Com shows marcados em solo brasileiro para os dias 11 de outubro (Brasília/DF) e 12 de outubro (São Paulo), a banda alemã Xandria se prepara para reencontrar seus fãs em sua aguardada turnê. Em entrevista ao Wikimetal, a vocalista Ambre Vourvahis fala sobre o que esperar dos shows, como está o setlist e o que deseja vivenciar no Brasil. Além disso, Ambre também reflete sobre sua entrada no Xandria e compartilha suas impressões sobre o álbum The Wonders Still Awaiting. Confira:
Wikimetal: Antes de mais nada, obrigado por tirar um tempo para esta entrevista. E bom, antes de começar com as perguntas e tudo mais… como você está e de onde está falando?
Ambre Vourvahis: Estou bem, obrigada. E estou falando da Alemanha, onde moro.
Ambre Vourvahis e o renascimento do Xandria
WM: Bom, Xandria vem ao Brasil no próximo mês. Mas antes de entrar nesse assunto, quero falar com você sobre o álbum do Xandria, The Wonders Still Awaiting. Esse álbum marca o início da nova formação da banda. É também o seu primeiro álbum com eles. Para você, o que esse álbum representa na história da banda?
AV: É, de certa forma, um novo capítulo, porque acho que é bem diferente do que foi feito antes. Não tão diferente, mas é mais diverso. Nós exploramos mais áreas diferentes, gêneros e estilos. A voz também é diferente, mais versátil. Então sim, é um novo capítulo, e um capítulo de liberdade também. Agora podemos realmente incluir todas aquelas pequenas coisas que queríamos colocar na música, aqueles pequenos estilos… agora podemos fazer tudo o que quisermos.
WM: Então eu imagino que o processo de gravação desse álbum deve ter sido bem divertido, certo? Como foi para você essa experiência de gravação? Teve algum momento marcante no estúdio?
AV: Sim, foi muito divertido. Eu realmente adorei essa parte, porque acho que é ali que, sabe, como compositora você coloca sua arte, seu conhecimento e sua criatividade ao escrever uma música. Mas como cantora… ok, quando você está no palco, é claro que aquilo é o “verdadeiro momento”. Mas no estúdio, você pode realmente tirar seu tempo para explorar cada pedacinho de você, cada nuance da voz. Você tem tempo para experimentar e ir deixando tudo um pouquinho melhor a cada vez. Então sim, é um processo muito divertido. Não sei se houve momentos memoráveis, é exaustivo, você passa o dia todo trabalhando sem parar. Mas, na verdade, eu gosto disso. Gosto de me desafiar, ver até onde consigo chegar. Então foi um processo muito confortável, muito divertido, e eu sempre adoro. Mal posso esperar pelo próximo.
WM: E como você se sentiu com a reação dos fãs a esse “renascimento” da banda através desse álbum?
AV: Foi muito emocionante, no bom sentido, porque eu não esperava que o álbum fosse ser tão bem recebido por causa da voz, e não só pelas músicas. Você sabe, quando há uma mudança assim, nunca dá para prever o que vai acontecer. Mas, na verdade, foi quase tudo positivo, ou pelo menos muito mais positivo do que eu esperava.
WM: Tem alguma faixa desse álbum que você sente que é “a sua música”, aquela que melhor reflete quem você é hoje no Xandria?
AV: Ah, já nem sei tanto assim, porque o engraçado é que você meio que vai evoluindo. E acho que agora nós realmente encontramos o nosso som, e também aquilo que eu realmente gosto, o ponto ideal dentro do gênero. E esse álbum já tinha isso, mas não completamente. Então sim, a gente está sempre evoluindo, mas eu ainda adoro esse trabalho. Acho que a maioria das músicas realmente é o que queríamos fazer e o que amamos. Eu adoro “Two Worlds”, acho que ela representa o álbum muito bem e é como um ótimo resumo de quem somos. E também gosto um pouco mais das partes mais pesadas, com os gritos, porque acho muito legal ter esses pequenos toques espalhados aqui e ali.
Ambre Vourvahis fala sobre a energia do público brasileiro
WM: O Xandria vem ao Brasil em outubro, no próximo mês. E o público brasileiro é conhecido por sua energia intensa nos shows. O que você já ouviu falar sobre essa recepção? O que você espera dessa turnê? Afinal, é a sua primeira vez vindo ao Brasil com o Xandria.
AV: Sim, eu ouço isso há muitos, muitos anos, que é praticamente o melhor público que existe, pelo que me contam. E eu acredito, dá para ver. Dá para perceber também quando muitas bandas vão para aí gravar DVDs ao vivo, porque elas sabem! (risos) Não vão para a Holanda. Eu amo a Holanda e amo o nosso público lá, mas é um público bem mais calmo, que ouve tudo com atenção, como se fosse um show de jazz, sabe? Então estou realmente ansiosa para isso.
