O Rock tem que ser transgressor, o Rock tem que vir da alma; não vem da carne, não é racional”

Daniel Dystyler: Fala moçada, começando mais um episódio do Wikimetal e hoje a gente tá vivendo um momento histórico nesse episódio, não só pelo grande convidado que está aqui presente com a gente pra tocar o programa junto com a gente como também pelo local que a gente escolheu, to aqui eu, Daniel Dystyler, junto com Rafael Masini e Nando Machado, cada um vai explicar um pouquinho isso que eu falei, Nando Machado, o local, Rafael Masini, quem é o nosso convidado.

Nando Machado: Estamos num bar chamado Ugues, um bar que tem uma conhecida coxinha, né? Cerveja sempre gelada…

W (DD): E um bar histórico pro Metal…

W (NM): Histórico pro Metal, pro Rock brasileiro, um bar frequentado por ex-integrantes do Made in Brazil até Viper, Vodu…

W (DD): Golpe de Estado

W (NM): Golpe de Estado vinham aqui muito…

Rafael Masini: Se você vê o Cartão Verde e ouviu por muito tempo a CBN, você vai saber que o nosso entrevistado é o grande Vitor Birner, conhecido por nós como Thumba, o grande guitarrista do Vodu, um cara heavy metal, cabelo quase na cintura…

W (NM): Jornalista de futebol, cronista esportivo, e que hoje na verdade, por um dia, vai voltar a ser o famoso Thumba, com “th”.

W (DD): Porque por muito tempo, ele na verdade viveu junto com a gente todo aquele começo da época do Metal aqui no Brasil, primeiro como fã radical do Iron Maiden, a gente vai falar bastante sobre isso com ele, e também depois do outro lado do palco, né? Empunhando a guitarra de uma banda histórica, o Vodu, né? Então, meu, é uma honra ter você aqui no nosso programa, no Wikimetal. Bem vindo ao Wikimetal.

Vitor Birner: É, eu vou pedir desculpa em primeiro lugar, porque eu sei que eu dei uma canseira pra gravar, mas é a vida de escravo que é a vida de jornalista… Eu to me divertindo aqui, eu não consigo encarar isso como um programa, mas uma reunião dos antigos amigos: bar, bebida… então, sei lá, vamo com calma e ver aonde vai essa conversa. Vocês fizeram uma pauta? Eu pelo menos dos programas que eu faço sempre acho que o meu objetivo é destruir a pauta. Vamos ver se eu consigo aqui também, que se eu conseguir ficava legal.

W (DD): É bem provável que vai conseguir.

W (NM): Tem muita história pra contar de Heavy Metal, de Iron Maiden e de futebol, agora que o Vitor, o famoso Thumba, e é um famoso comentarista, né? Participa do Cartão Verde, escreve no UOL. Agora, me fala uma coisa, voltando ao comecinho dos anos 80: como você começou a ouvir Heavy Metal, quem foram os responsáveis por te iniciar no
Heavy Metal?

VB: Eu tinha alguns amigos mais velhos, eu tinha uma tia que ouvia Rock, né? Minha mãe gostava de rock, não gostava de Heavy Metal, mas gostava de Rock, então desde menino, por exemplo, sempre gostei muito dos Beatles, minha mãe ouvia Beatles… Me acostumei com rock muito cedo. Dai eu tinha alguns amigos mais velhos e um deles principalmente Janes Jaco, ele era inglês, e tinha um seriado do Daniel Boone, não sei se vocês lembram…

W (NM): Lembro.

VB: “Daniel Boone was a man”… A mãe dele, Patricia Blair, que era a mulher do Daniel Boone no seriado, o pai era brasileiro…

W (DD): Olha só.

VB: E naquela época as pessoas não viajavam muito pra fora, não tinha globalização, não tinha internet, não tinha nada. E o Jajaco trazia uns discos de Heavy Metal. Meus amigos falavam ‘ouvi isso, ouvi aquilo’, e eu comecei a ouvir, comecei a ficar viciado… Foi exatamente ele que me mostrou Iron Maiden. Ele trouxe os discos do Iron Maiden, trouxe os discos do Iron Maiden pro Brasil, trouxe o “Killers”, eu ouvi o “Killers” pela primeira vez, eu já gostava muito do AC/DC, Sabbath, mas aquilo foi que mudou a minha vida de verdade.

W (DD): O Iron Maiden bateu forte, né?

VB: É, a hora que você pegava o disco, a hora que você via a data, a hora que você ouvia a música, tudo, tudo, tudo. Eu ouvi aquilo, louco pra sair da escola pra ficar ouvindo aquilo, ouvia, ouvia, ouvia, jogava bola, ouvia, ouvia, ouvia. Não fazia outra coisa da vida. Mas foram alguns amigos mais velhos que já ouviam o som, mas não eram freaks, assim, eu me identifiquei com essa galera, comecei a ouvir o som e nunca mais parei.

W (DD): Que legal. E pegando esse gancho que você falou do Iron Maiden e da sua história com o Iron Maiden, né? Eu sei que você foi um dos maiores colecionadores de discos, livros, recortes do Iron; eu lembro que você tinha, assim, vou falar um número que é o que eu lembro da minha cabeça, não sei se eu vou falar um número completamente furado, mas que você tinha mais de 200 discos do Iron Maiden e que você tinha mais de sete, dez pastas de recortes do Iron Maiden. Queria que você falasse um pouquinho se é verdade, se a minha memória ta muito furada ou não, e se você tem ainda isso, como é que é isso aí?

