Exatos 3 anos após sua última visita, o Greta Van Fleet tem passagem marcada pelo Brasil durante o mês de maio. A banda irá abrir para o Metallica em quatro datas e fará um show solo no Rio de Janeiro promovendo seu álbum mais recente, The Battle At Garden’s Gate (2021).
Em entrevista para o Wikimetal, o vocalista Josh Kiszka falou sobre o que podemos esperar e prometeu uma performance com produção totalmente diferente de sua última visita ao nosso país. Ele também comentou sobre a relação da banda com o Metallica, o nervosismo de se apresentar antes de uma banda tão relevante, e artistas com os quais gostaria de colaborar.
Confira a conversa na íntegra:
Wikimetal: Olá, Josh! É um prazer conversar com você. Antes de tudo, você e alguns outros integrantes enfrentaram alguns problemas de saúde recentemente e precisaram cancelar algumas datas da turnê. Como vocês estão agora?
Josh Kiszka: Foi uma surpresa quando aconteceu, especialmente porque foi bem no início de uma turnê nova e de um ano muito cheio, com muitos shows agendados. Foi uma peça realmente engraçada que os deuses pregaram em nós [risos]. Mas talvez seja melhor que tenha acontecido agora e não mais pra frente. Estamos quase totalmente recuperados.
Temos ido com calma e usado muito do nosso tempo livre para escrever e nos mantermos ocupados enquanto pudermos, como sempre fazemos. Estamos mais animados nesse momento. Nos sentimos muito melhores e estamos muito ansiosos e aguardando muito essa próxima parte da turnê para visitarmos vocês.
WM: Fico feliz em ouvir isso! Como você se sente ao pensar em voltar para o Brasil?
JK: Já faz algum tempo [que estivemos aí] e nós temos muitos amigos que fizemos aí. Vai ser legal voltar e ver todos eles. É claro, a resposta inicial que tivemos ao nosso trabalho das pessoas no Brasil foi extraordinária. Muito, muito especial. Em comparação a plateias de outros lugares do mundo, é uma das mais bonitas e animadas, e é muito divertido tocar para vocês.
Eu acho que as pessoas realmente assistem ao show e de um jeito que elas absorvem muito a fundo o que a música significa, de um modo mais cerebral e celebratório. É muito legal tocar em frente a essa plateia, nos deixa ansiosos para apresentar as músicas novas. Tem muito de um novo álbum e de um novo universo a ser tocado. Esse é um dos pontos mais animadores sobre o que vem por aí.
WM: Falando em significados mais profundos, uma das músicas do álbum mais recente, “Tears of Rain”, é parcialmente inspirada na última visita que vocês fizeram ao Brasil, certo? Você pode me falar mais sobre ela?
JK: Em um sentido mais literal, “Tears of Rain” é sobre um povo nômade buscando salvação, esperando pela chuva, buscando algum tipo de jardim, algum tipo de esperança. E nós vemos isso em vários lugares do mundo, em todo canto. Eu me mudei para Nashville e todos os dias eu dirijo pela cidade e vejo todos os tipos de pessoas buscando [por algo] e algumas pessoas tentando colocar isso na música, encontrar essa salvação em todo lugar. E eu conseguia ver isso em algumas das dificuldades que presenciei.
Nós somos de uma cidade pequena, então quando ficamos mais viajados, nós vemos mais do mundo do que estamos acostumados normalmente. Você mais pessoas, mais culturas, mais costumes, mais tradições. É bastante chocante, é um choque de cultura. E esse é um aspecto prevalecente da História desde o advento da humanidade, então pensei em colocá-lo sob um aspecto primitivo. Assim nasceu “Tears of Rain”.
WM: É uma linda canção, parabéns! Eu quero falar um pouco sobre o Metallica porque vocês vão abrir alguns shows deles no Brasil e recentemente abriram alguns shows deles em Las Vegas. Como foi essa experiência?
JK: Foi extraordinária. Você tem que se manter bem firme em frente a uma das bandas mais influentes de rock and roll da nossa geração, no palco, tocando para os fãs deles. Só porque aquelas pessoas, esses fãs, são tão dedicados! Eles são muito investidos nesse mundo e têm feito parte dele há um bom tempo.
Eles são muito acolhedores e eu quero dar a eles o melhor show possível e eu sei que me apresentar antes do Metallica é um grande feito. Essa tem sido minha maior trepidação em abrir os shows do Metallica, mas tem sido fantástico e também muito emocionante ver as pessoas prestando atenção no nosso show e ver muitos dos nossos fãs vindo aos shows. É uma grande mistura e a plateia inteira é muito estimulante, não só o palco. Isso é ótimo e eu acho que bastante poético.
Eles [Metallica] são pessoas incríveis e maravilhosos de se trabalhar junto. Eles têm sido nada menos que fantásticos conosco e somos muito gratos por isso. Estamos animados para tocar mais shows com eles.
WM: Vocês já receberam algum elogio do Metallica ou algum tipo de conselho?
