O disco que mudou minha vida foi Metallica Kill ‘Em All”

Wikimetal (Daniel Dystyler): Fala moçada, começando mais um episódio do Wikimetal, eu Daniel Dystyler junto com meus amigos Nando Machado e Rafael Masini. E hoje a gente tá aqui num lugar maravilhoso, Norcal Estúdio, junto com uma presença ilustre que eu já vou apresentar. Produtor musical, com vasta experiência como compositor, sócio desse lugar, do Norcal Estúdios, onde ele lidera uma equipe de criação, de produção musical em publicidade, em cinema, apaixonado por guitarra e toca outros instrumentos também. Formado em engenharia de áudio pela Califórnia State University. Brendan Duffey, bem vindo ao Wikimetal.

Brendan Duffey: Valeu galera.

Wikimetal (Nando Machado): Muito legal estar aqui com você, Brendan, e para gente começar a nossa conversa queria que você explicasse para os nossos ouvintes e telespectadores como foi que você começou a trabalhar com produção?

BD: Quando eu era moleque comecei a tocar em banda. Na verdade eu era cantor porque era pianista erudito, não tocava guitarra, nada de Heavy Metal, nossa! Era muito viciado em Judas Priest, Iron Maiden, Venom, Testament, tudo que era capa com caveira eu comprava. E ao longo dos anos eu descobri que sempre era eu fazendo o som nos shows, que manjava na mesa. Um amigo meu que chama Nick Corvell, a gente comprou um 4-track na época do Tascam, fita cassete, acho que eu tinha 13 ou 14 anos, ali que começou. Aos 16 anos de idade, 17, comecei a fuçar e entrar em estúdios pra tentar. Com 18 anos de idade eu entrei na faculdade, primeira faculdade em Sacramento, comecei fazer Recording Arts, comecei a fazer o som ao vivo quase 3 dias por semana para ganhar dinheiro mesmo. Uns anos depois fui para Chico State University para fazer Recording Arts. E eu tava trabalhando em estúdio, já gravando um monte de banda de Punk Rock tudo Underground nada extremamente grande. Na época eu estava fazendo show com todo mundo, RunDMC, Testament, todas as bandas do Bay Area que para mim foi uma honra. A maioria das noites ficava no palco com os caras que eu sempre escutei minha vida inteira, lá do meu lado. Eu desisti mais ou menos depois de algum tempo de som ao vivo e entrei somente em estúdio quando eu me formei no Chico State. Eu me mudei para o Canadá por um tempo, trabalhei no estúdio gravando música erudita e jazz e minha esposa voltou para o Brasil e eu fui atrás. Graças ao grande produtor e técnico Lampadinha, comecei a trabalhar por causa dele lá no Estúdio Midas com Rick Bonadio logo de cara comecei a gravar CPM, Charlie Brown, Rouge, BR’OZ. Dois anos depois eu abri o Norcal eu quis fazer o Metal, Hard Rock. A experiência com Rick foi uma coisa maravilhosa para ver como funciona o mercado musical, mas pra falar mesmo quando eu virei produtor musical, não é uma coisa que eu posso falar, foi tal dia em tal disco, foram anos e anos e anos depois de assistir todo mundo fazendo, foi assim, de repente “Ó to produzindo”. Eu já fiz muito. Tem trabalhos que fiz anos atrás na Califórnia que pode ser que eu estava produzindo, mas de verdade eu acho que eu comecei aqui.

W (DD): E eu vou deixar já o Rafinha perguntar, mas só pra galera que tá nos ouvindo e nos vendo a gente tá aqui falando com o Brendan justamente por causa dessa história toda que ele tem e principalmente com o pé muito forte dentro do nosso meio, do Metal.

W (Rafael Masini): Brendan você tem algum produtor que te serve como expiração, como grande exemplo no mundo do Metal ou algum disco que em matéria de produção que você ouve e fala assim “Meu Deus isso é uma obra prima”?

BD: Uuff, tem tantos! De produtor eu acabo seguindo mais as pessoas que me ensinaram a fazer o áudio que começou com um cara que chama Laurence Herman que é da minha cidade. No mundo de produção é ninguém, mas no meu mundo foi o cara que me ensinou tudo, como fazer cabo até como gravar.

W (DD): Um professor para você né?

