Entrevista: Gabriela Marqueti
Texto: Vitor Melo 

Bullet For My Valentine retorna ao Brasil em 20 de dezembro sendo atração da LOSERVILLE TOUR, que tem o Limp Bizkit como headliner. O evento será no Allianz Parque, em São Paulo, e ainda terá shows de 311, Ecca Vandal, Riff Raff e Slay Squad – ingressos à venda. 

A banda substitui o cantor YUNGBLUD, que cancelou todas suas datas remanescentes de 2025 por questões de saúde. A apresentação do quarteto contará com a execução, na íntegra, de seu cultuado álbum de estreia, The Poison (2005) e um bis com demais clássicos. 

Conversamos com o guitarrista e membro fundador Michael “Padge” Paget sobre o show, o legado de The Poison na cena metalcore, e momentos icônicos no Brasil. Padge também comentou sobre o recente cancelamento da turnê conjunta com o Trivium. Confira na íntegra.

Wikimetal: O Bullet For My Valentine vem ao Brasil este mês com a LOSERVILLE TOUR e sua participação foi anunciada recentemente. Como você se sentiu quando surgiu a oportunidade e como se preparou para essa turnê com tão pouco tempo de antecedência?

Michael Paget: Bom, não tem como você realmente se preparar. É apenas decidir se vamos ou não, sabe? Não tínhamos escolha, pois se a oportunidade aparece, temos que fazer isso pelos fãs, é a coisa mais importante. Não importa o sacrifício. Acho que vamos chegar em casa em 22 de dezembro. Está sendo uma turnê longa. Mas houve a oportunidade de vir à América do Sul, ver todos novamente e abrir para o Limp Bizkit em uma turnê incrível. É algo óbvio, na verdade. Então, não importa o que você pensa, você simplesmente só precisa fazer. Mas a recompensa no final é inestimável, sabe?

WM: No início deste ano, Bullet For My Valentine e Trivium anunciaram que a parte latino-americana da turnê não aconteceria, mas agora seus fãs têm uma nova chance de vê-los. Quais circunstâncias impediram que aquela turnê acontecesse e quais circunstâncias permitiram que esta nova turnê acontecesse?

MP: Bem, sendo honesto, nunca houve uma oferta para essa turnê do Bullet For My Valentine e Trivium acontecer na América do Sul. Nenhum produtor nos procurou, não tiveram propostas. Infelizmente, todos os shows da turnê [The Poison Ascendancy] meio que pararam após irmos aos Estados Unidos. Não houveram ofertas para o restante do mundo. Isso é meio chato, sabe? Nós e o Trivium havíamos nos planejado para realizar uma turnê mundial, mas infelizmente não chegou nada. Não podemos tocar em um determinado local sem que um produtor ofereça uma turnê para aquele país. Então acho que foi isso. E infelizmente acabou chegando ao fim, pois não conseguimos ir em mais lugares (risos). É uma pena, pois foi uma vibe muito bacana. 

Acabamos saindo da turnê para focarmos mais em composições. Acabamos considerando como algo mais importante, pois como disse, não tínhamos mais propostas para seguir com a turnê pelo mundo, o que é triste. Então, nos comprometemos em compor mais, voltar para casa e escrever para nosso novo álbum. E felizmente, alguns produtores vieram e ofereceram uma série de shows do The Poison na Austrália, Japão e Singapura. Isso foi ótimo, uma das nossas melhores apresentações. Fizemos isso e a turnê com o Limp Bizkit surgiu, e tivemos a chance de vir para a América do Sul. Vamos continuar tocando o repertório de 20 anos do The Poison aqui no continente. Foi ótimo, pois acho que conseguimos resolver isso do nosso jeito. 

WM: Vocês já fizeram alguns shows nessa turnê. Como está sendo se apresentar ao lado do Limp Bizkit e o que vocês acham dos outros artistas que estão acompanhando vocês?

MP: Somos grandes fãs. O Limp Bizkit sempre foi uma das minhas bandas favoritas e cresci ouvindo eles. E obviamente, ter a oportunidade de apoiá-los e tocar com eles é um sonho realizado. É um pouco estranho, parece não ser real. Mas é incrível e muito legal. Tínhamos que fazer isso. Não se nega uma oferta assim. Eles são muito legais e a equipe deles também. Os shows estão sendo ótimos e obviamente o público sul-americano é incrível e um dos mais apaixonados do mundo. Então retornar aqui, mesmo depois de acharmos que iríamos parar após a ida na Austrália, é fantástico. Um sonho realizado. As bandas na turnê são bastante ecléticas. São diferentes e cada uma possui seu estilo. Um som novo e contemporâneo, como se fosse uma loucura acontecendo. Mas todos são bacanas, as músicas também. É uma honra. Muito legal fazer parte disso. 