W (NM): Você ainda é um dos grandes colecionadores do Iron Maiden?

VB: Não, não sou. Essa geração da Internet, os moleques que têm dinheiro, eBay, eles compram discos de baciada… Pode parecer coisa meio de tiozinho, mas tem uma coisa que…eu tenho meus discos ainda e tenho minhas pastas…

W (DD):: E são duzentas.

VB: Sei lá, deve ter por aí, não sei, as pastas também não sei quantas são, dez não são, mas deve ter alguma coisa em torno de sete com reportagens entre 81 e 86, 7, 8, assim, sabe assim é…

W (DD): A melhor época do Iron

VB: Por exemplo, a primeira reportagem Bruce Dickinson no Iron Maiden, eu tenho ela e o Cacophany. .. Eu tenho as duas, a do outro lado o disco básico era antes de tirar a máscara.

W (DD): Olha só…

W (RM): Esse é o conhecido back-up, né?

W (NM): O back-up nos anos 80 era isso.

VB: Acho que tem uma coisa, assim, não na coisa de comprar coisas pela internet, mas tem uma coisa que não adianta eu explicar, mas eu vou tentar: quando, por exemplo o eu vi o Killers, eu não entendi aquilo, eu não tinha informação. Aí eu descobri o Iron Maiden I e logo um pouco depois lançaram o Number aqui. Eu vou esperar vocês passarem depois, o Nando vai lembrar disso aí, eu ia esperar pra saber… Contando os segundos, ouvir alguma coisa, comprava gravação fora, e eu, por exemplo, a gente ia pra porta da loja, porque a gente não sabia se chegava na segunda, na terça, na quarta… O tempo inteiro esperar o disco, aquela emoção, chegar, ouvir, discutir, conversar. Porque quando você compra um pacote de coisas de uma vez, uma coleção, você ta comprando uma coisa diferente por mais que materialmente elas sejam iguais. Não sei se todo mundo vai concordar comigo, no fim das contas, na vida, o que a gente guarda de mais importante, são as sensações.

W (DD): São as lembranças, né?

VB: É as emoções… de lembranças… é as emoções.

W (DD): O fato de ter ficado segunda, terça e quarta esperando o disco tem um peso muito diferente.

VB: Também pra sair o primeiro EP, chegava, não conseguia…puta, vou conseguir o Pictures…

W (DD): Tinha na galeria?

VB: Do rock?

W (NM): Na outra galeria.

VB: É, tinha três lojas. Tinha a Monte Rei…

W (DD): Uma época completamente diferente

VB: Completamente diferente. Você usava cabelo comprido na rua, as pessoas paravam pra olhar.

W (DD): Ainda mais o seu cabelo que realmente é na cintura, né?

VB: Então, as pessoas pensavam alguma coisa. Eu estudava aqui no Mackenzie, gigante… na faculdade,
no colegial, ginásio, eu era o único cara de cabelo comprido da escola inteira, tinha não sei quantos mil alunos. Então, era tudo muito diferente. Se uma pessoa que não entende esse contexto, quiser compreender como eram as coisas… Ser Heavy Metal era ser do contra, né? Sofria preconceito, grande. E as brigas com os skinheads, as confusões na ruas por onde você andava, era um tempo muito diferente, assim.

W (RM): E Thumba, você ta falando bastante agora como ouvinte, como cara que curtia Heavy Metal. Fala um pouco dessa transição do cara que ouvia, o cara que começou a tocar, o músico que se apaixonou pela guitarra, a ponto de até entrar e tocar numa banda, que na época era muito legal, o Vodu. Conta um pouco disso.

VB: É, então, assim, tocar guitarra era uma coisa meio que natural na época pra quem gostava de som. Eu sempre gostei de música, tinha tocado flauta transversal, flauta, tocava teclado. Aí quando eu fui comprar guitarra, comprei até uma guitarra, uma Golden… O Nando é capaz de lembrar disso, meio Kerry King na época. Aí eu lembro que eu comprei um pedal que é desses fabricados em casa, meio com distorção, sujo, podre, com um amplificadorzinho bem vagabundo, mas o negócio era juntar os amigos e tocar.

W (NM): Fazer barulho.

VB: Fazer barulho. Juntar os amigos e fazer um som, porque de novo a história da emoção, era o evento: você não se reunia pensando assim, ‘ah, vou comprar uma guitarra e ser músico’. Você comprava uma guitarra, aí você começa a tocar, aí você começa a melhorar um pouco, como todo mundo tocava muito mal, então você não precisava tocar muito bem pra arrumar um lugar numa banda, é então, era tudo muito cru, muito podre, o som era podre, as gravações eram analógicas, você gravar uma demo em oito canais era quase impossível, porque era caríssimo. Só que aí aparece uma banda, você toca. Aí de repente, me chamaram pra tocar no Vodu, eu tinha tocado em duas bandas antes, tinha uns discos.

W (NM): Skull Crusher.

VB: …e o Belial. O Belial foi antes ou depois do Skull Crusher, hein? Eu não sei.

W (NM): Acho que foi depois.

VB: É, antes.