BD: Aham. Outra é a Sylvia Massy Shivy que fez os primeiros três tours. Eu trabalhei com ela por um tempo e foi uma experiência incrível porque ela abriu as portas do estúdio dela, me deu o código do alarme e falou “Se vira”. Eu fiz um disco grande com ela e o resto do tempo ficava no estúdio dela mixando coisas nas mesas, ela sempre me mostrou. Aqui, Lampadinha, Paulo Anhaia, o Adriano Daga que é meu parceiro de produção, eu sempre faço os meus discos junto com ele porque é uma coisa, eu acredito que trabalhando com outro sempre tem um “pull up” para fazer algo melhor, pensam de uma maneira diferente. Mas eu posso falar de discos que mudaram minha vida, eu acho que produção é uma coisa, é mais voltado para parte musical, tem a parte de um álbum que o som é para caralho, aquele som de bumbo tal. O disco que mudou minha vida foi Metallica, Kill ‘Em All, a gente tocou guitarra com esse disco. Eu acredito que o melhor disco de Thrash Metal quase de todos os tempos, eu acho incrível o disco, não tem nenhum momento ruim naquele disco.

W (DD): É, não tem mesmo.

BD: Sepultura Arise, eu lembro, eu pulei o muro da minha escola para comprar aquele disco. Foi a primeira vez que eu escutei de verdade e gostei do Death Metal, uma semana depois eu tava comprando o Morbid Angel.

W (DD): Caiu nesse mundo?

BD: É, cai nesse mundo.

W (NM): Naquela época você imaginava que algum dia você iria vir pro Brasil?

BD: Ah! Sepultura na época era uma coisa incrível, você entrava na loja e metade da parede era Sepultura. Nesse momento, tem Andreas Kisser gravando no meu estúdio.

W (DD): Ah hoje né? Agora. Nesse instante. Ele ta aqui na outra sala.

W (RM): É, encontrei ele, eu fui tirar o carro que tava atrapalhando a entrada dele aqui.

W (DD): Muito legal. E você nesse mencionou agora uns discos e a gente no nosso programa além de bater um papo a gente também ouve músicas e hoje você vai ser o produtor musical do nosso programa aqui, você vai escolher. Então a gente vai só te dar uma orientada em que tipo de música escolher. A primeira é a pergunta que a gente faz para todos nossos convidados, todo mundo passa por essa pergunta, não é uma pergunta fácil, que é assim: Imagina que você tá em qualquer lugar com o ipod em shuffle mode e têm milhões de músicas de Heavy Metal e você tá ouvindo uma, duas, três, de repente toca uma música e você não consegue evitar “You can´t refrain yourself” você tem que headbangear aonde você estiver, você fica louco. Que música é essa pra gente ouvir?

BD: Into The Pit – Testament

W (NM): Brendan, você trabalhou em muitos discos como produtor, em alguns discos como engenheiro de som, mixou alguns trabalhos. Quais são as diferenças desses tipos de trabalho? Engenheiro de som e produtor?

BD: Como engenheiro de som eu fico seguindo os pedidos do produtor musical, então tem que procurar os timbres, o que ele tá querendo, cuidar da parte da edição, gravar alguma coisa bem para o produtor não ter que ficar olhando tanto para tela. Ele pensou na parte musical. É a função basicamente de gravar do jeito que o cara tá pedindo. Você coloca os mix e tudo mais para buscar o som que ele tá querendo.

W (NM): Você acha que no Brasil existe alguma diferença? Porque na minha cabeça pelo menos o produtor lá fora ele é um engenheiro de som. Ou não é necessariamente assim?

BD: Hoje em dia se você não mistura os dois você morre.

W (NM): Mas existem produtores no Brasil que não manjam de engenharia de som né?

BD: Eu gosto de mexer nos dois lados porque eu sei como buscar aquele som, eu não tenho paciência para deixar o outro fazer, para mim tipo tem que ser os dois, tem que ter um conhecimento dos dois lados. Eu tenho uns amigos mais velhos que são produtores, vem para cá gravam comigo e deixam que eu faça a parte de técnico e eles fazem a parte de produção musical, tem que confiar na outra pessoa também. É quase um casamento.

W (RM): E Brendan, você acha que você ter estudado nos Estados Unidos, ter conhecido as músicas lá, isso influencia muito, tem um diferencial na verdade no seu trabalho?

