Texto elaborado pelo nosso parceiro Music Jungle

No mundo da música, não são só os músicos que fazem a história. Os equipamentos utilizados por essas estrelas são parte atuante em todo o cânone musical. As guitarras e amplificadores são, na maioria das vezes, os mais lembrados quando o assunto são os equipamentos. Entretanto existem pequenas caixinhas que costumam ficar perto dos pés dos instrumentistas que são de extrema importância para essa arte que tanto amamos.

Os pedais de guitarra são pequenas caixas que, quando ativadas, dão um efeito extra para o instrumento musical. Existem diversos estilos de pedais, os mais famosos talvez sejam os de Loop, Delay, Fuzz, Wah Wah, Sustain e Distorção. Esse último é a grande razão deste post existir.

Dentro do panteão dos pedais de guitarra, existem diversos modelos que são excelentes. Pedais como, o venerável Tubescreamer, OCD e Rat são considerados como os melhores pedais do gênero há décadas, campeões de timbre em todo o mundo dos pedais.

Mas todo Monte Olimpo tem seu Hades, o obscuro e angustiante antagonista confinado
ao seu reino subterrâneo.

Nesse reino de pedais de distorção, não existe melhor candidato para o reinado que o Boss HM-2 Heavy Metal. Sua intensidade e atmosfera seguem em rumo oposto a tudo que era tido com um efeito convencional para guitarra.

Embora o seu som seja muito parecido com o pedal Ratt, ou o Big Muff, o HM-2 teve um impacto inegável no mundo de efeitos para a guitarra pesada.

HM-2

A história do HM-2

Ao contrário de muitos outros pedais icônicos, o HM-2 é um pedal novo para o mercado da música. Ele foi produzido pela primeira vez no Japão, em 1983-1988 e depois em Taiwan quando foi descontinuado, no ano de 1991.

Durante esses oito anos de produção, o HM-2 não teve grande destaque no mundo da música. Ele foi desenvolvido para ser um emulador de amplificador da Marshalls, porém os guitarristas da época tinham outras formas de fazer essa função.

Um dos poucos momentos de reconhecimento que o HM-2 recebeu nestes primeiros anos veio de um improvável guitarrista: David Gilmour, do Pink Floyd. Ele deu detalhes de como usava o HM-2 em uma entrevista para a Guitar Player, em 1984.

“No momento, o som que estou fazendo a maior parte do tempo está passando por um Boss HM-2 Heavy Metal para um amplificador Boogie para um [MXR] DDL e depois em um amplificador Fender regular. Eu uso um DDL nele porque acho que ele faz com que a caixa de fuzz pare de soar como uma caixa de fuzz. Ele suaviza as frequências desagradáveis e cruas que você obtém da caixa de fuzz, fazendo com que você receba um bom tipo de timbre. “

Gilmour pode ter até dado um pouco de fama para o HM-2, sabe-se que vários fãs da época queriam emular o som do guitarrista e, buscando isso, acabavam se encontrando com o pedal. Entretanto essa exposição ainda estava longe de ser algo impactante e duradouro.

Definindo o que é ser pesado

O HM-2 poderia nunca ter chego ao olimpo dos pedais de metal se não fosse pela banda suiça Entombed e o seu CD, Left Hand Path. Durante os anos 1980, o jovem guitarrista da banda (que era chamado de Nihilist) estava há procura de diversos timbres para a demo do álbum. Foi assim que ele tropeçou com o som icônico de um HM-2.

Armados com nada mais do que amplificadores e pedais baratos, os guitarristas Leif Cuzner, Alex Hellid e Uffe Cederlund também contribuíram para a fama do HM-2. Rimando com suas canções agressivas a banda criou um som distinto daquilo que era estabelecido no Death Metal da época.

O produtor da Entombed no álbum Left Hand Path, Tomas Skogsberg, levou o HM-2 e o jogou dentro da comunidade de bandas que gravaram no seu Studios Sunlight em Estocolmo, entre essas bandas estavam alguns dos pioneiros da Death Metal suecos como Dismember, Carange e Grotesque.

O som produzido por essas bandas se espalhou muito rapidamente, levando-as para lugares além de seu país, foi assim que o som do HM-2 foi reproduzido pelo mundo todo, sempre levando consigo a bandeira do metal.

À medida que o pedal se espalhava para além de Estocolmo, a forma como ele era utilizado no metal também evoluiu. Um uso cada vez mais comum para o HM-2 foi como um boost para o amplificador Marshall JCM 800, ou até mesmo para outro pedal de distorção.

A influência do HM-2 é sentida até hoje no mundo do metal, seu timbre ficou tão conhecido que acabou se expandindo para outros vertentes do estilo como o Hardcore e sludge metal, transformando um pedal que era esquecido, em um verdadeira ícone do metal. Com toda a certeza, o mundo do metal não seria o mesmo sem a influência do HM-2.

Categorias: Notícias Opinião