No final de outubro, o Five Finger Death Punch lançou o álbum BEST OF: VOLUME 2, com regravações de alguns dos principais sucessos da carreira.
O projeto sucede o BEST OF: VOLUME 1, lançado em julho. Ambos os discos foram criados em resposta à venda dos masters originais das músicas do FFDP – feita sem o conhecimento da banda nem a oportunidade de reavê-los.
Em vez de remixar ou remasterizar, o 5FDP transformou o contratempo em algo positivo ao regravar completamente os favoritos dos fãs ao longo de dois volumes – tanto como tributo às canções quanto aos fãs que os acompanharam por duas décadas.
Conversamos com o guitarrista e membro fundador Zoltan, que falou sobre como Taylor Swift inspirou a banda a regravar seus maiores sucessos e expressou seu desejo de retornar ao Brasil.
Wikimetal: O Five Finger Death Punch está regravando algumas de suas músicas porque suas masters foram vendidas sem o seu consentimento. Tenho certeza de que isso acontece muito na indústria musical, mas o exemplo mais famoso disso aconteceu há alguns anos com uma grande estrela pop, que é Taylor Swift. Vocês ouviram falar disso naquela época?
Zoltan: Para quem vive na indústria musical há 20 anos, como nós, é de conhecimento geral que essas coisas acontecem. Não é nada estranho, só é algo que a população em geral não necessariamente sabe, mas isso acontece a portas fechadas. Gravadoras trocam catálogos de artistas, vendem catálogos de artistas. Como commodities. E você realmente não tem poder de decisão quanto a isso. Isso acontece. Não é nada criminoso porque são contratos, mas você meio que é forçado a essas situações e não tem o direito de opinar. A diferença é que, embora tenha acontecido no passado com muitos artistas e com um grande artista que todo mundo no planeta sabe que aconteceu, a maioria deles simplesmente não fez nada a respeito e eles simplesmente disseram: “Bem, é o que é. Aceito meu destino.” Mas quando aconteceu com a Taylor, ela reagiu de forma diferente. Ela disse: “Sabe de uma coisa? Não, eu não concordo com isso”.
Então, a Taylor decidiu que iria regravar todo o seu catálogo e ela tinha uma base de fãs muito dedicada e esses fãs entenderam o que ela estava fazendo e deixaram de ouvir as versões antigas para ouvir as novas. Porque eles entenderam que isso é um jogo de xadrez que ela estava jogando. E isso deu esperança, eu acho, e uma visão, e uma espécie de exemplo para o resto da indústria. Então, agora isso acontece diariamente com os artistas e, quando aconteceu conosco, estávamos cientes do que ela fez. E o pensamento foi meio que, “Bem, você sabe o que temos em comum com a Taylor de certa forma? Somos artistas muito diferentes, mas temos uma base de fãs incrivelmente leal, assim como ela.” Então, por mais distantes que estejamos musicalmente e em termos de gênero, temos esse elemento em comum: nossos fãs são incrivelmente leais. Eles são como uma família.
É por isso que sempre brincamos que o Five Finger Death Punch é a maior banda desconhecida, porque temos dezenas de milhões de fãs e eles são muito dedicados. Eles vêm a todos os shows, sabem cada palavra de cada letra, mas, fora isso, somos quase desconhecidos. Então, essa base de fãs nos seguirá até o fim do mundo.
Então pensamos, “Podemos adotar essa abordagem. Vamos regravar como a Taylor fez, porque temos uma base de fãs que vai entender e vai acompanhar, e então podemos fazer a mesma coisa.”. E, novamente, o nosso antigo selo não fez nada criminoso. É só que… simplesmente não é tão justo assim. E o fato de eles nem terem nos contado, nós só descobrimos depois, nos deixou meio, “Sabe, pelo menos vocês poderiam ter nos dado uma chance ou nos contado ou nos envolvido nessa transação ou nos dado uma chance de recuperar nosso catálogo.” Não há nada de malicioso nisso porque é um jogo de xadrez. Eles fizeram uma jogada, uma jogada comercial. Não tenho nenhum sentimento negativo sobre isso. Ok, essa foi a sua jogada. Agora vamos fazer a nossa, certo?
Foi mais ou menos assim que aconteceu. Mas como era nosso 20º aniversário de qualquer maneira, foi uma oportunidade perfeita para nós revisitarmos todo o nosso passado e poder dar algo aos fãs que formasse um compilado desses últimos 20 anos. Então talvez tenha sido um mal que veio para o bem. Agora nós voltamos e regravamos o catálogo. E não está necessariamente substituindo o que fizemos antes. Temos muito orgulho disso e esses momentos mágicos não podem ser recapturados. Mas quando vamos ao estúdio, essas músicas já estão escritas. Então, é mais uma performance porque nós já as escrevemos. Quando você escreve originalmente, cada detalhe importa. Nós já escrevemos isso, então agora vamos performá-lo. E quando o executamos em vez de escrevê-lo, tem uma energia diferente, uma energia performática. É mais próximo do show ao vivo. E isso nos dá um ângulo diferente. Então pensamos, “Sabe de uma coisa? Isso vai ser muito legal.” E foi assim que aconteceu.
WM: Vocês lançaram uma nova versão de “The End” com o BABYMETAL. O que fez vocês pensarem nelas para participar dessa música e o que fez vocês pensarem que essa música específica merecia uma participação especial?