Honestamente, acho que vou me conectar muito com essa energia, porque eu amo essa paixão. E no palco, você meio que precisa disso. Claro, você faz o show dando o seu melhor, mas quando o público te devolve essa energia, você sente de verdade e isso te leva para um nível acima, sabe? Para mim, é a melhor troca possível: eu posso dar mais se vocês me derem mais. E eu amo isso. Mal posso esperar.
WM: Tem alguma música do setlist atual que você está mais animada para tocar ao vivo para os fãs brasileiros?
AV: Então, nós fizemos uma enquete nas redes sociais perguntando quais músicas o público queria ouvir. E realmente contamos os votos, e colocamos no setlist as cinco mais pedidas. Tem uma música que eu nunca toquei antes, nunca imaginei que tocaria. E ela foi a número um do ranking! Estou curiosa para ver como vai ser. Estou bem ansiosa, porque nunca fiz isso antes. As outras músicas eu já cantei, sei lá, umas 500 vezes talvez. Mas é legal ter algo novo, dá uma emoção diferente ao show.
WM: E além do palco, além do show business e de toda essa rotina, o que você gostaria de experimentar ou descobrir no Brasil? Tipo, fora dos shows, se você quiser visitar algum lugar ou conhecer algo, o que você gostaria de viver aqui no Brasil?
AV: Ah, com certeza tudo o que eu puder! (risos) Mas o que eu mais amo é comida. Para mim, essa é a minha forma favorita de conhecer um país, você precisa provar a comida local, é assim que você descobre um lugar de verdade. E não falo de pontos turísticos, tem que ir nos lugares “de verdade”. E muitas vezes você percebe que nesses lugares dá para comer algo incrível e, ao mesmo tempo, se conectar com as pessoas. Dá para aprender muito sobre um país através da comida. E, claro, vamos ter alguns dias de folga, e eu estou muito feliz com isso! Vamos poder aproveitar para conhecer bastante coisa.
Quero ver tudo, sentir como o Brasil realmente é, conhecer as pessoas. Eu adoro observar como as pessoas são, mesmo aquelas que você não conhece. Quando vou para os Estados Unidos, por exemplo, algo que sempre reparo é que, independente do que você pense sobre o país, as pessoas são super simpáticas. Você pode falar com qualquer um na rua, e eles vão sorrir para você, ser educados. E isso muda totalmente a forma como você enxerga um país. Não são a política ou as notícias que definem como ele é, são as pessoas que você encontra nas ruas.
Carreira, rotina e novos desafios de Ambre no Xandria
WM: Agora falando um pouco mais sobre você. Antes do Xandria, você esteve envolvida em projetos menores. O que você aprendeu nessas primeiras experiências que carrega consigo até hoje?
AV: Foi muito bom ter passado por isso, porque me fez perceber que é realmente muito trabalho, muito mais do que eu imaginava. Não é tão fácil subir no palco e simplesmente… você precisa se abrir, ser muito mais vulnerável do que eu pensava. Isso foi algo que levou um tempo para mim. Tem pessoas que já nascem com isso, sabe? Que sobem no palco e pensam: “ok, não ligo”. Eu achei que seria assim também. Mas na hora que você está lá em cima, percebe: “puxa, isso vai exigir um trabalho mental para conseguir me soltar completamente”. Agora, finalmente, me sinto totalmente livre, consegui chegar nesse ponto, mas levou mais tempo do que eu pensava.
Então essas experiências anteriores me mostraram isso. Me fizeram entender que é preciso mais, que não é só cantar: é um trabalho mental, físico, tudo junto. Você tem que cuidar da voz, tem que ter preparo físico para aguentar a rotina. Aprendi muito, inclusive nos primeiros shows com o Xandria. Hoje eu tenho uma rotina bem definida. Não é nada maluco, não precisa enlouquecer com isso, mas é preciso disciplina em algumas coisas. Mas eu gosto disso. Gosto do desafio. E gosto de trabalhar duro por aquilo que amo, essa é a melhor forma de viver.
WM: Você falou sobre rotina. E agora em turnê com o Xandria, como tem sido a sua preparação para os shows? Tem algum ritual ou cuidado especial antes de subir ao palco?
AV: Sim, acho que como todo cantor, tenho minhas pequenas manias. Aquecer a voz é obrigatório, e eu faço isso duas vezes. Faço um aquecimento leve antes do soundcheck, até porque eu costumo dormir tarde, mas não acordo muito depois do amanhecer (risos). Então faço algo bem suave para já começar a abrir a voz. Depois, faço um aquecimento mais completo cerca de duas horas antes do show, geralmente enquanto faço a maquiagem. Na verdade, esse momento de me arrumar também é a minha forma de “entrar no clima”. Coloco música para tocar, canto um pouco junto, é um jeito fácil de aquecer a voz também.