BD: Eu acho que não tem nada a ver na verdade com os Estados Unidos. Eu estudei muito, toquei piano, sax, baixo, guitarra, estudei, sou formado em música. Eu acho que o ensino lá é muito forte. As pessoas abrem as portas de informação, eu nunca trabalhei em estúdio que um cara escondeu aquilo que tava fazendo, ele sempre…

W (DD): Tem muito acesso a informação?

BD: Muito acesso. Aqui tá tendo agora, eu acho que a galera tá mais aberta com youtube e tudo mais tá mais fácil. Então hoje em dia não, talvez 15 anos atrás tivéssemos essa diferença, mas hoje em dia eu acho que…

W (DD): Já não faz tanta. E pegando esse lance de Brasil e o resto do mundo. Existe algum estilo de Metal brasileiro falando de produção, ou você acha que as bandas nacionais daqui, quando elas vão gravar um disco, eles se inspiram basicamente só no som internacional ou tem um estilo brasileiro assim?

BD: Acho que não. Sepultura é um som. Nossa e tem muita banda igual Sepultura. Eu acho que mesmo tirando o fato de que é Brasil, é Metal. Essa é uma coisa eu acho bem importante.

W (DD): O Metal rompe as fronteiras.

BD: Se o álbum tá bem feito você vai atrás “Pô gostei desse álbum aqui eu quero fazer esse”. Você tá elogiando o trabalho do outro. Eu sempre esperei “Porra gostaria de fazer o álbum igual o Dead Heart In A Dead World”, Andy Sneap acertou, incrível aquele álbum. Outro que ele fez foi Testament – The Gathering, para mim é um dos melhores trabalhos dele.

W (DD): Ele fez um monte de bandas agora.

W (NM): Ele fez o Accept o último também.

BD: Que é muito bom e se eu vou copiar ele, vou tentar fazer a mesma coisa, é inspiração, tipo eu gostei, eu vou atrás. Eu acho que é uma coisa…

W (DD): Um guideline.

BD: Aham. Uma coisa positiva sempre. A gente entrou no Metal por causa disso, escutar aquele disco. Nada se faz original hoje em dia, você pode buscar um caminho, “eu quero fazer uma música com tal banda e com som de tal banda”, eu acho uma coisa positiva porque tem que lembrar também que uma banda hoje em dia, tipo Forka, que é uma banda do Underground aqui, é muito boa.

W (DD): Rolou no Orgulho Nacional agora recentemente.

BD: É. Se alguém vira fã deles, é um passo para virar fã do Korzus, isso é uma coisa boa, gosto do Forka, gosto do Korzus, vai dirigindo as pessoas para o lugar certo.

W (DD): Legal.

Bandas que estão trazendo influências de outros ares são as bandas que acabam sobressaindo”

W (NM): E falando agora da diferença do músico, do artista. Você trabalhou com muitos artistas internacionais Mike Mangini, Billy Sheehan, Tim “Ripper” Owens e com muitas bandas brasileiras. O músico brasileiro tem algum diferencial comparado com o estrangeiro ou ele obedece ao produtor ou existe alguma diferença ou semelhança assim?

BD: Cada músico em geral é diferente. Eu acho que o brasileiro não é diferente nesse sentido. Talvez diferente porque você não pode comparar Billy Sheehan com um cara de uma bandinha que tá começando a gravar.

W (NM): O Andria Busic também.

BD: O Andria Busic…

W (NM): É um grande baixista.

BD: É um grande baixista. O comportamento do Andria no estúdio quando a gente fez Bravo comparado com o Billy Sheehan é quase o mesmo. O cara respeitou muito a gente, a gente respeitou ele, a gente brigou um pouquinho pra acertar o som do disco, mas em geral, eu acho que o problema em si é o valor que cada um tem, o Billy sabe que a galera valoriza o trabalho dele. Eu acho que especialmente as bandas mais antigas como Dr. Sin, Korzus, esses caras tem mais. Eu acho que a galera tem que se dar mais valor para essas pessoas. Andria Busic é um baixista fenomenal, é um músico incrível, é um cantor, um dos melhores do país eu posso falar. O cara é excelente. Os irmãos Busic em si, eu acho que a gente tem que ter um movimento para lembrar.

W (NM): De valorizar.

BD: O Metal daqui, tem que dar valor para eles porque Dr. Sin eu acredito que ainda hoje é umas das bandas de Metal que são tipo Viper, Dr. Sin, Korzus, Sepultura, Krisiun essas são as tipo “pedras” de Metal aqui. Basta lembrar o valor de cada um que eles ainda estão fazendo discasso. Dr. Sin não tem nenhum disco ruim que eles lançaram que a galera fala “Porra que merda”. O último disco do Korzus, meu Deus!! Aquele disco é muito bom.

