A descoberta do que é ir a um show de heavy metal e do Zakk Wylde

Quem é Zakk Wylde? Essa foi a ingênua pergunta que fiz quando me disseram que eu iria pela primeira vez a um show de heavy metal, e que teria que escrever sobre o evento.

Sim, a banda seria Black Label Society que esta voltando ao Brasil depois de 5 anos, para divulgar o disco lançado no ano passado Grimmest Hits.

Recebi um email com informações básicas, e me surpreendi ao saber que um cara que tocou com o Ozzy estaria no palco. Claro que no Ozzy eu já tinha ouvido falar.

Chegando ao lugar do show o primeiro susto: Os estacionamentos próximos estavam lotados, e a fila para entrar, dava volta no quarteirão. Uma galera assustadora, vestidos de preto e com cara fechada.

Nos primeiros passos em direção ao Tropical Butantã senti a paixão de todos pela banda. Camisetas e coletes com um crânio e o nome da banda, ou as iniciais BLS.

A ansiedade para conhecer a banda aumentava em mim, mas não se comparava aos fãs que agitados não viam a hora do show começar.

Foi quando entrei no Tropical que meu coração acelerou. Estava lotado. LOTADO!

E pensei: Como vou chegar lá na frente com tanta gente no caminho? Parece impossível.

E foi nesse trajeto de uns 10 minutos que veio a constatação de que eu estava rodeada das pessoas mais educadas e colaborativas do mundo musical.

Todos me ajudando a chegar, pedindo desculpas pelos esbarrões, e fazendo questão de mostrar o caminho. As pessoas felizes, falando de música, cantando junto a playlist que antecedia o show. Alguém gritou ao meu lado: “Pantera! Agora eu vou às lágrimas”

Era um senhor com o dobro do meu tamanho, barba e cabelos compridos e com um copo de cerveja na mão. Quando eu olhei pra ele, veio um enorme sorriso cheio de simpatia.

Eu estava já muito próxima ao palco e pensando por que demorei tanto para ir a um show de Metal. As pessoas estão ali como uma grande família unidas por uma força de dar inveja. E eu que pensava que estaria vazio, pois era sábado de Lollapalooza, além da tempestade que caíra naquela tarde em SP. LOTADO!

Passado algum tempo, uma movimentação começa a agitar a plateia. Uma música. “War Pigs”? Algo assim. O som estava muito alto e não entendi a explicação que me deram. De repente o enorme pano que cobria o palco com o símbolo do BLS cai. E a pergunta do começo desse texto é respondida da maneira mais brutal possível. Como não saber quem é Zakk Wylde?

É de perder a respiração. Em cima de uma plataforma, um gigante loiro, armado com uma guitarra com o símbolo da banda surge pra enfeitiçar um público que vai ao delírio. Eu mesma abri um sorriso que não cabia em mim.

Com uma voz poderosa, cantando em um pedestal com crânios e um crucifixo. Uma imagem marcante e furiosa que eu contarei para os meus netos.

Um deus ou um demônio que faz parecer fácil tocar a guitarra distorcida que dá vida a músicas dinâmicas, rápidas e envolventes.

Fiquei hipnotizada. Tirei fotos, gravei com o celular. E mesmo assim não conseguia desviar os olhos do fundador dessa banda tão importante e especial.

E as surpresas não paravam. Depois de algumas músicas e solos de guitarra, ele ainda foi tocar piano.

Um músico, simples, simpático e virtuoso. Gentil com o público e extremamente competente.

Não entendo de metal, não entendo de BLS e mesmo assim fui tomada por uma alegria inexplicável. Eu estava contente por estar ali e conhecer a figura cativante do Zakk.

Uma banda que merece esse público, família unida. Uma banda que merece o carinho e os refrões das músicas cantados pelas goelas inflamadas.

E como se não bastasse tantas novidades, ainda acabei pegando meio no susto uma palheta jogada do palco. Não era do Zakk mas tudo bem. Dele, eu levo a imagem de um guerreiro da música pesada. De um deus que ergue sua guitarra aos céus com a fúria e com a paixão. E com muita gratidão também.

Não conheço as musicas e não sei falar tecnicamente sobre tudo que me hipnotizou. O que sei é que o som estava bem alto. Gritando para o mundo a grandeza do BLS e do seu genial fundador Zakk Wylde.

Setlist:
1. Genocide Junkies
2. Funeral Bell
3. Suffering Overdue
4. Bleed for Me
5. Heart of Darkness
6. Suicide Messiah
7. Trampled Down Below
8. All That Once Shined
9. Room of Nightmares
10. Bridge to Cross
11. Spoke in the Wheel
12. In This River
13. The Blessed Hellride
14. A Love Unreal
15. Fire It Up
16. Concrete Jungle
17. Stillborn

Texto: Nicole Crochick
Fotos: Rafael Masini

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