minha paixão pelo metal aumentasse cada vez mais. Eram capas cada vez mais legais, bandas cada vez mais rápidas e pesadas, e a temática cada vez mais diabólica.

Meu primeiro show, foi na verdade um dos maiores festivais de música de todos os tempos, o Rock in Rio! Meus irmãos já tinham ido ao Van Halen e Kiss em 1983, mas finalmente, com treze anos de idade, consegui a permissão dos meus pais e pude ver numa só vez, em quatro dias memoráveis: “Whitesnake”, “Iron Maiden”, “Scorpions”, “AC/DC” e “Ozzy Osbourne”. Um sonho realizado e a certeza de que nascera a hera do metal no Brasil.

Neste mesmo ano, 1985, montei minha própria banda, o “Megaton”, após anos de tietagem com as bandas do meu irmão mais velho: “Ether” e “Atroz”. Meu irmão formou o “Attomica” e juntos fizemos a cena metal do vale do paraíba. O “Attomica”, se destacou mais cedo e lançou o primeiro disco em 1988. O “Megaton” participou da coletânea “Metal Brigade” neste mesmo ano. A partir de então a história desenrolou, com vários shows, festas, e muita zoação junto com todas as bandas do cenário do Heavy Metal brasileiro.

Em 1990, entrei no “Attomica” e o “Megaton” acabou. Gravei o terceiro disco da banda, “Disturbing The Noise”, e tive a honra de participar de uma fase incrível desta banda, fazendo muitos shows, gravando video-clip, saindo na mídia e abrindo os shows da turnê do “Kreator” em 1992.

Em 1993 a banda deu um tempo e eu, mesmo dedicado ao trabalho de engenheiro, casamento e filhos, montei uma banda cover do AC/DC e fiz um projeto de Hard Rock chamado “Action” juntamente com o Guilherme Martin, amigo de longa data, companheiro do “Megaton” e atual baterista do “Viper”.

Em 2003, voltei com o “Attomica”, gravamos um CD ao vivo lançado pela Hellion, fizemos músicas novas, shows, durando até o início de 2006, quando fui transferido para São Caetano do Sul-SP. Desde então, dedicado à família, sempre tocando em casa, fui surpreendido com um projeto muito legal chamado “Wikimetal”, que fez crescer a saudade de tocar metal, que só deu para matá-la quando formamos a banda “Bazooka”, que foi adotada pelo Wikimetal que faz um grande tributo ao Heavy Metal e promete levar o metal de volta a vida de muitos headbangers deste país!

Grande abraço aos Wikimates!

Categorias: Opinião

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