WM: O Bullet For My Valentine possui uma legião de fãs no Brasil. Você tem alguma lembrança favorita de uma de suas visitas ao nosso país?

MP: Rock in Rio, quando foi? 2019? 2018? [a banda se apresentou no festival em 2022]. Foi muito bacana estar lá. Tivemos a oportunidade de tocar no festival. Acho que o Iron Maiden era o headliner do palco principal [Mundo] e nós fechamos o palco secundário [Sunset]. É um festival muito famoso, obviamente. E mais um para nossa lista. Os fãs aqui são insanos. México sempre é assim. Tocar na Colômbia novamente foi espetacular. Nunca tínhamos visitado a Costa Rica, e adoramos estar lá. O Chile também estava uma loucura. Os próximos shows serão em larga escala. Só consigo enxergar as primeiras cinco fileiras do público. Todo o resto fica borrado. 

E então terminar em São Paulo, e na Argentina também. Adoro estar na Argentina. Sou um grande fã de churrasco e vinho tinto. Mas, sabe, estar tão longe de casa e poder tocar sua música, numa banda pela qual você ralou a vida inteira enquanto crescia e onde você sacrificou tudo e levar isso para a Argentina, e o Brasil. São locais tão longe de casa. É absolutamente incrível. Somos caras muito sortudos mesmo e devemos tudo aos fãs.

WM: O The Poison é considerado a “bíblia” do Metalcore para muitos fãs e bandas. Qual tipo de legado você acredita que ele deixou no estilo?

MP: Eu sou um cara humilde. Mas acredito que revisitar esse álbum depois de 20 anos, em uma turnê de aniversário, e todos os shows que fizemos ao redor do mundo, considerando o tamanho deles e a recepção do álbum até hoje… Isso, incluindo vendas de ingressos e como as pessoas se conectaram com ele naquele período, é algo muito especial. É revelador, emocional e até insano. Não sabíamos realmente o que estávamos fazendo naquela época. Éramos apenas garotos, sem ideia do que estava acontecendo. Fizemos um álbum, assinamos um contrato e saímos em turnê, e nunca mais paramos. O disco simplesmente decolou. Um lançamento de estreia impressionante. Hoje é muito difícil para  bandas lançarem um álbum de estreia com o mesmo impacto que The Poison teve. Isso devido a coisas como redes sociais e o streaming. Estávamos no lugar certo, na hora certa, além de termos a energia certa. Isso criou conexão com o público.

WM: Em 2021, a Metal Hammer citou vocês como a “maior banda britânica desde o Iron Maiden”. Você chegou a ouvir algo sobre isso na época? 

MP: Existem tantas bandas britânicas. Você não consegue listar… Não sei.

WM: Não fui eu que disse, foi a Metal Hammer (risos)  

MP: Eu sei. Obrigado Metal Hammer. Isso é loucura, pois já ganhamos muitos prêmios deles anteriormente. Estão nas paredes da minha casa. Ser premiado pela nossa música é algo insano. 

WM: Como você se sente com isso?

MP: Me sinto estranho. Vou precisar de uma casa maior, com paredes maiores, para pendurar meus quadros e meus prêmios. É loucura. Mas me sinto muito honrado e muito grato. A vida é aquilo que você faz dela. Apenas vá em frente, nunca desista e dê tudo de si. Torne seus sonhos realidade.

WM: Por fim, qual mensagem você gostaria de deixar aos fãs brasileiros que estão aguardando ansiosamente por esse show do Bullet For My Valentine no país?

MP: Oi, Brasil! Aqui é o Padge, do Bullet For My Valentine. Espero que todos estejam bem. Muito obrigado pelo apoio em todos esses anos. Ouvindo nossa música e nos colocarem onde estamos. Estamos felizes por voltar a ver vocês em São Paulo muito em breve, com o Limp Bizkit, na LOSERVILLE TOUR. Por favor, venham ao show para curtir, se divertir, e enlouquecer um pouco.  Mal podemos esperar para vê-los novamente. 

LEIA TAMBÉM: Sonia Anubis acusa Burning Witches de abuso e exploração: “Fui tratada como lixo e nunca fui paga”

Categorias: Entrevistas

Estudante de Jornalismo e fã de Rock e principalmente Heavy Metal, gosta de nomes como Judas Priest, Black Sabbath e em especial Iron Maiden, banda que já viu 3 vezes, acompanha desde os 12 anos e sonha assistir um show em Londres. Seu primeiro contato com a música pesada veio ao jogar Guitar Hero e de lá nunca mais parou. Sempre gostou de escrever e tem a música como uma de suas paixões. Dentro do meio, tem Steve Harris, Bruce Dickinson, Rob Halford e Ozzy Osbourne como seus ídolos.