Eu sei que o Brasil é um ótimo país para o heavy metal. Eu mal posso esperar para ir para aí e tocar, nós vamos fazer isso com certeza, vai ser ótimo.”

Wikimetal (Daniel Dystyler): Oi Mia, como você está? Aqui é o Daniel, do Brasil.

Mia Coldheart: Oi Daniel.

W (DD): Eu estou aqui com o Nando, nós somos apresentador do maior podcast de heavy metal e hard rock do Brasil. É muito bom ter você no nosso programa, nós estamos muito empolgados com todo o trabalho que vocês já fizeram, lançando os dois álbuns anteriores, e agora com o novo álbum que está chegando, estamos muito empolgados. Bem vinda ao Wikimetal.

MC: Obrigada, obrigada.

W (Nando Machado): Oi Mia, como você está?

MC: Oi, eu estou ótima, e você?

 W (NM): Vou começar as perguntas, quais foram as maiores influências que fizeram com que você começasse a tocar guitarra? E a cantar em uma banda de rock?

MC: Eu comecei a tocar guitarra por causa de música Grunge, eu descobri o Nirvana, e quando eu tinha uns treze anos eles eram tudo para mim. Desde o começo, eles foram os meus primeiros heróis da guitarra. Para algumas pessoas, pode parecer incomum para uma guitarrista começar dessa forma, mas para mim foi o Kurt Cobain e, é o Nirvana era a maior coisa. E depois de um tempo, quando eu comecei a melhorar, eu comecei a ouvir bandas como Megadeth, por exemplo, e eu também adoro Alice in Chains, o Jerry Cantrell também foi uma grande influência. E para o Crucified Barbara, eu acho que a banda não teve nenhuma influência especial, eu acho que todos nós gostávamos de tipos diferentes de bandas e música. Todos os tipos de gêneros, não só metal e rock.

W (DD): E quanto a essas bandas femininas famosas, como o Girlschool ou o Runaways, elas tiveram algum papel na formação da banda?

MC: Não, na verdade não. Eu acho que todos nós começamos por causa do Nirvana mesmo, nas diferentes partes de Estocolmo, de onde nós viemos, antes de nos conhecermos, todo mundo cresceu ouvindo esse tipo de música, então nós começamos como uma banda grunge. Mas para mim, eu acho, as artistas femininas… A banda Phantom Blue foi… Há um álbum chamado “Built to Perform”, que eu descobri e gostei muito. E bandas suecas… o “Drain” foi muito importante para mim quando eu comecei a tocar.

W (DD): E a Gigi é a vocalista do Phantom Blue, se eu não me engano…

MC: Sim, exatamente. E quando eu comecei a ouvir Phantom Blue, eu ainda não era uma cantora, eu estava prestando atenção nas guitarras, mas quando eu ouvi ela cantar, eu pensei: “Meu Deus, eu também quero cantar!”. Eu não cantava naquela época, mas eu tive o desejo de cantar naquela época, quando eu a ouvi.

W (NM): Nós temos um ouvinte, um dos nossos maiores fãs também é um grande fã do Crucified Barbara, e ele acabou de nos mandar uma pergunta. A Suécia e a Europa do norte são muito conhecidas pela alta qualidade de vida, em relação ao respeito pelos direitos humanos e pela igualdade de direitos para as mulheres. Isso também se aplica as suas atividades cotidianas como música em uma banda de heavy metal?

MC: Sim, de certa forma, porque você é encorajado a tocar… Nós temos a oportunidade de tocar um instrumento, não importa se você é um menino ou uma menina. É bem raro uma menina tocar rock, mas não é algo estranho, e não é mais difícil. Eu acho que também é difícil ser uma garota aqui, porque algumas pessoas também têm preconceitos, algumas pessoas acham que as meninas não sabem tocar, e se é você mesmo tocando no álbum… Eu acho que nós já tocamos a há doze anos, nós já temos uma reputação aqui na Suécia e no resto da Europa, então é difícil dizer, porque nós nunca tivemos problemas, nós só tocamos e nos divertimos. Eu acho que é provavelmente mais fácil na Escandinávia do que em muitos outros países, com certeza.

Eu comecei a tocar guitarra por causa de música Grunge, eu descobri o Nirvana, e quando eu tinha uns treze anos eles eram tudo para mim.”

W (DD): Nós adoramos a direção musical que vocês tomaram em 2009, quando vocês lançaram o álbum “Till Death Do Us Party”. O álbum novo, “The Midnight Chase” é na mesma direção?