W (NM): O Belial, que foi responsável pelo grande hit ‘Conan’.

VB: Foi no Belial?

W (DD): Foi, eu lembro disso.

W (NM): Foi, acho que sim.

VB: Minha memória é péssima.

W (NM): Você que participou do começo do Heavy Metal no Brasil, como era ser headbanger nos anos oitenta?

VB: Eu nunca fui headbanger, porque eu nunca fui de chacoalhar a cabeça, né? Então eu era headbanger fajuto, cara.

W (NM): Então, como era ser um fã de Metal nos anos oitenta, qual era a…

VB: Era uma coisa idiota, né? Porque parecia que você tava brigando contra o mundo: você brigava contra as rádios, você brigava contra as roupas, você brigava contra os cabelos, contra os pais… Por exemplo, meu pai, que não é exatamente um cara conservador, não é um cara liberal, um cara conservador, tinha época que ele ia entrar no meu quarto de noite cortar meu cabelo, então passava a noite acordado. Era pesado. Mas aí tem umas coisas meio de personalidade, porque eu acabei sendo do contra em várias coisas o resto da vida, então eu descobri que era meio natural. Você se sentia… era ridículo, uma coisa de adolescente, mas uma coisa boa… Hoje em dia todo mundo quer ser muito certinho, tudo certo, e eu acho que falta até um pouco de imbecilidade construtiva no ser humano. Sabe essa coisa muito certinha, quadrada… E nós éramos meio bobos. Mas ao mesmo tempo gostávamos, assim, a gente chegava lá e a gente se identificava, e ia pro lugar onde a gente sabia que só tinha aquele, ou aquele lugar pra ouvir um som, só lá as pessoas iam ser como nós, nós éramos realmente como – detesto que falem – mas é o termo que descreveria, uma tribo. A gente tava contra tudo e todos, sem fazer mal a ninguém, se juntava, sempre pra poder ouvir o som que a gente curtia, no ambiente que a gente gostava… O mundo do Metal não era um mundo previsível, assim, ele era como se… apesar dele ser muito sempre parecido, era como cada que você chegasse lá, se renovasse…

W (DD): A energia

VB: É energia, uma coisa nova, sua, que fazia você gostar da vida.

W (DD): Que legal.

VB: E hoje em dia, eu sempre falo isso, também sente falta, porque eu não gosto só… esse tipo de coisa babaca, chata, mas falta emoção nas coisas.

W (DD): Já que você citou, assim, essa comparação dos tempos anteriores com hoje, né? É, eu sei que obviamente os gostos musicais de todos nós, eles vão diversificando, eles vão, é, navegando em várias ondas, e tudo mais, mas especificamente de Metal, o que você ouve hoje de Heavy Metal…

VB: Coisas velhas.

W (DD): Você só ouve os velhos? Tem alguma coisa nova que você ouve?

VB: O metal muito melódico se transformou meio piegas, e o metal que eu ouvia com os meus…aí eu acompanhei tudo, eu tenho os discos até hoje, todos gringos, tipo, Kreator, Salting Cross, Sodom, Destrcution…que eu era viciado… Mas mesmo hoje em dia? É como dar um pirulito pra uma criança, é quase bondoso, e eu acho que uma das coisas do Rock – o Metal, queira ou não é uma vertente do Rock – o Rock tem obrigação de chocar, o Rock é contraventor. O Nando tocou no meu prédio, eu tava falando no telefone, eu tava falando um negócio de terapia pra ele, não tem nada a ver com o programa, mas eu vou trazer isso pra cá, pra vocês entenderem. Tem um livro, por exemplo, do Nilton Bonder, chama “A Alma Imoral”, e ele diz o seguinte: que o nosso corpo ele respeita, ele segue padrões, horários, e que a parte que faz o mundo evoluir é a alma, que é transgressora, que nos leva a cometer, entre aspas, “erros”. Entendeu? O Rock tem que ser transgressor, o Rock tem que vir da alma; não vem da carne, não é racional, o Metal não pode ser racional, e eu acho que se tornou muito racional. Então, ele não bate mais na… ou eu me tornei racional e velho, mas ele não bate mais na minha alma, esse som novo…eu consigo ouvir trechos de músicas, assim, eu acho legal, mas eu não tenho vontade de conhecer, ouvir…

W (DD): E aprofundar.

VB: É porque não bate. É bom ,mas…

W (NM): Ouvindo o Wikimetal, você vai descobrir bandas…e você talvez comece a gostar.

VB: Espero que sim. Eu, depois do Metal, eu ouvi muitos tipos de sons diferentes, assim. Geralmente os que eram mais undergrounds, no tempo que a cena underground era feita com mais alma e menos interesse. Hoje em dia, muitas bandas fazem metal com idealismo.

O Rock in Rio não entendia o impacto que era trazer o Iron Maiden naquela época”

W (RM): Deixa eu falar duas coisas, até pra você poder comer, com essa ideia mesmo do livro, do “A Alma Imoral”, da coisa do transgressor, eu li esse livro…

VB: Você leu esse livro?

W (RM): E ele virou uma peça teatral – eu sou professor de teatro.

VB: Eu não sabia. É, virou, sim.

W (RM): Foi um sucesso, mas ficou anos em cartaz, um sucesso.

VB: Você gosta do livro? Você recomenda?