JK: Bom, eu sei que eles assistiram! Sei que o James e o Lars assistiram o show e foram ao backstage para apresentar uma oferta de amizade, de certa forma, e tomar conta de nós. E eu acho que eles gostam de nos deixar livres, o que é ótimo [risos]. Eu adoraria passar mais tempo com eles e os conhecer melhor. Eles têm sido fantásticos.
E é claro, tem as acomodações e os apetrechos [risos]. Eles mandam garrafas [de certas bebidas] para os camarins, então eles têm sido muito amáveis nesse sentido também.
WM: Isso é ótimo! O Metallica fez parte das suas influências musicais enquanto vocês estavam crescendo?
JK: Nós não ouvíamos tanto Metallica, mas sei que conhecíamos algumas coisas porque minha mãe e meu pai ouviam bastante. Nós ouvíamos muitos CDs e eles tocavam no rádio às vezes. De certa forma, acho que eles tiveram algum impacto em nós. Talvez não de forma extraordinária e arrebatadora, mas sinceramente, tiveram sim. E é claro, eu acho que eles mudaram o rock e pavimentaram o caminho de modo que nós não poderíamos fazer o que fazemos hoje na música sem o Metallica. Acho que eles esculpiram o molde para toda uma geração e todo um gênero musical. Certamente, eles tiveram influência no que fazemos.
WM: Tem algum outro artista ou banda com a qual você gostaria de tocar?
JK: Com certeza! Sempre acho que estou esquecendo de alguém quando falo sobre artistas com quem eu adoraria tocar ou abrir os shows ou trazer em turnê conosco, mas alguém que eu adoraria conhecer ou abrir shows ou escrever algo junto é a Adele. Eu amo a Adele. Ela é uma das minhas favoritas. E acho que Florence + The Machine é uma banda fantástica de rock and roll. Acho que eles são muito rock and roll pelo jeito com que performam sua música e como passam uma mensagem ao vivo. É fantástico. A mesma coisa com a Adele, ela é muito boa ao vivo.
Outra artista que eu gostaria muito de conhecer se chama Melanie e fiquei sabendo que ela mora em Nashville agora. Ela é uma das artistas que tocaram no Woodstock e o trabalho dela é fantástico. Joni Mitchell também é extraordinária, apesar de eu não saber se ela tem feito turnês ultimamente. Tenho certeza de que estou esquecendo vários outros [risos].
WM: Fico feliz de você ter mencionado a Florence porque me apaixonei pela música dela depois de assistir a um show. Eu não a conhecia antes e foi amor à primeira vista.
JK: Eu também! Ela é extraordinária, é uma fada. Ela é muito mágica. Amo a vibe dela.
WM: Acho que vocês fariam uma boa combinação. Vou esperar uma parceria!
JK: Vou trabalhar nisso!
WM: Você mencionou os shows ao vivo e a expectativa de apresentar novas músicas, então eu gostaria de saber em mais detalhes o que podemos esperar dos shows no Brasil.
JK: Em relação ao Greta Van Fleet e o que nos dispusemos a fazer, a produção não vai ser nada que as plateias brasileiras já tenham visto de nós. Nós levamos nossas roupas muito a sério e isso vai ser bem diferente do que já fizemos antes. Depende do show também porque, enquanto banda, nós evoluímos de várias formas, e o tempo passou nesses dois anos estranhos. Eu me sinto um cantor mais forte que nunca e nós, enquanto banda, nos sentimos mais fortes que nunca.
E ao vivo é uma coisa completamente diferente. Para o álbum, nós entramos no estúdio com a intenção de gravar algo que seja duradouro e que seja maior que nós. Mas ao vivo é algo que, mesmo que nós tocássemos a mesma setlist todas as noites – o que não fazemos – ainda seria um show diferente todas as noites porque eles só acontecem uma vez e aquilo que inventamos no palco vai ser diferente em cada noite.
Muitas das vezes nós montamos um set antes de subir no palco puramente baseado em como nos sentimos e vamos tocar com base no que sentimos. É meio estranho, mas temos pessoas maravilhosas que trabalham na produção conosco e fazem as coisas de forma muito orgânica e que seguem o fluxo da banda porque muitos momentos fogem dos planos ou são inventados ali na hora. Então acho que é algo muito mais elevado e maduro em comparação com a última vez que estivemos no Brasil.
WM: Você tem uma voz bastante peculiar e bastante bonita para cantar. Você segue alguma rotina vocal antes dos shows?
JK: Acho que eu só canto. Canto antes de subir no palco e canto ao sair. Também gosto de tomar um uísque com limão e mel para me dar aquela coragem [risos]
WM: Você mencionou que vocês estão escrevendo novas músicas. Existe algo que você pode me contar sobre elas?
JK: Eu posso te contar que haverão novas músicas! [risos]
WM: Isso é um alívio! [risos] Para finalizar, existe alguma última mensagem que você gostaria de transmitir aos seus fãs brasileiros?
JK: Mal podemos esperar para finalmente voltarmos e vermos tantos rostos bonitos. Esperamos que todo mundo escolha a estrada e venha celebrar com a gente porque estamos prontos para isso!