W (RM): Discipline Of Hate.

BD: Para Thrash Metal escutar muitas vezes no trânsito.

W (RM): E vamos pegar aqui a gente tá falando de disco, de música, hora de música no programa. Eu sei que você produziu muitos discos que você se orgulha. Mas eu quero que você escolha uma música, de um disco que você se orgulha muito de ter produzido, de uma banda que você gosta muito, pra gente ouvir aqui no Wikimetal. Pede a banda e a música.

BD: Seria a minha última produção para sair que é uma banda que chama King Of Bones, música chama We Are The Law.

W (DD): Brendan, pela sua experiência de tudo que você já fez, você acha que o Metal continua um universo muito fechado ou ele tá mais aberto para as bandas trazerem elementos de fora do mundo do Metal como o Sepultura fez nos anos 90? Como você vê isso e você teve experiência com isso também de produzir discos que alguns elementos de fora, diferentes do que é o tradicional do Metal foram usados?

BD: Eu acho que todas as mudanças que aconteciam no Metal, tipo Roots ou Opeth, bandas assim que tão trazendo influências de outros ares, sempre são as bandas que acabam sobressaindo um pouquinho. Mastodon, por exemplo, é um Metal normal e ao longo dos anos foi uma banda que emplacou legal. Eu acho que merece o espaço que tem porque sempre trás uma pimenta diferente para o nosso mundo, mas o fato que Metal é um mundo meio fechado eu gosto também. Não que todo mundo que vai gostar, tanto que Metal não fica tanto no media stream. Muitas vezes eu acho que ajuda um pouquinho porque a galera quando faz um disco não tem aquele papo de “Ah corta aí porque não vai tocar no rádio”, “Faz isso!”.

W (NM): Mais livre né?

W (DD): Mais liberdade.

BD: O papo de Metal é “Cara deixa mais brutal”, “Tá muito suave”. Eu acho que isso acaba sendo muitas vezes menos preocupado com o mercado, mais preocupado com as influências deles. De discos que eu já fiz um antigo que foi bem legal foi uma banda que chama Chipset Zero, o álbum chama Red – O – Matic a gente fez percussão de samba, um monte de coisa, foi divertido, não é a coisa mais original do mundo. Mas who cares? O resultado ficou bacana. Tipo um Slipknot brasileiro. O próprio Andre Matos traz Angra também, muitos elementos que vamos dizer que não é o normal do mundo Power Metal.

W (DD): Tradicional.

BD: Acaba perdendo alguns fãs porque você não tá cantando sobre os dragões e Gandalf, mas trás um pouquinho de novidade.

W (DD): Legal. Muito bacana isso né, Nando, que ele falou sobre a liberdade que o Metal tem porque não tem a necessidade de ser comercial.

W (NM): É muito legal. Eu acho que o preconceito dentro do Heavy Metal ele só atrapalha né? Pô, os criadores do Heavy Metal que foram o Black Sabbath, eles misturavam jazz com o rock, então não existe nenhum motivo para você ter esse preconceito, quer dizer, é lógico que você não vai fazer uma mistura de qualquer coisa gratuitamente, mas elementos externos desde que tenham qualidade musical acho que não tem nenhum problema em serem né?

W (DD): Mesmo no Never Say Die o último do Ozzy tem uns elementos de country numa música, então eles misturavam mesmo.

W (NM): E você tem que ouvir outros tipos de música também. A gente já entrevistou o Zakk Wylde, que falou um pouco sobre isso, a gente perguntou para ele sobre isso e é claro que você tem que ter a cabeça aberta para você ouvir outros tipos de música pra você absorver o que aquele estilo tem de bom e aplicar as vezes no seu próprio estilo.

BD: Mas eu acho que você pode conseguir enxergar isso também pela idade. Quando eu tinha 13 anos, 15 anos…

W (NM): Era só Metal.

BD: Era true, cara. Se não era Slayer era uma bosta. E depois eu tava tocando jazz, erudito, comecei escutar as coisas, de repente sai o álbum de uma banda chamada At The Gates, Slaughter Of The Soul, esse álbum mudou minha vida na época que eu comprei. Eu lembro comprando o primeiro disco do In Flames e o Swedish Metal quando chegou era completamente diferente. Meu, era mais light na verdade. Não era um Morbid Angel.

