Texto por: Valtinho Fragoso

Convidado pela Rolling Stone, fui ver o documentário Cazuza: Boas Novas, da Kajá Filmes. No dia 07 de julho, completaram-se 35 anos desde que Cazuza nos deixou no auge da sua consagração, vítima do vírus da Aids. O documentário é uma ode à amizade que Cazuza cultivou pela sua vida. O amor incomparável de sua mãe e as lembranças mais doces que seus amigos e parceiros artísticos de vida têm do eterno Caju.

A obra retrata os anos que sucedem a descoberta do vírus e passeia pelos álbuns Só Se For a Dois (1987), Ideologia (1988), o apoteótico O Tempo Não Para (1988) – vindo do show aclamado por público e crítica de mesmo nome, dirigido por Ney Matogrosso – e Burguesia (1989), o álbum que ele gravou em seus praticamente últimos dias de vida. A força de Cazuza está ali. Mesmo sabendo que ela, a morte, está vindo, ele canta com toda a sua potência. Como é dito no documentário, “ele parou de gritar a aprendeu a cantar”.

Cazuza deu tudo de si nos palcos e entregou muita potência e muita polêmica porque ele era esse exagerado. Não tinha papas na língua. O fotógrafo Flavio Colker, das capas de Só Se For a Dois e Ideologia, faz um comparativo lindo sobre o olhar de Cazuza pelo que a vida estava lhe entregando. A emoção de Nilo Romero, que dirige o documentário, ao falar do amigo. Gilberto Gil, que escreveu com ele uma das mais belas canções, “Um Trem Para as Estrelas”. Frejat, parceiro de tantos sucessos. A declaração pontual e sensacional de que o namoro de Ney Matogrosso com Cazuza durou apenas três meses, mas foi o suficiente para entrar para a história. Lucinha, sua mãe, sempre apaixonada pelo filho. 

E tem a malfadada matéria da Veja onde Cazuza se abre por inteiro porque queria ser capa da revista e o editor o mata pela primeira vez. Tem Leo Jaime, George Israel, Christiaan Oyens, Ricardo Palmeira, Flora Gil, Marcia Alvarez, sua empresária, e João Rebouças, maravilhoso, que fez com ele “Quando Eu Estiver Cantando”.

Cenas de arquivo maravilhosas como o casamento de George Israel, onde Cazuza pede no dia para fazer uma transfusão de sangue para celebrar junto com o amigo. Dá vontade de cantar todas as músicas do documentário em alto e bom som. Quero rever em casa para cantar junto e chorar tudo de novo. Tudo é tão suave, mesmo com a doença rondando muito próximo a ele, que, para variar, eu me emocionei muitas vezes. Eu sempre quis ser amigo do Cazuza e estes filmes, documentários, séries e livros me fazem tê-lo perto de mim sempre que eu precisar. O filme Cazuza: Boas Novas estreia dia 17 de julho nos cinemas.

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Categorias: Notícias Resenhas

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