Os australianos do Airbourne se preparam para a segunda passagem pelo Brasil no final deste mês, quando farão uma apresentação única no Fabrique Club, em São Paulo, no dia 28. A banda retorna ao país com o quinto álbum de estúdio, Boneshaker (2019), e logo após rodar a Europa ao lado de ninguém menos que Iron Maiden.

Poucos dias depois de encerrar as datas com a Donzela de Ferro em Portugal (veja fotos e resenha aqui), o vocalista e co-fundador Joel O’Keeffe aproveitou o tempo livre em um trecho de balsa para conversar com o Wikimetal sobre a as expectativas para o retorno ao Brasil, o novo álbum e a comunidade do rock n’ roll.

Sobre os shows na Legacy of the Beast Tour, que em breve desembarca no Brasil para quatro shows do Iron Maiden, o frontman do Airbourne falou sobre a oportunidade de observar uma máquina em pleno funcionamento como os gigantes do metal e aprender “alguns truques” com a banda, fosse na produção ou na maneira de se dedicar ao trabalho. 

“Tive a oportunidade de assistir Bruce Dickinson todos os dias e, sinceramente, esse cara simplesmente trabalhou duro para dar o melhor todas as noite, não há nada no mundo que importe mais para ele do que o show quando ele está no palco. Ele dá tudo de si”, disse. “A voz dele, acredito que está na melhor forma que já ouvi. E uma das coisas que aprendi foi a ser mais focado e talvez não encher a cara de cerveja na noite anterior, você pode beber depois do show. Ele é tenacidade absoluta e profissionalismo de um jeito que eu nunca vi. 

Apesar da diferença de estilos musicais entre Airbourne e o headliner da turnê, a energia frenética do grupo no palco torna quase impossível que a banda passe despercebida. “Muitos fãs de Maiden realmente gostaram da gente, nós conquistamos uma boa quantidade de pessoas e foi muito bom. Tinha uma vibe quase de festival porque as pessoas compraram esses ingressos há dois ou três anos, então o público estava super animado para chegar e se divertir”, disse. 

Airbourne na abertura do show do Iron Maiden em Lisboa. Crédito: Rodrigo Simas
Airbourne na abertura do show do Iron Maiden em Lisboa. Crédito: Rodrigo Simas

E diversão é uma das palavras-chave do som do Airbourne, que aposta no hard rock clássico, cru e direto ao estilo de AC/DC na discografia e buscou ainda mais uma pegada old school em Boneshaker, álbum que teve a divulgação nos palcos interrompida pela pandemia e finalmente ganha o mundo em seu habitat natural: ao vivo. “Depois de tudo que passamos, estar no palco novamente é como libertar um animal selvagem da jaula. Está sendo ótimo retomar a turnê e ir com tudo”, continuou Joel. “E as plateias estão fora de si, mais ferozes do que jamais vi antes”. 

A última passagem do Airbourne pelo Brasil foi há cinco anos, quando a banda também fez uma apresentação única em São Paulo, daquela vez para um show no Carioca Club (veja fotos e setlist aqui). “Estaremos de volta em breve e estamos muito animados. É um dos públicos mais apaixonados para o qual já tocamos. Só fomos uma vez, mas foi [tão bom] como comer um pedaço de chocolate e decidimos voltar”, contou. “Lembro da plateia ser muito apaixonada, usando jaquetas de guerra. E depois do show, a gente podia sair e beber uma cerveja, porque ainda estava quente. É um lugar muito lindo, nunca vi uma cidade maior que São Paulo”. 

Com cinco álbuns lançados, a banda consegue se manter eletrizante e atual, apesar de beber tão diretamente da fonte do hard rock puro. Segundo o frontman, as composições da banda conseguem se manter revigorantes porque partem de momentos que realmente aconteceram e pura devoção ao estilo. “Nós apenas amamos rock n’ roll e colocamos tudo que temos [nas músicas]”, disse com simplicidade. “Acho que é por isso. Não tentamos inventar nada”. 

No álbum Boneshaker, Airbourne faz uma declaração de amor mais direta ao rock enquanto estilo de vida e comunidade mundial em “Rock ‘N’ Roll For Life”. E para Joel O’Keeffe, “rock n’ roll é como uma linguagem universal”: onde quer que você vá, as pessoas adoram Motörhead e Iron Maiden e abraçam as novas bandas. “É como se fosse um país próprio, onde todos os habitantes amam as mesmas bandas, usam o mesmo tipo de jaquetas e amam se divertir. É assim que vejo”, contou.

Questionado sobre a postura de parte dessa comunidade, que nem sempre recebe tão bem os novatos, Joel prefere uma postura mais receptiva. “Se você é um novo fã de rock, se acabou de descobrir rock, então venha! Você terá os melhores momentos de todos. Quanto mais gente, melhor. E mais pessoas amando rock n’ roll significa que mais bandas fazendo shows, e mais bandas significam que mais pessoas estão aprendendo guitarra e bateria, sabe? Então é isso, quanto mais, melhor!”

Apesar de reconhecer que esse país dos sonhos tem menos habitantes agora do que antigamente, entre as décadas de 1960 e 1980, Joel é firme em dizer: “O rock não está morrendo. Algumas pessoas envelhecem, mas tem muitos jovens chegando, agora mais do que nunca. Estamos na estrada há 15 ou 20 anos e estamos vendo mais crianças e jovens nos shows e aprendendo instrumentos. Então, definitivamente, o rock não morreu, no máximo, está ressurgindo da própria maneira”.

Nas composições, Airbourne geralmente fala sobre alguns tópicos já bem explorados por bandas de rock ao longo dos anos: carros, sexo e mulheres. Nos cenários cantados por tantas bandas de homens, é inevitável que o viés machista esteja presente, mas nenhuma reclamação parece chegar aos ouvidos da banda até o momento. 

“Se você não entende, você é idiota. Esse tipo [de questionamento] se infiltrou nos esportes e se acontecer no rock, vá se foder. Você não pode tirar a diversão do rock n’ roll, e nós somos uma daquelas bandas que não deixa ninguém chegar e tirar a diversão do rock’n ‘roll por besteiras sobre essa”, disse sobre o tema. “Existem muitas partes do mundo onde você percebe o equilíbrio de homens e mulheres, com as mulheres agora tendo mais poder e nós absolutamente apoiamos tudo isso. Mas ouça, as mulheres também são sexy e vamos cantar sobre isso”. 

Airbourne se apresenta em São Paulo no próximo dia 28 de agosto (domingo), na casa Fabrique Clube (Rua Barra Funda, 1071 – Barra Funda), com a banda RF Force na abertura. Saiba mais aqui

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