W (RM): E hoje em dia como você vê o Metal não só no Brasil, mas no mundo? Você acha que a situação do Metal no dia de hoje favorece o surgimento de novas bandas?

BD: O fato que Metal deu uma baixada por volta de 2000 e pouco, grandes bandas do tipo Testament, Corrosion Of Conformity, todo mundo deu uma descida. Eu acho que o mercado estava saturado de uma forma e a galera tava meio de saco cheio. Tipo o Metallica, que deu a grande saída do Black Álbum, bombou tudo, e depois poc, caiu. Nesses momentos a galera começa a fazer álbum bom de novo, porque o que todo mundo tava copiando – Megadeth, Metallica – essas bandas da época, morreu tudo. Até Pantera foi embora e nessa época começou surgiu Slipknot, New Metal chegou, Korn… Não sou fã, mas foi um movimento enorme. Isso através do Roots. Depois que o Roots saiu, nos Estados Unidos teve um movimento de Metal completamente diferente. Eu não era fã, mas muitas bandas saíram naquela época e começaram a cresce de novo, Korn, até hoje, é uma das maiores bandas de Metal do mundo, querendo ou não eles lotam estádio no mundo inteiro. Então eu acho que tem que ter essa subida e caída sempre pra novas ideias, senão todo mundo acaba copiando o outro. New Metal você viu isso, no fim do New Metal era Papa Roach e tinha um monte de outra coisa e as bandas que começaram tipo Deftones, esses caras ainda estão aqui, mas aqueles que chegaram no fim não tem muito mercado porque já tá saturado. Não dizendo que eles são ruins, mas eu acho que quem criou a ideia ainda consegue fazer um pouquinho melhor.

No movimento do Metal uma mulher que produziu uma grande estrela hoje em dia é Sharon Osbourne.”

W (NM): Brendan a gente tem acompanhado uma dificuldade muito grande no Brasil e fora do Brasil também, em encontrar os novos ídolos, novos grandes artistas até headliners de festivais e tudo. A gente sempre vê os grandes nomes, os nomes de bandas de 30 anos, 40 anos sendo os headliners e no Brasil a mesma coisa, André Matos, Sepultura, Viper, Korzus, bandas que já tem uma longa estrada né. Você acha que hoje quem são os grandes nomes que vão ser o Iron Maiden do futuro ou o Korzus do futuro no Brasil e lá fora? Existem esses representantes, a nova geração?

BD: Eu espero que exista. É difícil, é sempre difícil falar isso porque as bandas que fazem isso são as bandas que vão surgir do Underground mesmo. Vamos dizer que hoje em dia uma banda daqui de São Paulo, cidade de São Paulo que não dá para negar que tá bombando é Project46 o show da banda é incrível, o disco da banda é incrível. Eu acredito que no mundo do Metal mais pesado eles vão ficar um bom tempo, pra preencher esse espaço de Krisiun, Claustrofobia, esses caras. Shadowside é uma outra banda que eu acredito que vai, tá aqui faz tempo, acho que eles tem chance de virar algo maior, é só deixar o mercado aceitar. Porque uma coisa que eu acho que foi ruim por um lado, no ano passado no Rock in Rio, Gloria tocou, o povo aqui tem que dar um espaço para orgulho nacional, a banda tá no palco principal, tá anoitecendo, a banda tocou um show incrível e a galera tá vaiando, porque é meio Emo, não sei o que.

W (NM): Mas o som não tem nada de Emo né?

BD: As letras tem um pouquinho, o cara canta tal, tem um lado true que nunca vai aceitar.

W (DD): Você acha que com o Kiara nesse próximo Rock in Rio vai acontecer alguma coisa parecida?

BD: Eu espero que não. A gente tem que…

W (DD): Tem que prestigiar né?

BD: Tanto faz como a banda chegou, se você não gosta é questão de gosto, mas tem que torcer um pouquinho, que tem fã. A banda tem fã.

W (DD): Isso que o Brendan tá falando é o que a gente fala sempre aqui no Wikimetal, da gente invés de ficar dividindo nosso movimento, que ele já é pequeno por natureza, e vai ficar um monte de movimentozinhos minúsculos que não tem força para nada a nossa ideia é sempre somar isso para um movimento ajudar o outro, uma banda ajudar a outra e o público realmente tentar empurrar o movimento que no final tudo é Metal né.