MC: Eu acho que o álbum novo… Eu acho que é o melhor álbum que nós já fizemos, eu estou muito feliz com todas as músicas, e eu acho que nós crescemos como compositoras e músicas. Eu acho que nós escrevemos músicas melhores, e eu acho que o som está melhor nesse álbum. Agora nós temos os nossos próprios amplificadores e baterias, o equipamento todo, nós gostamos muito, então é muito bom usá-lo no álbum. Nós não tínhamos o nosso próprio equipamento no último álbum, então é um ganho, está melhor do que os outros, eu acho que as músicas são melhores, definitivamente.

W (DD): Excelente. Nós estamos muito ansiosos para ouvir o álbum novo.

MC: E eu acho que nós não mudamos a direção musical, eu acho que ainda é como uma mistura… Eu acho que o nosso som é uma mistura entre o metal e o rock, e continua sendo isso, mas um pouco melhor, eu espero.

 W (DD): Nós temos uma pergunta clássica no nosso programa, que nós fazemos a todos os nossos entrevistados, que é: imagine que você está ouvindo o rádio em uma estação de rock, dirigindo o seu carro ou o que seja, ou ouvindo o seu ipod ou mp3 player no shuffle, e de repente uma música começa a tocar que faz você perder a cabeça e começar a headbangear imediatamente, não importa onde você esteja, você não consegue se conter. Que música seria essa, para que nós possamos ouvi-la no nosso programa agora?

MC: Não sei se é uma resposta espontânea, mas seria “The Book of Heavy Metal”, do Dream Evil.

W (DD): Muito bem. Você se importaria em anunciar essa música.

 MC: Ok. Você está ouvindo “The Book of Heavy Metal”, do Dream Evil!

W (DD): Eu gostaria de saber por que você acha que a Suécia tem tantas bandas boas de metal? E se as bandas suecas continuam sendo amigas umas das outras, se apoiando, você passam tempo juntos?

MC: Sim, nós passamos tempo juntos, e é uma boa atmosfera, nas diferentes partes da Suécia há diferentes tipos de heavy metal, então nós conseguimos ouvir o que as outras bandas estão tocando. Eu acho que se uma banda tem sucesso e começa a crescer, mais pessoas têm vontade de tocar, sabe, jovens têm vontade de formar suas próprias bandas, eles querem fazer o mesmo. Então eu acho que para cada banda que faz sucesso, novas bandas se formam. E nós temos um cenário musical muito bom aqui na Suécia, você é encorajado a tocar, você pode tocar instrumentos em escolas públicas, e… É difícil de arranjar locais de ensaio, mas mesmo assim, há organizações que ajudam jovens a formarem bandas e tocar ao vivo… Sem, eu acho que é uma mistura disso tudo.

W (NM): Mia, vocês estão confirmados para tocar esse ano no “Sweden Rock Festival”. O que isso representa para vocês, e qual foi o ponto alto da sua carreira?

MC: Essa será a quarta vez que nós vamos tocar… Nós já tocamos lá três vezes anos, e uma dessas vezes foi um dos nossos melhores shows, há cinco anos… Eu acho que foi em 2006. Nós tivemos azar, nós íamos tocar ao meio dia e nós não achávamos que ninguém estaria acordado essa hora, mas quando nós fomos para o palco, estava lotado, dez mil pessoas, todas gritando e foi uma surpresa. Então foi um grande momento, e á claro, nós ficamos muito felizes, porque tantas pessoas estavam lá para nos apoiar e cantar nossas músicas… Nós fizemos muitas coisas incríveis, essa foi uma delas… Uma ótima lembrança.

 W (DD): E como foi a sua participação no “Eurovision Song Contest” na Suécia? Provavelmente foi muito divertido.

MC: Sim, foi muito divertido. Primeiramente nós ficamos em dúvida se queríamos participar, nos perguntaram se nós queríamos tocar nossas músicas, e nós dissemos “Bom, não sei se isso é para a gente, porque nós já temos nossos fãs, pode até ser prejudicial para a nossa reputação participar disso”, porque na verdade não é bem visto participar do “Eurovision Song Contest” se você é uma banda de rock. Mas nós decidimos que seria divertido, porque nós não tínhamos nada programado naquela época, e nós já tínhamos tocado muito e feito outras coisas, então nós achamos que as pessoas que gostavam de nós continuariam gostando depois disso, e as pessoas que não gostavam, elas não iriam gostar do mesmo jeito, então… Foi uma experiência muito legal, nós nos divertimos, havia muita imprensa, muita mídia, e tocar para centenas e milhares de pessoas não é uma coisa ruim, então foi uma ótima experiência.

