A única vez que eu deixei uma lágrima cair no palco foi no show em São Paulo”
Wikimetal (Nando Machado): Oi, Ritch?
Big Dad Ritch: Sim, senhor.
W (NM): Oi, aqui é o Nando, eu estou com o Daniel, nós somos os apresentadores do Wikimetal. Como você está?
BDR: Eu estou ótimo, cara, eu estou ótimo.
W (NM): Muito bom, é um prazer falar com você, nós estamos muito felizes de saber que o Texas Hippie Coalition virá para o Brasil na próxima semana, nós estaremos lá com certeza. Então eu gostaria de fazer algumas perguntas antes de nos encontrarmos em São Paulo, no dia 28 de abril.
BDR: Eu ficaria mais do que feliz, eu adoraria.
W (NM): Então me fale um pouco sobre a cena musical em Denison, Texas, quando vocês formaram a banda.
BDR: Bom, em Denison, Texas, há muito talento, uma extrema quantidade de talento, do som do Blues, aí você também tem um Rock n’ Roll mais old school por aqui, muito pessoal do Country saindo daqui, então muito Red Dirt Country também. Então, sabe, a cena musical para nós era realmente a cena musical de Dallas. E quando você já viu o Pantera quase 30 vezes na sua vida, e viu o Clutch vinte e tantas vezes na sua vida, e o Corrosion of Conformity inúmeras vezes também… Amando esse estilo de música e crescendo ouvindo Johnny Cash, Waylon and Willie, The Outlaws no começo, e mais tarde na vida, sabe, descobrindo o Rock n’ Roll sulista, ZZ Top, muito especial… Lynyrd Skynyrd… E aí poder curtir com bandas como Mötley Crüe, Van Halen, as melhores bandas do party Rock n’ Roll… Dividindo tudo, nós criamos o que chamamos Red Dirt Metal, que é o Texas Hippie Coalition.
W (Daniel Dystyler): Excelente, Ritch, e já que você está falando dessas bandas, essas bandas de rock sulista, semana passada nós tivemos a oportunidade de falar com o Bobby Ingram, do Molly Hatchet. Ele esteve aqui no Brasil e fez um ótimo show, pela primeira vez na vida no país. Vocês tiveram a oportunidade de tocar com eles, e quão importante foram essas bandas para a história do Rock n’ Roll, e também para a história do Texas Hippie Coalition?
BDR: Ah, definitivamente. Sabe, assim como outras bandas sulistas, o Molly Hatchet… Eu sempre amei o peso dessa banda, eles não eram como as outras bandas de rock do sul, eles eram mais pesados do que os outros caras, e eles pareciam ser mais monstruosos… Um animal maior, e é claro, eu amo essas coisas. Sabe, nós pudemos fazer uma turnê com o Lynyrd Skynyrd, nós ficamos mais ou menos 8 dias com essas caras, e sabe, o Little Johnny, ele veio e falou conosco, e disse que estava muito feliz de nos ter com eles, ele achou que nós realmente conquistamos a nação Lynyrd Skynyrd, e ele disse que isso não era uma tarefa fácil. E eu sei que nós deixamos todo mundo de pé gritando e torcendo, então… Eu realmente apreciei que os caras nos deixaram ter uma chance de tocar música para a plateia deles. Não só foi um prazer, foi também um dos melhores momentos da minha vida.
