Há algo sobre o rock e o metal se encontrando com a música clássica quase obrigatório para muitas bandas e até mesmo fãs. Às vezes é uma leve influência, outras é a pura combinação desses gêneros. E quando é um pouco das duas opções misturadas em uma sonoridade única, sombria e delicada? Esse é o caso de A.A. Williams.

Violoncelista, pianista, guitarrista, compositora e cantora londrina, A.A. Williams lançou no último dia 07 de outubro seu segundo álbum de inéditas, As The Moon Rests. O trabalho sucede a estreia Forever Blues (2020) e um álbum de covers, Songs From Isolation (2021).

As The Moon Rests traz onze faixas que, assim como sua estreia, apresentam uma mistura sofisticada de peso, melancolia e delicadeza. Ao conversar com o Wikimetal, Williams contou que Deftones foi um dos incentivos a criar uma mistura diferente de sons. “Eles foram um de todo um grupo de artistas que me fez perceber que havia música além do clássico e do pop”, contou.

“Descobri muita música pesada de filmes e ia às minhas lojas de discos locais para explorar os artistas que ouvi, procurar seus álbuns, ler suas letras – foi um processo gradual de descoberta”, explica sobre a criação do seu som.

Williams começou a tocar piano muito jovem e aos poucos foi pegando outros instrumentos como violoncelo e flauta. Mas foi quando descobriu o violão que se sentiu inspirada a compor suas próprias músicas. “Me inspirei a escrever músicas como forma de aprender o instrumento [violão] e foi assim que comecei a cantar também.”

Hoje, suas inspirações e influências vêm de diversas formas. Além da própria música, que passa por bandas como Nine Inch Nails, Portishead, Type O Negative, Radiohead e Cult of Luna, Williams encontra inspiração em filmes e arte no geral. “Acho que todas as formas de arte podem se alimentar, então imagino que essas influências desempenham um papel na minha escrita até certo ponto, embora não conscientemente.”

Somado a tudo isso, a música clássica, além da música pesada e alternativa, continua sendo uma de suas principais formas de absorver e criar música. Tendo base nos instrumentos mais clássicos, a cantora conta que toda sua educação musical a inspirou a criar como hoje. “Eu escuto muita música clássica. Acho que muito da influência vem daí, as texturas sutis, a variação dinâmica, às vezes dando importância à soma das partes musicais ao invés de algo individual.”

A importância da música clássica em sua vida e música é clara quando Williams se apresentou recentemente no Queen Elizabeth Hall, em Londres, com um quarteto de cordas. A apresentação marcou um momento especial para a cantora, que adora se apresentar em lugares acostumados a receber música clássica.

“Eu adoro quando isso acontece, mas tocar em um local que é predominantemente voltado para música clássica não acontece com tanta frequência. Às vezes, em uma turnê, haverá alguns locais sentados, mas eles tendem a ser espaços de teatro antigos, então quando eu trabalho em um local como o Queen Elizabeth Hall, isso traz meu desenvolvimento musical em um círculo completo”

Atualmente Williams se encontra na estrada para divulgar seu álbum, o que irá oferecer a ela um tempo longe do estúdio, mas a chama criativa não apaga. Em três anos, a londrina lançou três álbuns – sendo um deles de covers. Ela contou gostar de estar ocupada criando e escrevendo. Sobre o processo criativo, Williams parece metódica no melhor sentido da palavra.

“Eu sempre começo escrevendo uma versão básica de uma música apenas para voz e violão/piano”, ela contou. “A partir daí eu trabalho na estrutura, harmonia e melodias secundárias até ficar feliz, então começo a adicionar alguns bits básicos de instrumentação para indicar mudanças de textura (guitarras rítmicas distorcidas, subs, guitarra tremolo ou melodias de teclado).”

Ela continua: “A partir deste ponto, trata-se de confirmar as partes instrumentais e adicionar os backing vocals e os arranjos de cordas. As demos finalizadas são um rascunho muito detalhado da música final – poucas mudanças entre esta e a versão lançada. Quando entro no estúdio, é o caso de regravar todas as partes com melhores timbres, melhores equipamentos e melhores performances – muitas das pequenas coisas que adicionei no estágio de demonstração permanecem (pequenas texturas e partes que você só percebe quando ouve com atenção).”

O processo, tão trabalhoso quanto aparenta, é uma das partes preferidas de A.A. Williams, mas estar em na estrada levando sua música para outros cantos além do estúdio é algo que ela não trocaria por nada. Atualmente em turnê, a cantora se prepara para as apresentações, deixando as novas composições para o futuro.

Williams viaja conquistando milhares de pessoas com sua voz angelical, seu som pesado mas delicado e seu álbum, As The Moon Rests.

Jornalista musical há 8 anos, é editora do Wikimetal, onde une suas duas grandes paixões: música e escrita. Acredita que a música pesada merece estar em todos os lugares e busca tornar isso realidade. Slipknot, Evanescence e Bring Me The Horizon não podem faltar na sua playlist.