E nós temos um cenário musical muito bom aqui na Suécia, você é encorajado a tocar, você pode tocar instrumentos em escolas públicas.”

W (NM): Mia, você pode escolher uma música agora do Crucified Barbara que você tem muito orgulho de ter escrito, para que nós possamos ouvir agora no programa?

 MC: Talvez vocês possam tocar o nosso novo single “Into The Fire”. Quer que eu anuncie?

W (DD): Sim , isso seria ótimo.

MC: Ok, aqui vai nosso novo single “Into The Fire”. Aproveitem!

W (DD): Essa foi “Into The Fire”. Vocês lançaram um vídeo muito legal dessa música no seu site. E nós recomendamos que os nosso ouvintes comprem o novo álbum do Crucified Barbara, The Midnight Chase”. Vocês planejam lançar outros vídeos desse álbum?

MC: Sim, nós queremos lançar muitos vídeos, porque nós não fizemos muitos no passado, e eu acho que… Eu adoro assistir vídeos de outras bandas, então eu tenho muitas ideias para quase todas as músicas, eu crio os vídeos na minha cabeça, então eu espero que nós façamos muitos mais vídeos.

W (DD): Mia, essa é uma pergunta engraçada, mas eu estou curioso: bem no começo da música “Creatures” do seu último álbum, foi você que gravou essa espécie de choro que se transforma em um grito ou foi outra pessoa?

MC: Não, eu faço tudo. Eu tento fazer isso ao vivo, mas às vezes eu fico com uma tremenda dor de cabeça quando eu faço, então eu tenho que me abaixar por uns momentos… Não, sou eu mesma que faço.

W (NM): Mia, o que você sabe do heavy metal brasileiro?

MC: Eu sei que é um ótimo país para o heavy metal, nós temos muito apoio no nosso site. Eu mal posso esperar para ir para aí e tocar, nós vamos fazer isso com certeza, vai ser ótimo.

W (NM): Você conhece alguma banda brasileira, alguma banda feminina, ou bandas que têm mulheres? Tem umas muito boas aqui.

MC: Não, eu não conheço nenhuma banda feminina, você poderia me indicar alguma?

 W (NM): Sim, tem uma chamada Nervosa que é muito boa. Nós podemos te mandar alguns links, se você quiser.

MC: Sim, isso seria ótimo, com certeza.

W (DD): Mia, o que você diria para uma garota que está pensando em montar uma banda ou começar uma carreira como cantora? Que conselho você daria a ela?

MC: Eu diria: vai fundo. Eu acho que para as garotas pode ser mais difícil… Para mim, por exemplo, não importava se eu tocava com meninos ou meninas, mas eu acho que é muito divertido ter uma banda só de meninas, porque é um sentimento especial, eu imagino que é a mesma coisa para meninos que tocam com outros meninos… O problema é que pode ser muito difícil encontrar bons membros de banda, se você está sozinho na escola, por exemplo, encontrar outras garotas que tocam. Mas não espere para encontrar os membros de banda perfeitos, eu acho que você deve começar a tocar com as pessoas que querem tocar com você, mesmo não sendo o mesmo tipo de música que você gosta, só toque, porque você tem que praticar e melhorar, e assim que você se divulga, você começa a arranjar bicos e conhecer outras pessoas e fazer contatos. E é aí que você encontra a banda que você queria, depois de um tempo. Você não pode ficar sentado em casa sonhando com a banda perfeita, você tem que sair, conhecer as pessoas, tocar com muitas pessoas diferentes.

Nós não tínhamos o nosso próprio equipamento no último álbum, então é um ganho. Eu acho que as músicas são melhores, definitivamente.”

W (NM): Nós estamos terminando nossa entrevista, Mia muito obrigado pelo seu tempo, em primeiro lugar. Você poderia deixar uma última mensagem para todos os fãs brasileiros, todos os fãs do Wikimetal?

MC: Sim, o Crucified Barbara mal pode esperar para vir para o Brasil, faz muito tempo que nós estamos na Suécia. Espero que vocês gostem do álbum novo, e esperamos ver vocês em turnê.

W (DD): Excelente, Mia, muito obrigado pelo seu tempo, você foi muito simpática. Pode contar com o Wikimetal para promover o Crucified Barbara aqui no Brasil, tudo o que nós pudermos fazer, nós faremos.

MC: Legal, obrigada.

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