W (NM): Ótimo, Ritch. E falando sobre o show que vocês tocaram no Brasil, o que você se lembra do show aqui em São Paulo, há dois anos, na Virada Cultural? Você se lembra de quantas pessoas estavam assistindo? Porque é um festival enorme…
BDR: Foi ridículo. Tudo o que eu sei é que até onde eu conseguia ver, eu via pessoas. Eu nunca parei de ver pessoas, mesmo quando o chão começou a se curvar, eu ainda conseguia ver pessoas, então eu imagino que era uma massa, eu nunca consegui estimar um número, eu gostaria de saber. O que eu me lembro desse show é que nós começamos a tocar tão cedo que ainda estava escuro, e quando nós terminamos já era dia, então o sol se levantou sobre nós e começou o dia conosco. E foi como se nós tivéssemos terminado a noite e começado o dia seguinte. Eu sou um cara emotivo, apesar de ser um cara grande, mas eu provavelmente consigo falar quantas vezes eu já chorei na minha vida – não muitas. Sabe, eu lacrimejei quando os meus filhos nasceram, eu lacrimejei quando o meu pai morreu, mas a única vez que eu deixei uma lágrima cair no palco foi nesse show em São Paulo… Parecia milhares e milhares de pessoas cantando a minha música para mim, e ouvir esse tanto de gente cantando para mim de uma vez só, isso pegou em mim de uma forma… Eu até disse “São Paulo, eu estou chorando por você, eu estou chorando por você, Brasil, eu amo você.” Eu sei que todo mundo aí fala português, e foi maravilhoso que eles estavam cantando em inglês para mim, isso me deixou emocionado, me atingiu no espírito.
Nós somos a única banda de Red Dirt Metal no mundo”
W (DD): Ritch, obrigado por compartilhar isso, é uma ótima história. Eu vou te perguntar agora a mesma pergunta que nós fazemos a todos os nossos convidados, é uma pergunta clássica que nós temos no nosso programa: imagine que você está ouvindo um monte de músicas de Heavy Metal, e de repente, uma música começa a tocar que faz você perder a cabeça, e você não consegue se conter, você sente que precisa headbangear imediatamente. Que música seria essa, para que nós possamos ouvi-la no nosso programa agora?
BDR: Ah, cara… “Cowboys from Hell”, do Pantera me faz querer levantar e chutar alguém bem no pescoço.
W (DD): Como foi a experiência de trabalhar com o David Prater no seu segundo álbum, “Rollin”?
BDR: O David é como família para mim, ele é como… Como um tio, como um irmão mais velho às vezes, sabe. Mas é sempre muito bom trabalhar com o Dave. Muitas pessoas veem o Dave como um charlatão, eles acham que é tudo um truque, mas na realidade, ele é um mágico, e ele está fazendo mágica. Quando eu ouço os álbuns que ele produz, eu definitivamente consigo ouvir a magia.
W (NM): E como foi trabalhar com o Bob Marlette, que também produziu o Alice Cooper e o Black Sabbath, quando vocês fizeram seu último álbum, “Peacemaker”?
BDR: Foi ótimo, foi maravilhoso. O Bob é um cara muito fácil de trabalhar, sempre ocupado, sempre atento, e sabe, qualquer discussão que nós tivéssemos, sabe, brigando pelas coisas toda vez que um de nós tinha um ponto de vista muito forte em relação a alguma coisa, nós imediatamente concedíamos ao outro, porque nós sabíamos que os nossos corações estavam nisso, nós dois estávamos brigando para que esse álbum fosse tão forte como ele é. E eu acho que nós dois somos como generais lutando lada a lado, nós realmente trouxemos essa coisa para a frente do mundo musical. E com os caras que eu tenho comigo, John Exall, Timmy Braun, e Wes Wallace nesse álbum, é um sentimento incrível. Até o Randy Cooper ajudou a escrever uma música chamada “Peacemaker”. Então, sabe, todo o processo foi maravilhoso, mas eu tenho que admitir que foi um prazer trabalhar com o Bob, eu espero que um dia nós possamos trabalhar juntos novamente, espero mesmo.
W (NM): Vocês já tem planos para um próximo álbum, ou é muito cedo ainda?
BDR: Sabe, eu já estou escrevendo um próximo álbum. Eu e o John estamos começando a escrever algumas músicas com os caras novos, o novo guitarrista, Gunnar Molton… Quer dizer, o novo baterista, Gunnar Molton, e o novo guitarrista, Cord Pool, nós estamos começando a escrever algumas músicas, e brincando com algumas coisas. Nós temos uma música chamada “Making Bullets”, e nós estamos nos divertindo muito escrevendo isso, eu tenho certeza que assim que nós passarmos por esse anos com força, provavelmente no começo do ano que vem, nós vamos para o estúdio nos ocupar disso.