W (RM): Recomendo muito. E a peça, agora não tá mais, mas se não eu recomendaria, porque era um monólogo, era demais. Já que você falou de música, de que você escuta só os antigos, o capitão Fernando Machado me contou que agora você voltou a tocar guitarra…

VB: Voltei.

W (RM): Qual música que toda vez que você pega a guitarra, dá aquela plugada ali, você toca repetidamente, pra ouvir mais?

VB: Nós vamos ouvir For Whom The Bell Tolls agora, é isso?

W (RM): É isso.

VB: Eu to anunciando For Whom The Bell Tolls, a música que a minha grossura guitarrística da volta ainda permite tocar direito alguns riffs…que é uma música perfeita.

VB: É fácil e eu ainda consigo tocar, que eu também ouço, eu gosto muito de qualidade.

W (NM): A gente vai ouvir uma música aqui no programa, na abertura do programa, escrita por um amigo meu chamado André Goes, a música gravada por Vitor Birner, Seeds of Destruction. Voltando agora de For Whom The Bell Tolls, grande música, pra mim o grande destaque dessa música é o gênio Cliff Burton, o genial Cliff Burton. Você nunca foi muito fã de Metallica, né?

VB: Fui. As seis bandas da minha vida são Sabbath… vou descrever numa ordem: Iron Maiden em primeiro lugar, Sabbath em segundo…

W (DD): Metallica e Slayer…

VB: Metallica e Slayer, New Order e Sisters of Mercy, são as seis bandas que eu mais ouvi, que eu ouço até hoje bastante.

W (DD): Qual foi o momento, assim, o highlight, o momento mais emocionante da sua vida com relação à música?

VB: São dois. Bom, pode mandar o Rock in Rio 1.

W (NM): Show do Iron Maiden do Rock in Rio 1.

VB: A gente tava falando antes da emoção de esperar cada disco. Imagina que o show foi World Slavery Tour, depois de anos ouvindo, as bandas não vinham, tinha visto os shows aqui de São Paulo, mas nada comparável a uma coisa desse tamanho. Depois de ver o Iron Maiden, é assim, imagina quando você vai comer a comida que você mais gosta na vida, com todo respeito ao Queen, que eu acho demais, é difícil vir uma coisa boa depois, não dá, não dá, estraga. Com todo respeito aos fãs de Queen, estraga. Podem me xingar, naquela hora estragaria. Eu adoro Queen, adoro, adoro Queen, mas naquela hora, estragaria. O Rock in Rio não entendia, aquela época a produção, Medina, tal, o impacto do que era trazer o Iron Maiden naquela época. Não tinham ideia, ninguém tinha ideia. Se você ver as…

W (NM): Inclusive eles não têm ideia até hoje…

VB: Você vê a transmissão da TV Globo, vai no Youtube, olha, um show de erros, de falta de conhecimento.

W (NM): Não, solando o Adrian Smith e os caras mostrando o Dave Murray. Um highlight do Rock in Rio, e o outro?

VB: Eu fui viajar com os meus pais pros Estados Unidos, eu to andando na rua, cabelo comprido, blusa de Metal, ninguém era Metal, blusa do Iron Maiden, aí um cara me para e fala assim: “Vai ter show”. Eu não sabia. Do Iron Maiden, “Somewhere on Tour”. Eu falei: “vou no show”. E foi um show pra pouca gente. Pouca gente, oito mil pessoas, ginásio…

W (DD): Show pequeno pro Iron Maiden.

VB: O show do Iron Maiden, na época, o Iron Maiden, foi a abertura do Yngwie Malmsteen, ainda com o Jeff Scott Soto cantando.

W (DD): Nossa. Pô, abertura do Yngwie Malmsteen, vendo o Iron maiden depois é demais.

W (NM): E do futebol? Transfere essa emoção, qual foi o grande momento da sua vida no futebol?

VB: Eu tenho alguns, assim, vou destacar dois: Libertadores contra o Newell’s Old Boys, 1 a 0, Morumbi.

W (NM): Você tava lá?

W (DD): Foi 92, né?

VB: 92. Eu tava lá. Entre 80 e 2000 eu não fui em cinco jogos na cidade, devo ter mais de mil jogos do São Paulo como torcedor antes de trabalhar como jornalista, no estádio. Em 85, campeonato paulista, eu fui em todos os jogos, aqui no interior… Brasileiro, 85, devo ter ido em 80% dos jogos fora.

W (DD): Pera aí, você falou muito rápido, vamos só repetir: de 80 a 2000, são vinte anos, você não trabalhava com futebol, só deixou de ir em cinco jogos do São Paulo?

VB: Do São Paulo. E eu ainda ia ver jogos dos outros times.

W (NM): Ah, também via?

VB: Via. Pacaembú, Palestra ia, ia em segunda divisão, naqueles mata-matas que tinham no Pacaembú com quatro times pra ver quem subia… O segundo highlight, que é 2005, São Paulo e River Plate. Já tinha ido quatro vezes pra lá e o São Paulo nunca tinha feito um gol, acho que demorou cinco ou seis jogos pra fazer um gol num argentino em Libertadores, ficou pro sétimo era semifinal da Libertadores… O River é… Mascherano, Lucho González no meio campo…

W (DD): Timaço.

