Texto por: Eduardo Simões

Prestes a dar uma pausa nas suas atividades, o Angra veio a Belo Horizonte se despedir do público mineiro com uma versão reduzida do Angra Fest.

A primeira banda da noite, o VIPER, abriu o evento com a excelente “Under the Sun”, do seu último disco, Timeless. Na sequência, um retorno aos anos 80 com duas músicas do insuperável Theatre of Fate: “To Live Again” e “A Cry From the Edge”.

Mesmo sem a presença do membro fundador Pit Passarell, que faleceu em 2024, a banda consegue manter um show impecável. O seu substituto, Dani Matos, além de ser um excelente músico, é um antigo membro da família VIPER – ele é irmão do saudoso ex-vocalista Andre Matos.

Antes de “Wings of the Evil”, a banda chamou para o palco o guitarrista mineiro Eduardo P., ex-Chakal. Os vocais da belíssima “The Spreading Soul” foram divididos entre Dani Matos e Leandro Caçoilo

O som estava alto, claro e pesado. A nova formação funciona muito bem ao vivo. Além do já mencionado Dani Matos, o membro original Felipe Machado é acompanhado por Guilherme Martin na bateria, provavelmente um dos bateristas que batem mais forte do Brasil, e o virtuoso Kiko Shred na guitarra. Mas precisamos falar sobre o carismático Leandro Caçoilo, que canta todas as músicas do VIPER no tom original. Músicas gravadas por Andre Matos, Pit Passarell… Nada é problema! E o pior: ele faz tudo parecer fácil. Sem dúvida um músico fora da curva.

É difícil explicar para a nova geração a importância de ter um clipe entre o top 10 da MTV na primeira metade dos anos 90. Mas, mesmo que muitos dos presentes não tivessem nascido nessa época, conheciam e cantavam músicas como “Rebel Maniac”.

Antes de anunciar a última música, o membro fundador Felipe Machado fez uma bela homenagem à cidade de Belo Horizonte, destacando a sua importância para o heavy metal brasileiro. Destacou também a obra e amizade dos membros da família VIPER que nos deixaram: Pit Passarell e Andre Matos. E, para a felicidade do público, começou a tocar o dedilhado do clássico “Living for the Night”.

A excelente recepção deixa a porta aberta para o Viper retornar a Belo Horizonte para corrigir o único problema do seu show: a curta duração.

Angra e ‘Temple of Shadows’ tocado na íntegra

Após aproximadamente 30 min de intervalo o Angra subiu ao palco, abrindo com a pedrada “Nothing to Say”, que, convenhamos, já vale o ingresso. Na sequência, “Millennium Sun” e “Tides of Changes”, do excelente Cycles of Pain.

Não há dúvida: Rafael Bittencourt, Felipe Andreoli, Marcelo Barbosa e Bruno Valverde são instrumentistas extremamente competentes. E na frente do palco, Fabio Lione usa a sua técnica apurada para alcançar todas as notas, o que, em se tratando de Angra, não é uma tarefa simples.

“Deus Le Volt!” anunciou o momento que muitos esperavam: o disco Temple of Shadows foi executado na íntegra.

As músicas do Angra são cheias de detalhes e arranjos que engrandecem a obra. Fazer com que todos estejam no volume certo é um verdadeiro desafio. Felizmente o som estava perfeito! 

Após encerrarem o bloco Temple of Shadows, tocaram a música “Rebirth”. O vocalista Fábio Lione conversava com o público com várias brincadeiras, perguntando se estavam cansados ou queriam mais. E a resposta era óbvia: mais.

A música “Angels Cry” nos levou de volta aos primórdios da banda. É interessante que o Angra e o VIPER são bandas com histórias muito parecidas: quintetos de São Paulo, lançaram um primeiro disco excelente, lançaram um segundo disco ainda melhor, tinham como vocalista um tal de Andre Matos, passaram por várias mudanças de formação, superaram as dificuldades e contam com apenas um guitarrista da formação original: Felipe Machado e Rafael Bittencourt.

Para encerrar, o Angra emendou duas pedradas: “Carry On” e “Nova Era”, que abrem, respectivamente, os discos Angels Cry e Rebirth.

Casa lotada, shows perfeitos e fãs rindo de orelha a orelha. Infelizmente as duas bandas tinham shows no dia seguinte, o que inviabilizou uma data extra para os fãs que não conseguiram comprar ingressos.

Que o VIPER volte logo, acrescentando no setlist músicas como “At Least a Chance”, “Evolution”, “The Shelter”, “Freedom of Speech” e “The War”. 

No tocante ao Angra, após 30 anos de serviços para a música, nós, fãs, entendemos a necessidade de merecidas férias. Mas também aguardamos ansiosamente o seu novo “renascimento”.

VIPER: Belo Horizonte, 11 de julho
Intro – Reality
Under the Sun
To Live Again
A Cry from the Edge
Soldiers of Sunrise
Dead Light
Wings of the Evil
Prelude to Oblivion
The Spreading Soul
Rebel Maniac
Living for the Night

ANGRA: Belo Horizonte, 11 de julho
Nothing to Say
Millennium Sun
Tide of Changes – Part I
Tide of Changes – Part II
Deus le Volt!
Spread Your Fire
Angels and Demons
Waiting Silence
Wishing Well
The Temple of Hate
The Shadow Hunter
No Pain for the Dead
Winds of Destination
Sprouts of Time
Morning Star
Late Redemption
Rebirth
Angels Cry
Unfinished Allegro
Carry On / Nova Era

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Categorias: Notícias Opinião

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