W (NM): Você acha que lá fora existe menos preconceito com as bandas de estilos variados assim ou true zero também tão lá?

BD: Ah true zero tem em todo lugar. É o que mais tem, cara com opinião forte. A gente precisa do true zero. Que seja seu fã e um fã fiel. Acho que a internet aumentou o poder do true zero entre aspas, mas o mercado aqui ainda tá na base das bandas antigas e tá difícil para as pessoas, eles nem querem acreditar nas bandas como Sepultura, André Matos, esse já é um mercado difícil para eles aqui, então imagina pra uma banda que está começando. A galera tem que pensar em fazer novos mercados, novas ideias, criar uma coisa sozinho que hoje em dia não tem uma gravadora abraçando a causa, empurrando.

W (NM): E colocando dinheiro.

BD: Você tem que fazer mesmo então o movimento é mais “roots”. Porém quando você consegue pegar aqueles fãs eles vão ficar.

W (RM): Vamos pegar agora um pouco do seu lado músico. Como é que você tá? Tem banda? Você toca de vez em quando? Só no churrasco com os amigos? Pretende fazer um show, lançar um disco? Como tá o lado músico mesmo?

BD: Ultimamente eu estou tocando muito teclado mesmo, ALT-S, F1. Eu tocava com uma banda que chama Chorume com um grupo de amigos meus, mas por causa de falta de tempo a decisão da minha vida foi seguir mais o lado da produção musical eu abandonei a causa. Hoje em dia não, porque eu sou velho, tenho 35 anos, tenho filho, mais um no caminho, eu gostei muito de banda, mas no momento eu gosto de ver a molecada e lembrar “Pô foi legal para caramba na época que eu tocava Metal nos Estados Unidos com meus amigos fiz umas turnêszinhas , tocar em lugar zuado, não tem ninguém”. Eu gosto de assistir show hoje em dia, não que eu não goste de tocar, mas falta de tempo.

W (DD): E já que você dedica muito mais tempo a produção e engenharia musical e tudo mais, e para fazer um trabalho de tanta qualidade como você faz é claro que é um monte de características, é um monte de coisas juntas, mas se você tivesse que escolher uma característica que faz um produtor musical ser bom que característica é essa? Qual característica que define melhor um produtor musical? Qual é o ouro disso?

BD: Eu acho que uma não basta só falar uma, é paciência e tem que amar de verdade fazer música.

W (DD): Paciência e gostar muito do que faz né? Legal!

W (NM): Brendan agora uma curiosidade que todo mundo deve estar pensando que tá assistindo. Que você veio fazer no Brasil?

BD: Eu tô apaixonado por uma mulher brasileira então… Eu tava morando no Canadá, na época que ela tinha voltado para o Brasil, e a gente morava junto na época de faculdade. Quando eu falei que a temperatura fora do estúdio que era -30 com vento e na época era carnaval aqui, ela tava na praia tomando cerveja e falou “pode vir pra cá. Pra lá eu não vou”. Então…

W (DD): É um ótimo motivo.

BD: Então eu vendi meu carro, vendi todos os meus equipamentos de áudio, achava que era um abandono geral, era dar aula de inglês, e acabei ficando 6 meses aqui casando, lógico, e fui atrás de estúdio de novo.

W (NM): E aí como é que você começou na música aqui no Brasil?

BD: Eu fui contratado….

W (NM): Você tinha um currículo muito bom obviamente né?

BD: Sim! Eu fiz uma entrevista meio engraçada com o Lampadinha, chamava bateria de baratas, eu mal falava português. Meu hoje em dia um grande amigo meu, é um dos meus professores do mundo do áudio, me contratou como assistente lá no estúdio Midas eu entrei logo como assistente em grandes gravações de discos de Rock aqui, conheci todo mundo, fiz um monte de amigo, conheci donos de produtoras bons aqui do país, Paulo Anhaia que eu acho bacana, é um grande produtor de Metal também.

W (NM): E músico também, excelente baixista e cantor também.

BD: E pessoa, ele fez Madame Satan então, eu acho um disco fenomenal.

W (NM): Uma banda de Belém do Pará

W (DD): Uma menina né que canta.

BD: Eu sou muito fã, eu gosto mesmo.

W (NM): Ele era baixista do Monster né?

W (DD): É.

BD: Eu acabei entrando em estúdio naquela época, mas aqui no Brasil eu tô aqui pra minha mulher.