Eu chamei a banda de ‘coalizão’ para que todo mundo soubesse que não são só caras no palco, é o mundo todo, nós somos um único exército juntos”
W (NM): Você pode contar para os nossos ouvintes o que exatamente significa Red Dirt Metal? E quais são as outras bandas que tocam esse mesmo estilo de música?
BDR: Red Dirt é o que é descrito como música country do Oklahoma e do Texas, tem muito Red Dirt Country aqui, e eles são como os novos desajustados, sabe… Não exatamente contra o Nashville, só não pró-Nashville. Mas é provavelmente um dos Countries mais verdadeiros que você poderia ouvir. Aliás, o Texas Country se tornou tão popular, que agora ele tem o seu próprio billboard chart, um sistema próprio para a música do Texas. E eu acho isso maravilhoso, eu acho que é uma coisa muito boa, e eu acho que precisava acontecer. E o Cross Canadian Ragweed, Cody Canada, e outro cara, Kevin Fowler, e um outro rapaz chamado Johnny Cooper, que são Red Dirt country boys, criaram esse Red Dirt Metal. E desde que eles fundaram nós nos apossamos desse distintivo e o usamos com orgulho. E o Red Dirt é um tipo de música que conta histórias, sabe, é uma música ótima, e te leva para lugares, mas também, cada música conta uma história separada, e eu acho que é por isso que eles criaram esse Red Dirt Metal. E em relação a outras bandas… Nós somos a única banda de Red Dirt Metal no mundo.
W (DD): Isso é ótimo. E Ritch, já que você mencionou o Texas e o Oklahoma, quão popular é o Metal lá, hoje em dia?
BDR: Sabe, o Texas não tem as estações de radio que nós gostaríamos, então a cena do Metal no Texas não é tão boa como nós gostaríamos que fosse. Definitivamente na área de Dallas/Houston, não é o que você gostaria que fosse. Mas em Oklahoma City e em Tulsa, a cena de Metal, ou a cena de Rock n’ Roll… Está acontecendo, e está muito grande, e você pode ver muitas bandas que surgiram de Oklahoma City nos últimos anos. Até indo mais para trás, sabe, você tem Kings of Leon, American Rejects, que são bandas muito boas que vieram de Oklahoma City. Nós sabemos que Oklahoma City é sempre casa cheia, e nós amamos tocar nesses lugares. A questão do Texas é que o Texas é o meu lar, e não há outro lugar que eu prefira subir no palco do que na frente de todos esses malucos… E eu gostaria de falar bons rapazes, mas nós sabemos que eles são bons filhos da mãe do Texas, sabe? E moças lindas do Texas, todos eles brigando pela primeira fileira, com as mãos no ar, balançando e cantando as letras de todas a músicas. Eu simplesmente amo Dallas, Texas… Sabe, toda vez que eu fico na frente dessas pessoas eu me sinto muito bem em ter uma plateia como essa na minha frente, especialmente quando eles estão cantando a sua música para você.
W (DD): Você poderia agora escolher uma música do Texas Hippie Coalition, que você se orgulha muito, para que nós possamos ouvi-la no nosso programa agora?
BDR: Com certeza, com certeza. Essa próxima música se chama “Damn You to Hell”, e essa música… Eu acho que não é só a música mais pesada do álbum novo, mas pode muito bem ser a música mais pesada que nós já escrevemos, e… Nós estamos promovendo ela fortemente, ela estava nas paradas no número 46, já subiu para o número 41, e nós esperamos que ela esteja entre os top 40 ainda essa semana, e essa música aqui é um verdadeiro chute no pescoço, ela se chama “Damn You to Hell”.