Z: Enquanto revisitávamos esses últimos 20 anos, percebemos que temos uns 30 hits no Top 10, como singles de sucesso. Então, essas músicas são importantes para muita gente, é isso que faz um hit. Existe uma ideia de que a indústria musical pode tornar uma música um hit. Não, os fãs fazem isso. Então, isso é uma realidade. Isso significa que foi muito importante para muitos fãs. Cada álbum geralmente tem no máximo três singles que vão para as rádios e se tornam singles. Quando você tem quatro, já é mais do que o normal. E isso significa que você está indo muito bem. Mas as pessoas não têm realmente um quinto single. E naquele último disco já tínhamos quatro singles e “The End” seria um deles, mas simplesmente não entrou. Não foi o que acabou sendo escolhido. Mas queríamos que fosse um single. Então pensamos que era uma oportunidade perfeita, pois se colocássemos essa música nesta coletânea, ela ainda poderia se tornar um single. E essa foi uma parte.
A outra parte é por que o BABYMETAL. Nós encontramos o BABYMETAL algumas vezes. Tocamos em vários festivais, nos encontramos no Japão, na Inglaterra, e nós pedimos para elas colaborarem nessa faixa por causa do tema e da letra da música. Então, geralmente escrevemos a música primeiro e depois escrevemos as letras. O Ivan (Moody) escreveu a letra para essa e ele se recusa a responder o que a letra de uma música significa. Ele tem uma teoria e eu concordo com ele. Ele diz que toda vez que você está ouvindo uma música, você ouve o que precisava ouvir porque você está em um certo lugar em sua vida, então cada música significará algo diferente para cada pessoa. E se ele é o letrista e ele explica sobre o que essa música é, então ele torna esse significado fixo. Ele sente como se estivesse roubando dos fãs e dos ouvintes a capacidade de interpretar uma música do seu próprio jeito. É por isso que ele não explicou sobre o que a música é.
Então, quando ouvi a letra pela primeira vez… Eu também escrevo músicas com imagens na minha cabeça. Estou sempre compondo uma trilha sonora para um filme que passa na minha cabeça, certo? Então, quando ouço a letra, imediatamente o videoclipe começa na minha cabeça e eu percebo isso. Eu deixo as flechas voarem. Para mim, essa [música] é uma batalha épica. E melhor ainda, é uma batalha entre samurais, sabe, entre antigos guerreiros marciais. Porque existe esse código de honra de que você luta até o fim absoluto. Então, para mim, foi isso que eu vi. E então, se eu vejo uma batalha de samurai na minha cabeça, ter o BABYMETAL cantando em japonês tornou essa música completa para mim.
Além disso, temos uma base de fãs que se encontra, mas é uma parte muito grande dos fãs, mesmo que estejamos no mesmo gênero – hard rock, heavy metal. Nós fomos expostos a uma base de fãs diferente, que é a base de fãs delas. Estamos recebendo um fluxo de pessoas que nunca tinham ouvido falar de nós, mas que agora nos ouvem por causa do BABYMETAL. Então, ganhamos uma base de fãs enorme. E eu também posso ver isso do nosso lado, tipo, nossos fãs falando, “Eu tenho que dar uma olhada nessa banda BABYMETAL”. Então, foi uma vitória em todos os sentidos. Cada parte disso foi uma vitória enorme.
WM: Já faz quase 10 anos desde a última vez que o Five Finger Death Punch esteve no Brasil. Vocês planejam voltar em breve?
Z: Eu realmente espero que sim. Todo mundo sabe que a América do Sul em geral curte muito, muito, muito hard rock e heavy metal, mesmo nos tempos em que não era tão popular. Houve altos e baixos na história do heavy metal, então houve um tempo em que não era realmente o que importava e esses gêneros meio que caíram no underground. Brasil e Suécia, esses dois países estavam carregando a tocha. Na verdade, eu gostaria de dizer que a América do Sul estava, porque a Argentina, Peru e até mesmo o centro do México, eles ainda são grandes fãs, mas definitivamente o Brasil carrega a tocha. E nós sabemos disso.
Mas ainda assim, quando fomos ao Brasil, eu fiquei chocado com a recepção. Todo mundo nos conhecia e a parte mais incrível foi que eles sabiam cada letra de cada música. Isso foi uma loucura para mim. Eles cantaram da primeira à última palavra. Especialmente em São Paulo, tínhamos, sei lá, 50.000 pessoas na plateia. Ouvir aquela plateia cantando, meu Deus, a sensação é inimaginável. A plateia estava mais barulhenta que o amplificador e eu os ouvi cantando. Foi uma loucura. Então, claro que sim. Quer dizer, na verdade eu nem sei por que nunca voltamos. Faz 10 anos. É muito, muito tempo. Tivemos uma pandemia global e tudo mais, mas ainda assim, é… Deveríamos ter voltado. Eu realmente espero que voltemos.
E aí está a questão. Pessoalmente, eu treinei jiu-jitsu por quase 20 anos e judô pela minha vida inteira. Mas jiu-jitsu, jiu-jitsu brasileiro. Estou cercado por brasileiros todos os dias, certo? Estou pirando. Minha esposa é brasileira. Então pra mim isso também é pessoal. Temos que voltar, com certeza. É mais do que apenas uma esperança. Estou lutando por isso. Precisamos ir para o Brasil.
