Depois de seis anos, os mestres do black metal gótico, Cradle of Filth, retornaram ao Brasil para um show em São Paulo que marcou a saída da tecladista Zoë Marie Federoff e o anúncio do futuro desligamento do guitarrista Marek “Ashok” Smerda. A abertura ficou por conta dos brasileiros do Tellus Terror e dos norte-americanos do UADA.

Cinco minutos antes do previsto, o Tellus Terror subiu ao palco para mostrar a força do death metal nacional. A banda iniciou a apresentação com “Amborella’s Child” e manteve a plateia em transe com uma sequência brutal que foi de “Absolute Zero” a “Darkest Rubicon”. A casa ainda não estava cheia, mas os presentes puderam perceber a competência dos músicos, que foram ovacionados logo no início.

O público respondeu com energia em “Psyclone Darxide” e “Empty Nails”, que soaram ainda mais devastadoras ao vivo. O ápice veio com a tríade “Lone Sky Universum”, “Shattered Murano Heart” e “Sickroom Bed”, demonstrando a versatilidade entre melodia e agressividade, antes de encerrar com “Brain Technology Pt. II”, criando o clima ideal para a próxima atração e confirmando que o Tellus Terror não fica na sombra de ninguém.

Em seguida, o UADA mergulhou o público no submundo do black metal. Com todos os integrantes encapuzados e sob uma iluminação sombria, os norte-americanos abriram a apresentação com a impactante “Natus Eclipsim”, criando uma atmosfera hipnótica. A sequência com “Djinn” e “Blood Sand Ash” intensificou o ambiente. Com solos melódicos e energia visceral que transformaram o show em um verdadeiro ritual de sombras e fúria.

O encerramento com “Cult of a Dying Sun” e “Black Autumn, White Spring” trouxe ainda mais brutalidade. O que resultou em uma tempestade sonora que deixou a plateia entre o choque e a reverência, preparando o terreno para os headliners da noite.

Cradle of Filth segue como um dos nomes mais impactantes do metal extremo

Após 20 minutos de atraso, a atração principal finalmente subiu ao palco do Carioca Club. Com a casa lotada e a ansiedade em alta, o Cradle of Filth iniciou sua apresentação em clima ritualístico com “To Live Deliciously”. Em seguida, a devastadora “The Forest Whispers My Name”, clássico que fez a plateia explodir.

O vocalista Dani Filth surgiu em plena forma, alternando seus vocais demoníacos com agudos ríspidos que ecoaram pela casa. A banda, extremamente afiada, ergueu uma muralha sonora sólida. “She Is a Fire” e “Malignant Perfection” mostraram a força das novas composições, mantendo a energia em alta e provando que o grupo não vive apenas de passado.

O peso histórico surgiu com “The Principle of Evil Made Flesh”, que trouxe nostalgia aos fãs mais antigos, seguido por um dos momentos mais intensos da noite: “Heartbreak and Seance”. Nessa faixa, a brutalidade característica do grupo se fundiu a elementos sinfônicos, ressaltando a essência de sua sonoridade. A emoção tomou conta da plateia em “Nymphetamine (Fix)”, um dos refrões mais marcantes da carreira da banda.

Sem pausa, o Cradle de Filth emendou com “Born in a Burial Gown” e a soturna “White Hellebore”, conduzindo os fãs por uma verdadeira montanha-russa de emoções. No encore, o massacre sonoro atingiu seu ápice. “Cruelty Brought Thee Orchids” fez a casa explodir, ressaltando a grandiosidade épica do álbum Cruelty and the Beast.

Em seguida, “Death Magick for Adepts” mergulhou a plateia em uma atmosfera ritualística, preparando o terreno para o encerramento perfeito com “Her Ghost in the Fog”, cantada a plenos pulmões pelos presentes.

O final foi catártico, com o Carioca Club tomado por aplausos calorosos, confirmando que o Cradle of Filth segue como um dos nomes mais impactantes e indispensáveis do metal extremo mundial.

Vale destacar que, no dia seguinte ao show em São Paulo, a tecladista Zoë Marie Federoff anunciou oficialmente seu desligamento da banda. Para surpresa dos fãs, uma vez que entregara uma excelente performance na noite anterior. O guitarrista Marek “Ashok” Smerda, esposo de Zoë, permanece na turnê, apesar de já ter manifestado interesse em sair. Felizmente, as turbulências internas não comprometeram a performance, que se mostrou grandiosa em meio ao caos vivido pelo grupo

Confira as fotos de Wellington Penilha

LEIA TAMBÉM: Carcass em São Paulo: Brutalidade em estado puro

Categorias: Notícias Resenhas

Paulistano e apaixonado por rock desde os 10 anos, comecei a descobrir o universo da música pesada quando um amigo gravou uma fita K7 com Viper, Judas Priest, Metallica, entre outros. Na sequência, conheci o Black Sabbath e foi um caminho sem volta ... Frequentador assíduo de shows, já acompanhei centenas de apresentações das principais bandas de rock/metal e suas diversas vertentes. Nos últimos anos, tenho transformado minha paixão pela música em palavras, compartilhando resenhas sobre shows e permitindo que os leitores vivenciem a emoção de cada apresentação.