A banda catarinense Somaa lançou o álbum <Antena>, sucessor do elogiado álbum de estreia do trio, O Mundo Quer Te Enganar (2018). O trabalho chega após o lançamento de seis singles, todos acompanhados de clipes oficiais e diversas ações promocionais de divulgação.
Em seu novo álbum, o Somaa une grunge, punk, hardcore e indie. Com exclusividade ao Wikimetal, o vocalista e guitarrista Rafael Zimath compartilhou algumas dessas inspirações. Confira a lista completa logo abaixo.
1. “Them Bones” – Alice In Chains
O Alice in Chains é uma das raras unanimidades dentro do SOMAA. Musicalmente é uma referência importante porque sintetiza muito da nossa música ainda que sejamos o tipo de banda que não tem interesse em copiar as nossas referências. Nosso interesse é criar o próprio som e linguagem, mas é óbvio que você trabalha com certos “ingredientes” que apontam numa certa direção: o lance do peso, riffs, mas também melodia, refrão e arranjos de vozes (eu e Tiago Luis Pereira, baterista), de modo, que o AIC é sempre lembrado porque são MESTRES brutais nisso tudo.
2. “Sweet Dreams Of Otherness” – Alexisonfire
Embora não possamos dizer que somos fãs da banda, curtimos muito o último disco Otherness (2022). O Alexisonfire tem um refinamento pop que não é muito comum no post-hardcore (estou ciente de que “pop” pode ser considerado um palavrão no universo metal/alternativo, mas tô me arriscando aqui). Eu particularmente não sou muito fã deste lance do metalcore (ou como você queira chamar) com produção plástica e vocais guturais/limpos, mas, na real, talvez eles não sejam exatamente isso. Neste álbum a banda evoluiu muito aqui e a coisa parece diferente de outras bandas que supostamente estão na mesma “prateleira”. A música da banda tem uma elegância e urgência, timbres orgânicos, enfim, combina atributos que também tentamos levar no nosso som.
3. “Wires” – Red Fang
Parte da música do Somaa é uma contradição em si: tem seus momentos “burrões”, dos riffs em uníssono, mais retos, mas também tem os arranjos que tentam apontar para outras direções e criar contrapontos entre os diferentes instrumentos. O Red Fang é foda em fazer música mais direta, baseada em riffs e não fica devendo nada para ninguém que seja mais erudito. Às vezes, o “simples” é tudo que você precisa.
4. “912 passos” – Dead Fish
Além de uma banda muito importante para o rock brasileiro independente (para mim, eles são mais do que apenas hardcore), o Dead Fish também sempre é referência, no texto, riffs, refrões, etc. Além disso, Rodrigo Lima é um grande amigo e que escreveu junto comigo uma música foda que acabou não entrando em “<Antena>” mas que um dia verá a luz do dia.
5. “Fell on black days” – Soundgarden
Outra unanimidade para gente. Que banda! Para mim, são muitas qualidades, mas uma delas que chama a atenção, além da força das melodias, é a inteligência dos arranjos. Baixo e guitarra, quase nunca, tocam a mesma coisa. Matt Cameron na bateria também é sinistro pra cacete e uma das grandes influências do Tiago no instrumento.
6. “Demon in Profile” – Afghan Whigs
Eu e Tiago somos fãs destes caras. Novamente, aqui se vê a elegância nos timbres, arranjos, acordes. alt-rock de gente grande! E, porra, os ganchos nas melodias são sempre uma inspiração.
7. “Solara” – The Smashing Pumpkins
Aqui também temos outra referência para o Tiago, enquanto baterista. Este maluco do Smashing Pumpknis é o que eu costumo chamar de batera polvo. Absurdo! Além disso, Sr. Corgan também é um baita compositor ainda que possa parecer meio mala, às vezes. Mas as canções estão aí e falam por si.
8. “Black Roses” – Mother’s Cake
Essa banda austríaca é um achado dos últimos anos. Acho foda como os caras tocam umas 3 ou 4 músicas numa só, com grande variação de dinâmicas, climas e intensidade. “Alívio”, do nosso último disco, também apresenta características semelhantes.
9. “The Grey” – Thrice
O Thrice também é professor em como criar músicas com ideias melódicas fortes e refrões redentores. Gostamos também da estrutura das músicas, sempre muito bem pensadas, com bom gosto. Embora não sejam uma banda nova, eu sempre indico os últimos discos do Thrice para aquela galera que fica dizendo que não existem mais bandas de rock boas na atualidade.
10. “Holy Wars…The Punishment Due” – Megadeth
Talvez a melhor música ever do thrash metal (#polêmica)? Tecnicamente, o Megadeth não tem nada a ver com o que fazemos no Somaa. Entretanto, eu e o Ned (baixo) somos grandes fãs da banda (e de metal). Tem um lance nostálgico também, claro, porque o Megadeth foi uma daquelas primeiras bandas descobertas por moleques com espinhas, camisetas pretas e curtindo álbuns com caveiras. Esse lance costuma ser uma porta de entrada e a gente pira demais nestas coisas até hoje. “Discos de Heavy Metal”, do nosso novo álbum, fala muito sobre tudo isso, inclusive no clipe que fizemos para a música.
11. “Ao sul das coisas” – Los Porongas
Essa banda do Acre também inspira no que diz respeito à construção das músicas com arranjos interessantes e com um cuidado grande dedicado ao texto. Não é uma tarefa simples escrever em português, mas a gente acredita que o rock independente brasileiro (a música nacional, em geral) ganha muito com obras dedicadas à nossa língua. A musicalidade da língua portuguesa, se dá mais trabalho do que o inglês, de outro lado, também oferece outras possibilidades.
12. “Mania de Perseguição” – Molho Negro
Outra banda brasileira atual que gostamos e até tocamos juntos uma vez. Acho até que eles têm muitas semelhanças conosco, mesmo tempo de carreira, referências em comum, também são um trio e ainda foram produzidos pelo mesmo cara (Gabriel Zander).
13. “Ashes to Ashes” – Faith No More
Mais uma unanimidade dentro do Somaa e que nos influencia bastante em relação a letras, melodias e arranjos. Quando estávamos gravando, lembramos deste refrão na hora de rearranjar o refrão de “Fuga ao Contrário”.
14. “Difícil de entender” – Ratos de Porão
O Ratos também é uma banda de formação, para mim. Acho o Jão um guitarrista fodástico e eu amo o jeito que ele escreve riffs pesados, com dissonâncias e este acabamento punk.
15. “The Hand That Feeds” – Nine Inch Nails
O NIN é foda. Uma banda que tem grandes discos, músicas e a mente genial do Trent Reznor. Novamente, aqui se tem outros professores da melodia, composição, refrões, tudo isso acompanhado de certo experimentalismo.