VB: É, eles diziam que era um timaço, mas era um time meia boca.(Risos) E foi lá o jogo de volta, eu tive uma guerra no trabalho pra poder ir, eu tava escalado, um monte de problemas, fui pra Argentina sem lugar pra dormir, sem ingresso, não me credencio quando eu vou no jogo assistir, eu pago o ingresso, não me credencio, não uso o passe de jornalista, vou de arquibancada, que é o lugar onde o futebol é mais feliz, muito mais que numa cabine de rádio, a rádio em que eu trabalho é demais, mas você poder extravasar a emoção, torcer…

W (DD): É diferente.

VB: É diferente. O São Paulo ganhou lá, 3 a 2, e se classificou. Chuva de pedras, duas horas pra sair do estádio, uma guerra… saindo de lá e quando eu vi a torcida cantando chegando no hotel, os jogadores festejando a classificação, e eu tava mais velho, tamo falando de 2005, não era mais moleque que nem antigamente.

W (DD): Agora, agora.

O evento esportivo tem que entreter dentro do que é informação. Pode brincar, mas você não pode criar situações por audiência, polêmicas vazias”

VB: Conseguiu fazer eu me sentir como se eu tivesse 15 anos.

W (DD): A gente começou a falar muito mais de futebol agora e a parte final do programa a gente deixou separado pra falar mais de futebol mesmo. Mas, antes de falar disso, só pra falar um pouco dessa transição, assim, você se lembra quando, ou o que causou o momento que você falou assim: ‘o meu caminho vai ser o caminho do jornalismo’ e não o caminho da música?

VB: Ah, não, isso é muito complicado. Primeiro: eu tinha feito um ano de Direito, um ano de Letras, um ano de Administração e eu não sabia o que eu queria fazer da vida, e eu precisava fazer alguma coisa da vida. Eu trabalhava, mas eu precisava ter uma carreira, eu acreditava nisso. O que eu não acredito mais muito, tá?

W (DD): Na época você…

VB: É, então, hoje em dia eu pensaria um pouco diferente, mas tudo bem. Aí, eu comecei a raciocinar, eu falei: ‘Pô, eu falo de futebol…’, ou vocês lembram disso, na escola, os meus amigos, todo mundo parava pra ouvir. Eu vivia jogando futebol, ia no jogo, conhecia tudo de bastidores…Como que eu posso viver, ganhar dinheiro? Sendo jornalista esportivo. Como eu não gostava muito do jornalismo esportivo da época, porque eu sempre fui do contra, eu queria fazer as coisas do meu jeito. Aí, depois, quando eu tava no quarto ano da faculdade, eu tinha uma namorada, e eu queria casar, e eu precisava ganhar dinheiro de uma maneira um pouco rápido pra casar, e eu conheci um cara, montei uma empresa de identificação e rotulagem automotiva e de cosméticos. No quarto ano da faculdade, eu falei “não quero ser jornalista”. Eu fazia programas de rádio comunitária antes e eu queria viver de rádios comunitárias, só que naquela época teve toda a briga e acabaram com as rádios comunitárias, eles fechavam as rádios… Eu trabalhava numa rádio chamada Rádio Cidadã e era a maior rádio comunitária de São Paulo, a Luci era a líder do movimento das rádios comunitárias e eu comecei lá falando sobre futebol três minutos, gostaram, eu fiquei cinco, gostaram, eu fiquei quinze, gostaram, eu fiz um programa de uma hora. E na época tinha uma briga do Telê com a Federação Paulista de Futebol, que daí não falava com ninguém, porque o Farah ia insistir que o Campeonato Paulista era mais importante que a Libertadores. Muita gente acreditava, porque a Rede Globo não transmitiu a Libertadores de 92, foi a OM TV, que é paranaense, locada aqui no canal 11 da Gazeta. Com Galvão Bueno na OM TV.

W (DD): O Galvão tinha saído da Globo, né?

VB: Saído da Globo, e voltou, porque na final o São Paulo deu 40 e poucos pontos de audiência lá com o Newell’s Old Boys e a Globo comprou a Libertadores, trouxe o Galvão de volta, e o Galvão eu acho que ele é grato ao São Paulo por isso até hoje, porque ele tem um tratamento às vezes, assim, bom pro São Paulo.

W (DD): Diferenciado.

VB: Já não é um tratamento de Flamengo e Corinthians, mas é um tratamento bom, assim. Aí eu montei a empresa, só que eu odiava aquilo. Então eu insisti lá, sei lá, uns três, quatro anos, briguei com a Carolina, acabei com a noiva, aí depois de um tempo arrumei uma outra namorada, a melhor mulher da vida, que foi a Camila, e a Camila me incentivou a mudar de vida. Comecei a ficar duro, comecei a ficar sem dinheiro, e eu fiquei, e ela falou “não to nem aí”.

W (DD): Papo colado já.

VB: Aí eu comecei a procurar coisa no jornalismo e depois…

W (NM): Por que você não casou com a Camila, porra?

VB: Porque ela não quis.

W (RM): Boa. É, Thumba, no jornalismo, pelo menos eu li bastante isso, você considera o Juca Kfouri como um grande mestre, um grande professor.

VB: Uhum.

W (RM): É, levando pra música, quem é esse grande mestre, esse grande guitarrista, esse grande professor?

VB: Eu tenho meus preferidos, não tenho mestre. Eu nunca tive um mestre.