W (NM): Ótimo, Ritch. Você já falou sobre essas grandes bandas lendárias do sul dos Estados Unidos… E sobre os grandes heróis que vocês tem, como o Willie Nelson, ou o Waylon Jennings, ou até o Johnny Cash, quando eles ainda eram vivos? Você teve a chance de conhecer esses caras, ou até tocar com eles?
BDR: Não, senhor. Não, senhor, eu nunca tive… Mas eu tive… Eu já nadei no mesmo lago que o Johnny Cash nadou, sabe? E eu tenho certeza que eu e o Waylon ambos já rasgamos o selo da mesma garrafa de Jim Bean no passado. E eu sei que eu e o Willie já fumamos algumas das mesmas coisas, eu garanto isso a você. Mas não, em vida eu nunca pude aproveitar a companhia do Waylon ou do Johnny, e eu espero que antes que o Willie se vá, esses dois estranhos de cabelo ruivo possam se encontrar e fumar alguma coisa juntos, sabe? E que possamos curtir a companhia um do outro.
Eu sei que algumas pessoas acham que é um estado, mas eu te digo, o Texas é um país”
W (NM): Falando sobre o nome da banda, Ritch, o que veio primeiro, THC, ou Texas Hippie Coalition? É Texas Hippie Coalition por causa do THC, ou ao contrário?
BDR: Bom, a razão pela qual a banda se chama Hippie Coalition é porque eu sou do Texas. E não há nenhum país no mundo melhor do que o Texas. Eu sei que algumas pessoas acham que é um estado, mas eu te digo, o Texas é um país. E o Texas é… Eu tenho muito orgulho de ser do Texas, por isso que eu chamei o meu primeiro álbum de “Pride of Texas”, e se você reparar, “Pride of Texas”, as iniciais são POT, maconha. E quando eu estava crescendo, sabe, meus pais eram hippies. Eu nunca não tive cabelo curto, eu tive cabelo comprido a minha vida inteira, desde que eu nasci, quando eu tinha cinco anos, eu tinha cabelo até a minha bunda, e as pessoas achavam que eu era uma menininha ruiva, sabe? E Coalition é porque eu queria que todos os meus fãs sentissem que… Pensassem e sentissem que eles fazem parte da banda, eu não quero ser mais uma banda aí fora, eu quero que eles se sintam parte disso. A música é real, meus fãs são reais, e eu quero que a minha relação com os meus fãs seja real, então eu chamei de coalizão para que todo mundo soubesse que não são só esses caras no palco, é o mundo todo, nós somos um único exército juntos, e juntos nós somos o Texas Hippie Coalition, e depois disso vem as iniciais.
W (NM): Então é meio que uma coincidência, como a Lucy in the Sky with Diamonds, não é?
BDR: Não era para ser isso, mas logo que nós dissemos, nós sabíamos, entende? Nós não tínhamos intenção de… O nosso objetivo era ter algo como… Tinha o Pantera, e tinha o CFH. O que aconteceu foi que o nosso… Nós nos tornamos THC, a banda dos foras da lei. Ao invés do nosso apelido ser as nossas iniciais, o nosso nome real virou as iniciais, e vice-versa.
W (DD): Excelente, Ritch, muito obrigado pelo seu tempo, pela sua paciência, nós estamos muito felizes e empolgados com o show que vai acontecer aqui no dia 28 de abril, então você poderia convidar todos os headbangers brasileiros, e falar o que eles podem esperar desse show aqui em São Paulo?
BDR: Cara, eu vou te falar. Vamos lá, Brasil, é um rodeo de rock, cara. Vai ser como um touro mecânico, e tudo o que você tem que fazer é tentar se segurar pelos oito segundos.
W (NM): Muito obrigado, Sr. Big Dad Ritch, no Wikimetal! Nos vemos na próxima semana.
BDR: Sim, senhor. Obrigado, pessoal, obrigado, eu agradeço muito, e vejo vocês logo.
W (DD): Obrigado, tchau, tchau, Ritch.
Ouça o episódio inteiro: