Paradise Lost se prepara para lançar seu aguardado 17º álbum Ascension, em 19 de setembro pela Nuclear Blast Records. Produzido pelo guitarrista Gregor Mackintosh e mixado/masterizado por Lawrence Mackrory, este é o primeiro álbum do Paradise Lost em cinco anos, seguindo o aclamado Obsidian de 2020.
Em entrevista ao Wikimetal, o vocalista e fundador Nick Holmes falou sobre os 37 anos de carreira do Paradise Lost, e como a banda ajudou a moldar estilos como gothic, death e doom metal, o retorno do baterista Jeff Singerm e o novo álbum Ascension. E também explicou como é trabalhar e projetos de estilos musicais distintos.
Os 37 anos do Pradise Lost
Wikimetal: O Paradise Lost é um dos responsáveis por moldar o Doom Metal e criar as bases do Gothic Metal. Quando iniciaram a carreira em 1988 imaginaram que seriam uma banda tão influente? Quais eram as suas referências?
Nick Holmes: Não, quando começamos, nós começamos a banda porque éramos fãs muito, muito apaixonados do gênero musical, doom metal e death metal. Éramos muito, muito fãs disso… O que foi um começo meio humilde, e a razão pela qual começamos a banda. E sim, não tínhamos ideia de que duraria tanto tempo. Você nunca pode prever nada. Em tal escala, eu não acho, sabe, então sim, é uma surpresa para nós… Como é para qualquer um que ainda estejamos fazendo isso depois de 37 anos, ou seja lá quanto tempo for. Mas sim, quero dizer, mas começamos porque somos grandes fãs dessa música. Essa é a razão pela qual começamos, e a razão pela qual ainda seguimos em frente, continuamos com isso.
WM: Com o passar dos anos, o Paradise Lost foi lapidando o seu som até chegar a trinca de álbuns One Second, Host e Believe In Nothing que é mais voltada ao gothic metal. Como você analisa essa evolução?
NH: Acho que, ao longo de uma longa carreira, nós apenas apegamos um pouco a certos elementos que fizemos no passado, e então descobrimos um novo interesse neles também, porque tudo meio que anda em um círculo vicioso. É como cortes de cabelo, eventualmente você terá o mesmo corte de cabelo que tinha quando era mais jovem. Quer dizer, eu não terei, mas… você sabe o que quero dizer? Você pode reacender interesses que você achava que tinha perdido, e então eles voltam.
E especialmente na música, nós meio que voltamos, principalmente nos últimos 10 anos, realmente encontramos um novo amor e nostalgia pelos sons antigos, e pelas antigas bandas de death metal e doom metal, e nós trouxemos isso de volta nos últimos, mais ou menos, 10 anos. Quando fizemos o álbum Host, estávamos talvez em uma área mais experimental das nossas vidas naquela época. Mas sim, sempre seguimos isso, seguimos nosso coração, escrevemos e gravamos o que sentimos que era certo na época.
Novo álbum Ascension
WM: E então chegamos ao novo lançamento, Ascension, que traz um pouco mais das raízes do Paradise Lost, mas com uma evolução do som característico da banda. Como foi o processo de produção?
NH: Nós começamos a escrevê-lo há cerca de 5 anos… Pouco antes da pandemia, e depois, tivemos 2 anos em que não fizemos nada com Paradise Lost, e então o retomamos. Já faz cerca de 5 anos desde que começamos. Tivemos bastante tempo para pensar em como poderíamos mudar as coisas, e também regravamos o álbum Icon nesse meio tempo.
E também lançamos um projeto paralelo, eu e Greg [Gregor Mackintosh, guitarrista do Paradise Lost], o Host… Tivemos bastante tempo para pensar sobre onde queríamos chegar com este álbum Ascension.
E nós só queremos tornar as coisas mais variadas dentro do que fazemos. É bom ter um álbum variado. Não queremos que todas as músicas soem iguais, queremos essa variação nos estilos de canto também, e apenas fazer as coisas interessantes para nós. Escrevermos, gravarmos, e esperamos que as pessoas ouçam.