W (RM): Fala os preferidos.

W (NM): Mas na verdade o Juca é seu grande mestre?

VB: É. Eu sou muito grato ao Juca, até porque o Juca não tem muito essa coisa… eu não gosto dessa coisa muito de mestre e discípulo.

W (NM): De ego, nada? Ou tem?

VB: Não, tem. Mas tem de um jeito construtivo, não é de um jeito, assim, pra pisar nas outras pessoas, sabe?

W (NM): Ele tem que saber a importância que ele tem e…

VB: Eu acho que ele não tem muito, esse lance por causa da idade, não tem muito mais paciência pra
algumas coisas. Aliás, não tem nada a ver, mas eu vou mandar um abraço, não sei se vocês vão entender, falaram esse tipo de assunto e não cortem, o Chiquinho Abadá. Chiquinho Abadá, pode seguir, ele vai me matar quando ouvir isso.

W (DD): Nós não cortaremos, nós vamos deixar.

VB: Depois eu explico.

W (DD): Vai lá, Nando.

VB: Então, só voltando. Qual que é a diferença do Juca pros jornalistas, e aí eu acho que é enorme. Um detalhe, o Juca não entende muito de futebol, não é ruim, mas também não é um grande entendedor, não consegue explicar taticamente um jogo, o que é uma coisa técnica, muita gente gosta, outros não gostam, mas na hora que tem uma coisa que tem a ver com jornalismo, que é coisa investigativa, a essência… ele sabe a carreira de um político, o que ele fez na vida, a posição dele em cada momento nevrálgico, sabe? De uma situação pra mudar ou não o esporte, ou a sociedade. Na coisa crítica, que é a mais difícil e a mais nobre do jornalismo, a visão dele é muito mais longa que a média dos meus colegas, e do que a minha também. Então, o Juca é foda, o Juca é foda. O meu jornalista preferido não é o Juca, é o Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil, porque ele tem todo o conhecimento, a visão de futebol raiz, que eu gosto também, futebol onde o torcedor não fica sentado na arquibancada, onde ele fica em pé e canta, futebol que é um esporte popular, tem que ter um espaço pro povo no estádio, futebol em que o jogador tem que respeitar a camisa, em que o torcedor não faz tietagem, o cara tem que fazer muito por um clube pra virar ídolo, muito, muito, é pra poucos. Essa coisa do entretenimento que eu também não gosto muito, acho que o evento esportivo tem que entreter, mas entreter dentro do que é informação, pode brincar, pode fazer várias coisas, é aberto, mas você não pode criar situações pra audiência, polêmicas vazias, porque do jeito que é feito hoje o jornalismo esportivo, tem muita coisa que eu não assisto, principalmente de TV aberta, porque eu não gosto. Porque assim, você vem e fala uma coisa…só que as pessoas continuam assistindo, essa porra continua dando dinheiro.

W (RM): Você tem o direito de trocar o jornal, né?

VB: É a democracia da…

W (DD): Mas só é pra voltar na música, assim, que é…

VB: Do grande guitarrista.

W (DD): Não, ou o grande mestre, ou o grande guitarrista, alguém que inspirou.

VB: Ah, bem simplório, assim, Dave Murray, Tony Iommi, Randy Rhoads… aí depois, obviamente, Kerry King, Jeff Hanneman , por causa da pegada, da base, a palhetada, o abafado… bem básico, não tem muito…

W (NM): Segredo.

VB: Não tem muito segredo.

W (DD): Muito bom, e voltando àquela pergunta…

VB: O Dave Murray é o meu preferido…

W (NM): Dave Murray?

VB: Dave Murray é o meu preferido, longe de ser o melhor, o meu preferido.

W (NM): Tem uma pergunta clássica no Wikimetal, que a gente perguntou pra todos os entrevistados, cem por cento dos entrevistados respondem a essa pergunta. Imagina que você tá ouvindo música de uma maneira randômica, ou pelo iPod, ou por uma rádio, ou no som do carro, enfim, qual que é aquela música que você de repente perde o controle?

W (DD): Que você não consegue evitar.

W (NM): Que você não consegue evitar de começar a balançar a cabeça, pra gente ouvir agora no Wikimetal?

VB: Bom, eu posso pedir uma versão?

W (NM): A versão que você quiser…

VB: Killers, Bruce Dickinson, audition tape.

W (NM): Voltando agora de Killers, audition tape, com Bruce Dickinson pela primeira vez cantando as músicas do Iron Maiden.

W (DD): Só pra explicar, assim, o que que é audition tape?

VB: É o teste do Bruce Dickinson pra entrar no Iron Maiden.

W (DD): O teste do Bruce Dickinson pra entrar no Iron Maiden.

VB: No estúdio.

O Iron Maiden não tem fã, o Maiden tem torcedores. Cara que gosta de Iron Maiden vai atrás se estiver ruim ou bom”

W (NM): Logo que o Paul Di’Anno saiu, cantando, e aí a gente vê claramente por que ele pegou o emprego, e entrou no Iron Maiden.

W (DD): Vitor, é o seguinte: a gente tem um quadro no Wikimetal, que a gente meio que conversa com nossos wikibrothers e wikisisters, nossos ouvintes, né? Você não quer chamar esse quadro agora?

