Texto por Thiago Vidal

Após um grande show no Rio de Janeiro no dia 10 de dezembro, com abertura do Dead Fish e casa cheia, os britânicos do You Me At Six aterrissaram em São Paulo e nos contaram como está a passagem por terras brasileiras.

A respeito do show da banda no RJ, o vocalista da banda, Josh Franceschi, se mostrou impressionado com a recepção do público. “O que dizem é verdade, o público brasileiro é absolutamente incrível” publicou em seu perfil pessoal no X (antigo Twitter). A banda está mesmo empenhada em suprir as expectativas após tantos anos de “Come to Brazil”. 

E foi nessa atmosfera que nos encontramos com a banda na quarta, 13, momentos antes da apresentação no Cine Joia em São Paulo. Conversamos com Josh sobre referências e recepção do último trabalho de estúdio do YMAS, Truth Decay, o que eles estão achando da gig até agora e se a setlist ainda guarda alguma surpresa.

O You Me At Six ainda se apresenta em mais duas oportunidades aqui em São Paulo, na turnê Cedo ou Tarde, que marca o retorno aos palcos da banda paulista NX Zero. Na mesma noite o público também conta com apresentações de Day Limns, Glória e Supercombo.

Confira a entrevista na íntegra:

Wikimetal: Como está a passagem até agora? Vocês estão gostando? Deu tempo de turistar, fazer um rolê?

Josh Franceschi: A viagem foi fantástica até agora. No Rio tivemos pouco tempo, então fomos ao Cristo Redentor, conhecemos alguns lugares da cidade, fomos às praias…

Em São Paulo está sendo mais ou menos a mesma coisa, saímos para passear na cidade e amanhã temos viagem pra praia marcada, vamos parar na casa de um amigo e passar o dia com ele em alto-mar, isso vai ser bacana. E, claro, temos esses shows incríveis na sexta e sábado à noite.

WM: Amamos o novo álbum! Qual a track favorita de vocês? Ou não tem muito favoritismo entre os sons?

JF: Pra mim, é como se fosse aquela relação em que pais não amam mais um filho ou outro, as músicas geralmente nos surpreendem quando entram em contato com os fãs e a forma como eles reagem, às vezes penso durante a produção “vocês vão amar essa música” e após o lançamento vem o “nós não curtimos muito essa mas aquela outra nós amamos!”. Nosso pensamento é de que temos de dar nosso melhor e todos os cinco precisam curtir o trabalho final. A partir daí não nos pertence mais, a música é dos fãs e das pessoas que apreciam o nosso trabalho, afinal, os fãs na verdade são o coração de qualquer banda.

WM: Ouvindo o último trabalho percebi que em Truth Decay a banda adotou um som mais atmosférico e por vezes mais pesado. Essa progressão vem desde makefeelalive, de onde vieram as influências nessa etapa mais madura da banda? O que vocês estavam ouvindo durante a produção do disco?

JF: Pra ser honesto, a conversa que tivemos antes de fazer o disco foi de que gostaríamos de fazer um álbum old school do YMAS, mas que soasse bem em 2023. Ouvimos muito das bandas que crescemos escutando, então chegamos a conclusão de que seria bacana relembrar os anos de adolescência mas com a experiência do YMAS de agora e tudo o que aprendemos nesses anos em termos de produção. 

Ouvimos muito Taking Back Sunday, Blink 182, Fall Out Boy. Essas bandas que curtimos desde muito jovens… eu queria tanto ser como eles, eu queria ser do Paramore ou My Chemical Romance. Influência é uma coisa complicada e em algum momento nós cruzamos aquela linha como banda, em que você deixa de ser apenas um fã e passa a tocar com esses artistas. Chegamos ao pensamento de que não dava pra continuar fazendo karaokê do FOB, vamos achar nosso próprio som se não os caras vão começar a pensar que somos uma fraude. [risos]

No fim acho que foi interessante olhar para trás e imaginar o que poderíamos criar com aquele mesmo espírito, o mesmo DNA, porque a banda está no seu oitavo álbum, como podemos fazer para que soe contemporâneo e não tão nostálgico ou inexperiente. Nós nos divertimos muito fazendo esse álbum, fomos para Santorini, uma pequena ilha grega, trabalhamos muito durante algumas semanas e foi basicamente isso, foi muito legal.

WM: No Rio vocês tocaram “Liquid Confidence” a pedido dos fãs, teremos surpresas na setlist dos próximos shows?

JF: Pra ser sincero eu ainda não sei, eu vi algumas coisas online em que os fãs estavam organizando um jogo que consiste na banda escolher de um a três e tocar a música que sair no número escolhido. Sei que isso vai rolar em algum momento, então eu estou preocupado porque não tenho certeza se vamos conseguir tocar. Nós não somos uma banda que é muito bem ensaiada [risos], então espero que quando o momento chegue seja algo do tipo “ok, provavelmente conseguimos tocar essa” vamos ver… e também retiramos alguns sons, adicionamos outros mais antigos e estamos ansiosos para que todo mundo tenha uma noite massa.

WM: No fim de semana vocês se apresentam com o NX Zero no Allianz Parque. Como vocês reagiram à notícia? Tiveram um tempo pra conferir o som deles? Gostaram? Como está essa nova fase de tocar em arenas para públicos maiores?

JF: Ouvimos NX e assim, eles são um dos maiores e mais respeitados da cena brasileira, além de apreciarmos o som dos caras, estamos muito empolgados para dividir o palco com eles.

Encaramos todos os shows da mesma maneira, o tamanho do local pode mudar, a cidade, ou o país, não importa. É mais sobre independente de estarmos cansados, mesmo nos dias em que acordo e penso “hoje não estou muito afim”, mesmo em dias ruins, assim que pisamos no palco tudo muda, a próxima uma hora e meia é tudo o que existe, é tudo o que importa no mundo e tenho que ter certeza de que as pessoas que gastaram seu dinheiro suado para nos ver saiam de lá se sentindo melhor após o show, por que nos viram tocar ao vivo. 

Pra mim não importa se tocamos em festivais menores, festivais gigantes, bares ou arenas, nosso trabalho continua o mesmo, nós tocamos e nosso foco está em criar um espaço em que as pessoas possam contar para um amigo, parceiro ou familiar que se sente melhor por ter visto o nosso show, então é isso o que realmente importa e como eu realmente me sinto ao subir no palco.