Em uma recente entrevista, o ex-baixista do Megadeth, David Ellefson, compartilhou abertamente seus sentimentos sobre o líder da banda, Dave Mustaine, afirmando sentir sua falta, apesar do afastamento entre eles. A declaração reacende discussões sobre a complexa relação entre os dois músicos que, por décadas, foram a espinha dorsal de uma das maiores bandas de thrash metal do mundo.
Ellefson, que co-fundou o Megadeth com Mustaine em 1983, esteve ao lado do guitarrista e vocalista em diversas fases da banda, incluindo os períodos de maior sucesso e as turbulentas desavenças que resultaram em sua saída e retorno. David Ellefson deixou o Megadeth pela primeira vez em 2002, quando a banda entrou em hiato devido a uma lesão nervosa sofrida por Dave Mustaine. Essa saída inicial não foi uma demissão no sentido tradicional, mas sim parte do “fim” temporário da banda. Em 2021, após a divulgação de mensagens e vídeos de cunho sexual com uma jovem nas redes sociais, Ellefson foi demitido do Megadeth.
Em conversa no programa The Delz Show, Ellefson comentou sobre a relação com Mustaine: “Sinto falta do Dave também. Olha, algumas das melhores histórias da minha vida começam com ‘A vez que eu e o Dave…’ — preencha a lacuna. Vivemos uma vida muito interessante juntos naquela banda. Não nos falamos há alguns anos, mas sinto falta do cara, é claro. Nos divertimos muito. E sempre que tivemos (uma briga) como esta (no passado), assim que nos reuníamos, era como se tivéssemos acabado de sair ontem.”
Um retorno e um legado marcante
Ellefson relembrou seu retorno ao Megadeth em 2010 para a turnê de 20º aniversário do álbum Rust In Peace. Inicialmente, ele aceitou a posição de músico contratado, diferente de sua posição anterior como co-proprietário da empresa. Essa mudança, segundo ele, trouxe uma certa leveza.
“Eu pensei, ‘Bem, deixe-me apenas tentar… Deixe-me manter as coisas simples, fáceis.’ E à medida que viajamos pelo mundo, foi ótimo. Com a turnê Big Four (com Metallica, Slayer e Anthrax) foi legal porque eu estava de volta ao Megadeth, Joey Belladonna estava de volta ao Anthrax, Dave Lombardo estava de volta ao Slayer. Todos estavam de volta em casa, e a empolgação por cada uma de nossas bandas, assim como por todas as nossas bandas juntas, era enorme”, disse ele ao podcast The Candid Mic With Fran Strine.
Durante esse segundo período, o Megadeth conquistou um Grammy e Ellefson considera que “muito de nossa história juntos no Megadeth, eu e Dave, pôde ser concluída”. Ele mantém a porta aberta para uma futura colaboração, mas sem esperar por ela. “Você simplesmente segue em frente. Eu certamente não parei. Apenas continuei”, afirmou.
O fim de uma amizade e novos caminhos
Questionado se conversou com Mustaine desde sua demissão em maio de 2021, Ellefson foi direto: “Não. Nenhuma palavra. Não há necessidade. Depois disso? Não, não preciso ser seu amigo. Vou seguir em frente.” Ele explicou que o fim da amizade “foi construído há muito tempo”, remontando a 2018, devido a desentendimentos na composição do álbum The Sick, the Dying… and the Dead!.
“Cada vez que eu tentava escrever e colocar algo nele, era retirado. E parecia muito pessoal. Em algum momento, era tipo, ‘Olha, cara, se você não me quer aqui, dane-se. Eu vou seguir em frente.’ Então, acho que levou o que levou e o que aconteceu, aconteceu. E então foi o momento de simplesmente abolir tudo e fazer tudo desaparecer”, detalhou Ellefson.
Apesar das adversidades e das batalhas legais anteriores, (como um processo judicial movido por Ellefson contra Mustaine em 2004, alegando royalties não pagos e outros acordos desfeitos), Ellefson enfatiza que não fecha as portas e busca preservar o legado que construiu. “Não fecho as portas”, explicou David. “Eu não as bato na cara das pessoas e digo: ‘Foda-se. É isso. E você nunca mais vai trabalhar nesta cidade.’ Porque você está bravo no momento. É só isso. Apenas siga em frente.”
Para Ellefson, o Megadeth não é mais a “banda unida” dos anos 90, mas sim “o show do Dave”, e ele entende que tem outras coisas a dizer e fazer em sua vida. Ele busca sempre se referir ao Megadeth de forma positiva, em vez de se opor a isso. “Por que me opor ao que fiz? Isso é como cagar no meu próprio trabalho. Então, é como se eu devesse ter isso em alta consideração, porque é — realmente fizemos coisas ótimas juntos — e então apenas seguir em frente. Assim, você não mancha seu próprio passado e seu próprio trabalho.”
Atividade pós-Megadeth: Projetos e frentes atuais de Ellefson
Apesar das idas e vindas e dos desafios pessoais e profissionais, David Ellefson não parou. O baixista tem se mantido extremamente ativo no cenário musical e em outras frentes.
Atualmente, ele é uma figura central em diversos projetos de destaque, como o Kings of Thrash, banda que co-fundou com o também ex-Megadeth Jeff Young, dedicada a celebrar e tocar os clássicos álbuns do início do Megadeth. Eles têm realizado turnês, inclusive na Europa, com foco em aniversários de álbuns como Youthanasia.
Além disso, Ellefson é membro do supergrupo Dieth, uma banda de death/thrash com o guitarrista Guilherme Miranda (ex-Entombed A.D.) e o baterista Michał Łysejko (ex-Decapitated), que lançou seu primeiro álbum, To Hell And Back, em 2023. Ele também está envolvido com o projeto The Lucid, ao lado de Vinnie Dombroski (Sponge) e Mike Heller (Fear Factory).
Fora dos palcos, David Ellefson tem se aventurado como produtor executivo no cinema, como no filme de terror Bunker Heights, e continua com sua gravadora EMP Label Group, sua linha de cafés, a Ellefson Coffee Co., e até mesmo uma turnê solo intitulada Bass Warrior, onde revisita canções de sua carreira e compartilha histórias.
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