Não tenho nenhum ritual muito estranho, mas preciso desse tempo para me concentrar, me conectar com o momento e também para me divertir com os caras da banda antes de subir no palco. Muitas vezes colocamos um Judas Priest para tocar e ficamos mais leves. Acho que essa é a melhor forma de se encher de energia e ficar pronto para o show.
WM: Olhando para o futuro, como você enxerga o caminho do Xandria? Qual direção artística você gostaria de explorar com a banda?
AV: Acho incrível que o próprio symphonic metal já é um gênero muito livre, dá para colocar muita coisa dentro dele. É um estilo bem aberto. Não é como o thrash metal, por exemplo: se você está tocando thrash metal, é thrash metal. Claro que você pode incluir influências e algumas surpresas aqui e ali, mas no symphonic metal você pode explorar muitas, muitas coisas. E em uma única música você pode ter várias influências diferentes. E eu amo isso, porque vamos ser honestos, ninguém ouve apenas symphonic metal. Quer dizer, talvez algumas pessoas sim, mas eu não ouço só isso, e nem gostaria. Nós temos muitas outras influências. O Marco também, até menos que eu no caso do symphonic metal, ele gosta de algumas bandas, mas também vem de outro lugar musical. Então agora nós podemos realmente explorar tudo isso.
Eu já sei um pouco do que vem pela frente, claro, mas não posso revelar muito. O que posso dizer é que vai continuar sendo um som diverso, mas sempre com aquela sonoridade linda pela qual somos conhecidos, com surpresas e elementos que amamos. Acho que estamos conseguindo combinar tudo da melhor maneira possível para o futuro. Agora nós sabemos quem somos, sabe? Comigo na banda, tudo ficou um pouco mais fácil em termos de composição e direção artística, as coisas estão fluindo de forma mais natural.
WM: E quando o Marco te convidou para se tornar a vocalista da banda, o que passou pela sua cabeça naquele momento?
AV: Na verdade, eu não pensei muito na hora, porque tudo aconteceu de um jeito que não foi tipo: “Meu Deus, temos um álbum novo, você precisa ser a nova vocalista agora porque vamos fazer isso e aquilo”. Foi durante a pandemia, e já existiam algumas demos gravadas bem antes do lançamento. Eu cantei nelas e, quando ele disse “olha, na verdade ficou muito bom, por que não transformar isso em algo oficial?”, para mim ainda não parecia algo real, não estava ligado diretamente à ideia de “você agora está nessa banda que já é meio famosa”. Então, tive tempo de me acostumar com a ideia. Mas no dia do lançamento de Reborn, o primeiro single, aí sim a ficha caiu. Eu meio que entrei em pânico: “Meu Deus, o que eu fiz? Será que vai ser bom o bastante?” (risos).
Então, foi uma montanha-russa de emoções nesses primeiros dias após o lançamento. Mas no fim das contas, foi algo que me ensinou muito, você cresce com esse tipo de experiência. E no final, isso te deixa mais confiante sobre o que faz. Claro, quanto mais você cresce, mais confiante se torna. Acho bom não dar tudo como garantido logo de cara, foi um grande aprendizado para mim.
WM: Ambre, só tenho mais duas perguntas, e uma delas é: se você tivesse que escolher seu top 3 de álbuns favoritos de todos os tempos, quais seriam e por quê?
AV: Bom, eu diria Dark Passion Play do Nightwish, porque eu amo esse álbum. Na verdade, eu amo todos os álbuns do Nightwish, mas esse tem um lugar especial no meu coração. E eu adoro a voz da Anette, é simplesmente mágica. Depois, Eonian do Dimmu Borgir. Não é tão recente, mas também não é antigo. Eu acho esse álbum uma obra-prima. Eu amo o Dimmu Borgir, e esse disco é… não sei nem como eles criaram isso, é incrível. E o terceiro… hum… eu não sei. Tenho certeza que tenho uma lista em algum lugar, devo ter escrito em algum momento justamente para perguntas de entrevistas, mas agora nada me vem à cabeça. Talvez algo do Oceans of Slumber, é, talvez esse… mas também é mais recente. Tenho certeza de que na lista teriam alguns álbuns mais clássicos, mas não consigo lembrar agora.
WM: E antes de terminarmos, você tem alguma mensagem especial para os fãs brasileiros que estão esperando ansiosamente pela chegada do Xandria em outubro?
AV: Sim! Mal posso esperar para finalmente visitar o Brasil e conhecer todos vocês. Tenho certeza de que vamos nos encontrar, vou provar a comida deliciosa de vocês e farei o melhor show que puder. Espero que vocês aproveitem e… até muito em breve!
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