VB: Você que tá ouvindo o Wikimetal, wikibrother, agora é hora do ‘Papo Pesado’.

W (DD): Bom, voltando desse ‘Papo Pesado’, Vitor a gente sabe que o Brasil, nos próximos anos, vai experimentar uma fase de crescimento econômico, como talvez, sei lá, a nossa geração nunca teve a chance de vivenciar, de presenciar isso. E com isso, e com as crises que têm acontecido nos mercados mais desenvolvidos, a gente tem chance real de ver algum dia o mercado de futebol brasileiro tão, ou mais forte que a Itália, Espanha, Inglaterra, com clubes fortes, mantendo, assim, os principais jogadores daqui, uma seleção quase imbatível, grandes estádios, é possível isso?

VB: Impossível.

W (DD): O que precisa?

VB: Ah, precisa mudar tudo, porque os cartolas aqui são muito interessados nas coisas deles, a fiscalização em cima dos negócios do futebol…

W (DD): Mas isso não aconteceu na Itália também?

VB: Na Itália um pouco, mas por exemplo, lá tem time que é rebaixado…

W (NM): A própria Inglaterra, né?

W (DD): Mas aqui teve Corinthians, Grêmio, Atlético Mineiro, todo mundo passou pela segunda divisão,
também.

VB: Dentro do campo.

W (DD): Dentro do campo.

VB: Lá por escândalo de loteria, por caso de corrupção, de compra de jogo…

W (DD): E aqui teria motivo pra rebaixar times também por isso?

VB: Ah, eu acho que um monte, um monte, assim, a gente não pode afirmar o que acontece, mas tem coisas estranhíssimas no futebol, e eu não to nem falando de resultado, da administração dos clubes, não pode abrir dívidas astronômicas e não vai acontecer nada, o clube passa a ser excluído de competições, a sofrer algumas sanções. Aqui não, aqui não tem nem eleição direta pra presidente nos clubes, em muitos deles. Tem que dividir a administração do futebol, profissionalizar o futebol, criar uma categoria de sócio torcedor do futebol que vota no presidente, sabe, ter uma influência mais direta nas decisões e nos resultados do futebol. Só que ninguém tem interesse de fazer isso aqui, porque a partir do momento que você transforma, por exemplo, o clube em empresa, os sócios passam a ter responsabilidade patrimonial disso, só que o dirigente deixa uma dívida enorme…

W (DD): É do sócios.

VB: É do sócios. Uma entidade que vai receber um verniz do governo depois, uma entidade histórica, hoje em dia secular, que tem importância na história do país, que não pode acabar, que gera emprego – baixando a porta do Ugue’s – que gera emprego, que não sei o quê, os impostos são muito mais baixos, dependendo do local tem isenção de IPTU…

W (RM): Thumba, se você pudesse criar um video clip agora, montar um video clip, pensa nisso, qual o jogador que ia mostrar os lances e os gols do video clip e qual música estaria de fundo?

VB: Nossa, que pergunta difícil, cara.

W (NM): O Wikimetal é só pergunta difícil.

VB: Cara, a música…

W (NM): Você quer moleza vai jantar no ‘Bem, Amigos’.

W (DD): Aqui é sabatina.

VB: Os jogadores são Raí também é outro jogador que eu tenho em altíssima conta, Serginho Chulapa, meu pai diz que eu sou sãopaulino por causa dele, Chicão, Forlán são meus preferidos, sei lá, Rogério, Dario…

W (DD): Careca.

VB: Careca, pelo amor de Deus. Agora, se fosse pegar num campeonato só, ou de um jogador, eu to aqui entre o Careca e o Raí. Mas eu vou com o Raí.

W (RM): Raí e a música?

VB: “Disposable heroes”.

W (RM): Boa.

VB: Mais pesado. Um rock mais pesado no fundo.

W (NM): Legal. E me fala uma coisa, qual é a relação entre Heavy Metal e futebol?

VB: Quase nenhuma relação.

W (DD): Nenhuma relação?

VB: Quase nenhuma, porque o povo do futebol aqui é muito do samba, né? Então eu vou fazer uma resposta ligada a Iron Maiden. O Iron Maiden leva o clima do futebol pros show, todos, porque o Iron Maiden não tem fã, o Maiden tem torcedores, é uma outra coisa.

W (DD): Vai lá pra torcer que o show vai dar certo.

VB: É, porque cara que gosta de Iron Maiden, o cara vai atrás se estiver ruim ou bom.

W (DD): Vai empurrar a banda.

VB: Ele vai empurrar a banda.

W (NM): Até com o Blaze Bayley.

VB: Até com a porcaria do Blaze Bayley também tem torcida. E o Iron Maiden tem bandeira, e eu acho que isso de alguma maneira… vai pro estádio de futebol pros fãs do Iron Maiden. E também o negócio da imagem, agora se você for pensar, por exemplo, o Manowar, Yngwie Malmsteen, o próprio Slayer, o próprio Metallica no futebol… Vocês vão pegar no meu pé, eu gosto de Rammstein, e eu achava, uma época, que os times tinham que entrar em campo com Ich Will. Com as entradas, bandeiras.

W (NM): A gente podia ouvir uma música do Rammstein.

VB: O Rammstein te diz o que quiser pra imaginar um time entrando em campo com ela, sobretudo uma boa opção.