W (RM): E por falar, eu vou até pular aqui algumas perguntas, já que você falou da sua mulher que te trouxe para o Brasil, vamos pegar esse gancho e fala para gente quem você considera uma mulher importante pro Rock, pro Metal, nacional ou mundial, que é um mundo muito mais dominado por homens, mas tem muitas mulheres importantes. Quem você acha uma grande mulher?

W (NM): E cada dia mais tem bandas com mulheres né? Eu não sei se tem também mulheres produzindo disco.

BD: Sim, Sylvia Massy Shivy que fez Powerman 5000.

W (NM): Fez o ToyShop, até.

BD: ToyShop é. Tem Angela Gossow, entrada dela no Arch Enemy eu acho que deu uma mudada no Death Metal em geral. Mulher que eu sempre fui fã é a baixista do Bolt Thrower, legal para caramba. Eu acho que essas eram o movimento mulher, mas acaba que a mulherada gosta de Metal, agora tá entrando mais. Tem a Doro que é mais Hard Rock, Cristina Scabbia do Lacuna Coil nossa ta entrando tantas artistas hoje em dia. Para falar que uma é mais importante que outra é difícil. No movimento do Metal uma mulher que produziu uma grande estrela hoje em dia é Sharon Osbourne.

W (DD): Teve sua importância enorme né?

BD: Muito, muito grande. Ela apoiou o Cold Chamber, um monte de banda. Tem muita gente que apoia o Metal sem você saber, tipo a mulher que assinou Deftones, Madonna, ela que colocou a grana atrás do New Metal, mas de mulher no Metal hoje em dia eu acho tem que escolher as grandes que estão nas bandas pra influenciar os outros para entrar.

W (DD): Legal, e Brendan, todo mundo que toca, eu sou um guitarrista medíocre, toco um pouquinho também, mas todo mundo que toca quando pega o instrumento e geralmente tem um dois riffs que é natural você começar fazendo esses riffs, eu faço Seek & Destroy, toda vez que eu pego o instrumento. Que riff você gosta de fazer pra gente ouvir essa música aqui no Wikimetal agora?

BD: Seek & Destroy.

W (DD): Então Seek & Destroy no Wikimetal.

W (NM): Brendan, a gente geralmente entrevista músicos e artistas e a gente pergunta qual conselho que o cara dá pra um músico iniciante, agora eu queria perguntar pra você como produtor que você diria pra um moleque que tá querendo estudar ou aprender a trabalhar com produção de música?

BD: Ah, pra produção de música, tem que tocar todos os instrumentos possíveis, escuta muita música, não somente Metal escuta tudo que for possível. De um lado, musica é coisa de paciência e tocar aquilo que você gosta, eu acho que é a coisa mais importante mesmo você produtor. Não adianta fazer música que você não gosta, porque você não vai sentar todo dia por horas e horas e tocar aquilo que você, é um trabalho, música não deve ser um trabalho deve ser uma paixão mesmo. É você ficar realmente bom num instrumento, fazendo desse jeito, curtindo. Eu amo fazer isso, graças a Deus todo dia quando acordo, vou para meu estúdio para gravar disco, pra fazer música, mesmo se eu não gosto da música que eu to gravando pelo menos eu tô investindo nisso.

W (DD): Bom Rafa então para terminar então nosso episódio, tá faltando o quê? A nossa tradicional promoção.

W (RM): Promoção! Um disco que foi produzido aqui pelo Brendan que foi o último do André Matos, The Turn Of The Lights, autografado pelo próprio André. E é simples é só mandar um email para [email protected] respondendo a seguinte pergunta:

BD: Qual é o nome do meu estúdio?

W (DD): Brendan fez a pergunta, qual o nome do estúdio de Brendan Duffey, mande para [email protected] e você vai ganhar o que Nando Machado?

W (NM): Um disco The Turn Of The Lights, o último disco de André Matos, autografado pelo grande André e uma dica, o disco foi gravado no estúdio de Brendan Duffey.

W (DD): Aonde estamos aqui.

W (NM): Bom espero que vocês tenham gostado dessa conversa com o grande produtor Brendan Duffey. Um puta prazer ter você no Wikimetal.

BD: Brigado mesmo.

W (NM): E sempre que precisar de qualquer coisa conte com a gente. Estamos aí. Brendan Duffey no Wikimetal!

Ouça o episódio completo:

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