WM: Jeff Singerm, que tocou no álbum In Requiem e participou de alguns shows, está de volta. Como foi essa readaptação?
NH: Jeff deixou a banda por motivos muito honestos e humildes. Ele só queria ficar com a família e ver os filhos crescerem, então ele meio que deixou a banda para ter uma vida normal, mas os filhos dele já são adultos e ele quer voltar a tocar bateria, e sempre fomos amigos dele o tempo todo. Ele sempre foi uma ótima adição à banda naquela época. Foi muito natural tê-lo de volta. Ele é um velho amigo nosso, e é ótimo tê-lo de volta, então tudo tem dado muito certo até agora.
Projetos além do Paradise Lost
WM: Você também faz parte do Bloodbath e do Host. Bloodbath com um som death metal e Host próximo ao gothic electro, inclusive fizeram uma versão bem interessante de ‘I Ran” do A Flock Of Seagulls. Como é cantar em bandas com propostas musicais tão diferentes?
NH: Não é tão diferente, quer dizer, é tudo meio downbeat e música dark. Um é metal extremo, e o outro é um pop extremo, um pop dark, ou seja lá o que for. Host era basicamente um projeto, não é como se fôssemos uma banda. Enquanto o Bloodbath é uma banda, não é como se estivéssemos saindo em turnê, era só mais um projeto. Isso é algo completamente diferente, de qualquer forma.
O Bloodbath faz parte da minha herança musical de qualquer maneira. Eu vim da cena death metal, estar naquela banda foi completamente natural para mim, meio que abraçar aquele tipo de música de qualquer maneira. E também nos divertimos muito com isso. Quer dizer, nós só fazemos festivais, não fazemos turnês com o Bloodbath, mas tudo meio que se encaixou. Baseado puramente em, como eu disse, eu venho de uma formação death metal de qualquer maneira, então não foi tão difícil entrar em um projeto assim.
A estreia no Monsters of Rock Brasil em 1995
WM: O Paradise Lost possui muitos fãs no Brasil sempre se apresentando em nosso país. A primeira aparição foi no festival Monsters Of Rock de 1995 na turnê do álbum Draconian Times. Você se recorda dessa primeira apresentação? Aliás, o show no Bangers Open Air desse ano iniciou com a mesma canção da apresentação de 1995, ‘Enchantment’.
NH: Sim, Isso foi na parte da turnê do Ozzy Osbourne. Estreamos no Monsters of Rock com o Ozzy Osbourne, Alice Cooper, Faith No More… Sim, foi incrível fazer parte daquela turnê, e sendo tão fãs do Alice Cooper, especialmente, foi incrível fazer. Shows tão grandes, e, sabe, havia tanta gente nos shows, nunca tínhamos tocado naquele tipo de lugar, arenas, nunca tínhamos feito isso antes.
Em praticamente lugar nenhum, acho que nunca tínhamos feito isso antes. Foi uma turnê realmente ótima, pode ter certeza. E, novamente, foi incrível fazer uma turnê com o Ozzy, e quero dizer, mas especialmente para nós, o Ozzy era um grande nome, então foi incrível termos feito isso.
WM: Podemos esperar uma apresentação do Paradise Lost no Brasil nessa próxima turnê?
NH: Sim, nós vamos… Bem, acabamos de ir ao Brasil, mas, quero dizer, esperamos voltar e fazer outra viagem para lá para promover o novo álbum. Então, sim, começaremos a turnê pela Europa em outubro, até novembro. E então veremos o que acontece no próximo ano, e espero que possamos voltar e fazer alguns shows nossos no Brasil.
WM: Deixe uma mensagem para os fãs brasileiros.
NH: Só temos que agradecer pelo apoio ao longo dos anos e esperamos vê-los no próximo ano. Esperamos mesmo que gostem do novo álbum, Ascension.
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