W (DD): Vira e meche no seu blog, inclusive vale a pena colar que é blogdobirner.virgula.uol.com.br.

VB: É isso? É isso.

W (DD): É isso.

VB: Eu não sei direito de cabeça.

W (DD): Você sempre tá postando, assim, referências a Heavy Metal, de vez em quando postando algumas referências ao Heavy Metal, tal. E recentemente você postou uma coisa que eu achei muito legal que foi uma versão Metal daquela música tradicional

VB: Do XV de Piracicaba.

W (DD): Exatamente. Isso, assim, a simpática torcida do XV.

VB: Quinze, Quinze. (Risos)

W (DD): Sempre canta, só que eu achei muito bacana que naquela música eles assumem a caipirice, né? de ser de Piracicaba, e eu queria saber, vamos ouvir um trechinho agora dessa música?

VB: Vamos, por favor. Demais.

VB: Tem a ver com Piracicaba que o próprio povo apelida a cidade de ‘Pira’ e você entende muito bem por que a cidade é ‘Pira’, porque é uma cidade de loucos, né? Com todo respeito aos corretos e tudo o mais de Piracicaba, mas Piracicaba é uma cidade de malucos.

W (RM): Thumba, você apresentou já o Cartão Verde ao lado do grande Sócrates. Um cara inteligente, um cara criativo…

W (NM): Um cara diferenciado, né? Jogadores, assim… indendente do time que você torce, todo mundo é fã, eu sou fã do Sócrates.

VB: É um puta cara.

W (RM): Sim, sim, de todos os times.

W (DD): Sensacional.

W (RM): E de uma personalidade forte, tal, inteligente. A minha pergunta: que músico se compara ao genial Sócrates? Steve Harris…

VB: Não, não, esses são técnicos, precisos, tem que ter uma coisa mais indolente, uma coisa mais inspirada e menos racional. Syd Barrett.

W (NM): Syd Barrett. Um gênio incompreendido.

VB: Incompreendido por você, pra mim ele tá muito bem compreendido e eu adoro há muito tempo. Desde a época do Vodu. Presta atenção, presta atenção. O Pink Floyd começou e acabou depois do ‘The Piper at the Gates of Dawn’, o ‘A Saucerful of Secrets’ ele ainda é um Pink Floyd, depois que virou um com todo respeito aos viciados em Pink Floyd… Tem bons momentos mas não dá.

W (NM): Não concordo.

VB: Tem bons momentos, mas…

W (NM): Mesmo The Wall?

VB: Não, o quê, The Wall é…

W (NM): Dark Side of the Moon.

VB: The Wall está pro Pink Floyd, que nem Fear of the Dark pro Iron Maiden, para você entender.

W (NM): O estilo.

VB: Fala.

W (DD): Já que a gente tá falando de futebol, você postou um comentário muito legal sobre a seleção brasileira, de como a identificação que ela tinha com a torcida tinha caído vertiginosamente.

VB: Quase morreu.

W (DD): Pra você, a melhor seleção brasileira que você viu jogar foi a de 82?

VB: Fácil, fácil, não dá nem graça.

W (DD): Aí se você tivesse que escolher…

VB: E eu sou um cara que valoriza os resultados, sou pragmático.

W (DD): Mesmo assim não ganhou, mas… Puta, e eu concordo com você, pra mim é a melhor seleção que eu vi também. Agora, a pergunta que eu queria fazer é: qual música do Iron Maiden se compara à seleção de 82?

VB: Hallowed Be Thy Name, no estúdio.

VB: Quase que eu coloquei Phantom of the Ópera.

W (NM): Estamos chegando ao fim de mais um episódio do Wikimetal, gostaria de agradecer imensamente a presença de Vitor Birner…

W (RM): O nosso Thumba.

W (NM): O nosso querido Thumba com th…

VB: Tinha que ser um corintiano pra ficar lembrando disso o tempo inteiro, né? É… tinha que ser, né?

W (DD): O tempo todo ele…

VB: É, é, foi só ele.

W (NM): Queria agradecer imensamente a presença de Vitor Ernesto Birner e queria que você divulgasse onde as pessoas podem te encontrar.

VB: Bom, eu que agradeço pela participação, me diverti muito, foi bem legal, diversão mesmo. As pessoas me encontram no meu blog, blogdobirner.virgula.uol.com.br, eu escrevo no Lance aos sábados, numa coluna lá na página 4 e durante a semana dou uns pitacos e também faço a tabelinha com o Juca Kfouri no Uol, das 3 às 4 da tarde, a Tv Uol às segundas-feiras, tá depois no site a disposição, e também trabalho no Cartão Verde, que é ao vivo das 10 às 11 da noite na TV Cultura, quem não puder ver, demora um pouquinho pra colocar, mas depois coloca o programa na íntegra no site da televisão também.

W (NM): Uma grande presença, grande amigo há muitos anos, uma honra pra gente ter Vitor Birner no nosso blog.

VB: Que isso.

W (NM): E vamos continuar ouvindo Iron Maiden para sempre.

VB: E vamos embora, porque o pessoal…

W (NM): Fechou o Ugue’s.

VB: …os caras querem dormir. Ó o silêncio em volta.

W (DD): O Chico quer dormir.

W (NM): Falou, Chico.

Chico: Falou

Categorias: Entrevistas

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