Depois de três décadas misturando “raprocknrollpsicodeliahardcoreragga” e ativismo social, o Planet Hemp anunciou oficialmente que está chegando ao fim. A banda carioca, liderada por Marcelo D2 e BNegão, fará uma turnê de celebração e despedida entre setembro e novembro deste ano. Batizada de “A Última Ponta”, a série de shows vai passar por dez cidades brasileiras, encerrando de vez a trajetória de um dos grupos mais icônicos do rock nacional.
“Senhoras e senhores, o Planet Hemp vai acabar!”, declarou Marcelo D2 em uma coletiva de imprensa realizada em São Paulo na tarde desta terça-feira, 17, com transmissão ao vivo no canal oficial da banda no YouTube. Junto ao anúncio, também disponibilizaram um vídeo em que a dupla de vocalistas reforça o tom de encerramento definitivo: “Seja bem-vindo ao nosso último ritual”.
Durante a coletiva, os membros expressaram seu carinho pelos 32 anos de banda e destacaram que há um consenso em dar um fim a essa história. “É um momento de plena consciência nossa de parar a banda. De falar ‘a gente já fez o que tinha que fazer dentro do Planet Hemp’”, disse D2. Entretanto, o clima não é de luto, mas de celebração. BNegão deixou claro que não se trata de um “final ocidental clássico”, mas de um “gurufim”, tradição de origem negra que mistura um ritual fúnebre com música e festividade.
A dupla também aproveitou a conversa para relembrar nomes que passaram pelo grupo, como Seu Jorge, Black Alien, Zegon e Skunk, co-fundador do Planet Hemp, que faleceu em 1994, um ano após a formação da banda. Em tom nostálgico, BNegão contou que o grupo quase acabou em razão da morte do amigo, mas que, como forma de homenagem, decidiram lançar o primeiro álbum, Usuário (1995), e seguiram desde então.
Ao serem perguntados sobre o legado deixado, BNegão disse que apesar das adversidades vividas, os integrantes acreditaram desde o início no trabalho e na proposta da banda e que hoje entendem a contribuição que tiveram para mudança de cenários políticos e sociais. D2 comentou falando que erraram bastante, mas que graças a isso se tornaram artistas que acreditam no que fazem e defendem firmemente uma ideologia. “Ainda corre na veia aquela sensação de que a gente vai mudar o mundo, mesmo que o mundo continue uma merd*”, completou.
Confira a coletiva na íntegra:
Datas, cidades e participações especiais da turnê de despedida
A primeira apresentação da turnê acontece em 13 de setembro, na Concha Acústica, em Salvador. O encerramento será no dia 15 de novembro, com um grande show no Allianz Parque, em São Paulo. As demais datas incluem passagens por Recife, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Veja todas as datas da turnê “A Última Ponta”:
13/09 – Salvador (Concha Acústica)
20/09 – Recife (Classic Hall)
03/10 – Curitiba (Live Curitiba)
04/10 – Porto Alegre (KTO Arena)
12/10 – Florianópolis (P12)
17/10 – Goiânia (Goiânia Arena)
18/10 – Brasília (Arena BRB)
31/10 – Belo Horizonte (Befly Hall)
08/11 – Rio de Janeiro (Farmasi Arena)
15/11 – São Paulo (Allianz Parque)
A venda de ingressos começa nesta quarta-feira, 18, ao meio-dia, no site da Eventim. Em Salvador, as vendas acontecerão pela Sympla. Já nas bilheterias físicas, os ingressos estarão disponíveis a partir das 13h.
D2 adiantou que os shows serão longos e recheados de participações especiais. “Vamos contar a história da banda com nossos quatro discos”, afirmou, prometendo uma retrospectiva de toda a trajetória do grupo.

Planet Hemp: três décadas de fumaça, polêmica e muita música
Fundado em 1993 por Marcelo D2 e Skunk, o Planet Hemp surgiu como uma voz de contestação política e social, com letras que defendiam a legalização da maconha e denunciavam injustiças sistêmicas. Nos anos 1990, a formação se consolidou com as chegadas de BNegão e Black Alien, além de Formigão no baixo.
Os álbuns Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára (1997) e A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000) contaram com clássicos como “Stab” e “Queimando Tudo” que influenciaram uma geração. No entanto, divergências internas levaram ao primeiro fim da banda em 2001. Após uma série de reuniões pontuais desde 2012, o Planet Hemp voltou de forma mais consistente a partir de 2018. O disco mais recente, Jardineiros, lançado em 2022, quebrou um hiato de mais de duas décadas sem músicas inéditas e trouxe o debate sobre a maconha para o contexto político contemporâneo, rendendo dois Grammys Latinos e uma gravação ao vivo em comemoração aos 30 anos de banda.
Atualmente, além de D2 e BNegão, a formação conta com Formigão, o baterista Pedro Garcia, o guitarrista Nobru e o produtor Daniel Ganjaman, responsável pelos teclados e efeitos sonoros ao vivo.
Depois de tantas idas e vindas e shows históricos, a banda promete encerrar sua trajetória de forma definitiva. “Agora é a última ponta”, garantiu D2.
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