A história do metal é repleta de amizades icônicas e respeito mútuo entre gigantes. Uma dessas conexões era entre David Ellefson, membro fundador e ex-baixista do Megadeth, e o lendário guitarrista Dimebag Darrell, do Pantera. Recentemente, Ellefson compartilhou memórias de seu primeiro encontro com Dimebag e de uma insistência peculiar durante a turnê que as duas bandas fizeram juntas.

Em uma entrevista recente (com transcrição via Loudwire), Ellefson relembrou a noite em que conheceu Dimebag Darrell no Texas, em 1988. Na época, o guitarrista ainda era conhecido como “Diamond Darrell”. O baixista do Megadeth contou como a noite, regada a muita bebida, terminou com uma declaração impactante.

O álbum do Megadeth que “mudou a vida” de Dimebag Darrell

Ellefson detalhou o momento em que Dimebag o abordou para expressar sua admiração. “Depois de bebermos a noite toda, ele vem até mim, me olha bem nos olhos e diz: ‘David, eu só quero te dizer que o álbum ‘Peace Sells’ mudou minha vida'”, relatou o baixista.

Inicialmente, David Ellefson não deu o devido peso à declaração, tratando-a como um elogio casual entre músicos. “Eu meio que ignorei, tipo, ‘Ah, obrigado, cara. Agradeço.'”

No entanto, Dimebag percebeu que não tinha sido levado a sério e fez questão de reforçar seu ponto de vista. “Lembro que ele colocou a mão no meu ombro. Ele disse: ‘Não, mudou a minha vida'”, explicou Ellefson. “Foi como um momento de sobriedade ali mesmo quando ele disse aquilo.”

Dessa forma, a paixão de Dimebag pelo segundo álbum do Megadeth, Peace Sells… but Who’s Buying? (1986), era genuína e profunda, marcando o início de uma amizade entre os músicos.

Pantera e a recusa em tocar “Cemetery Gates” na turnê de 1992

Quatro anos após esse primeiro encontro, o Pantera foi convidado para abrir os shows do Megadeth durante a turnê mundial de Countdown to Extinction, em 1992. Com isso, A amizade se fortaleceu, assim como as brincadeiras de bastidores.

Entretanto, Ellefson revelou uma “rixa” amigável que ocorreu durante a perna europeia da turnê. Os membros do Megadeth tinham uma música favorita do Pantera que eles imploravam para a banda de abertura tocar todas as noites: Cemetery Gates.

Apesar da insistência diária da banda principal, o Pantera se recusava terminantemente a incluir o sucesso do álbum Cowboys from Hell em seu setlist.

David Ellefson fala por que o Pantera não queria tocar “Cemetery Gates”

David Ellefson tem uma teoria sobre a teimosia do Pantera. Naquela época, a banda estava promovendo o aclamado e pesado Vulgar Display of Power. Além disso, o vocalista Phil Anselmo havia raspado a cabeça e se tornado um ícone do hardcore, levando esse estilo para o mainstream.

Ou seja, segundo Ellefson, “Cemetery Gates” simplesmente não se encaixava mais na nova proposta sonora da banda.

“Acho que, naquele ponto, o ‘Vulgar’ (Display of Power) era tão pesado… e Phil era uma estrela do hardcore”, analisou. “Acho que para eles, ‘Cemetery Gates’ era muito ‘balada’. E nós ficávamos tipo, ‘Vamos lá, é uma música foda pra caralho. Vocês têm que tocar.'”

Entretanto, a brincadeira chegou ao auge no último show da turnê. Como forma de “vingança” pela insistência do Megadeth, a equipe do Pantera invadiu o palco durante o show da banda principal usando apenas roupas íntimas. Naquela noite, no entanto, eles finalmente cederam e tocam “Cemetery Gates” para encerrar a turnê.

LEIA TAMBÉM: Despedida do Megadeth é “tentativa de aumentar as vendas”, diz David Ellefson

Categorias: Notícias

Jornalista Musical e Assessor de Imprensa. Redator no Wikimetal, onde entrevista lendas e ícones da música, com um vasto portfólio.