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Sleaford Mods. Crédito: Nick Waplington

Entrevista: Sleaford Mods fala sobre novo álbum, ‘The Demise of Planet X’ 

13º álbum de estúdio do duo britânico de post-punk será lançado em 16 de janeiro

Sleaford Mods lança em 16 de janeiro seu décimo terceiro álbum, The Demise of Planet X. A pré-venda e o pré-save podem ser feitos aqui

O disco traz o duo britânico de post-punk em sua melhor forma. Com letras ácidas e temas ferozes, o Sleaford Mods segue desafiando padrões e fazendo críticas ao mundo atual com seu som poderoso e caótico. 

Conversamos com o vocalista Jason Williamson sobre o novo álbum, as participações especiais, a visão crítica do grupo sobre a política global atual e mais. Jason também relembrou o show de estreia no Brasil, realizado em novembro de 2024.

Ao longo de dezoito anos de carreira, a dupla possui uma vasta discografia. Entretanto, The Demise of Planet X se destaca por ser o trabalho mais abrangente até hoje. Ao explicar quais elementos foram necessários para dar essa sensação, o vocalista atribui a evolução à produção do disco.

“Acho que é apenas a escala da sonoridade na produção. Apenas parece um pouco mais amplo. Parece mais acessível para, provavelmente, um público maior, mas quem sabe?”

Origem do nome do novo álbum do Sleaford Mods

O nome do disco faz referência a filmes de ficção científica da década de 80. Questionado se o “Planeta X” seria uma sátira ao modo como vivemos, Jason afirmou ser uma constatação de um colapso já existente. 

“Não é realmente uma sátira, é mais um comentário sobre o fato de que parece que o planeta já implodiu. O Planeta X é uma história de conspiracionistas sobre como outro planeta colide com a Terra e a explode. Mas a sensação é de que isso já aconteceu em alguns aspectos e o que temos agora não é um novo horizonte. É mais do mesmo, por assim dizer.”

Jason comentou sobre participações especiais

A faixa “The Good Life” marca a estreia da renomada atriz Gwendoline Christie (Game of Thrones e Wandinha) como cantora. Sobre como surgiu a inusitada parceria, ele conta que tudo começou com uma interação nas redes sociais.

“Ela enviou mensagens pelo Instagram e a coisa fluiu a partir daí. ‘The Good Life’ era uma música que levou cerca de dois anos para ser escrita. Quando consegui melhorar meus versos, senti que faltava algo mais, outra sonoridade. Foi quando Gwendoline entrou em cena. Ela expressou interesse em trabalhar com a gente. Ofereci uma parte na música e ela veio para os estúdios Abbey Road, em Londres, gravar. Estamos muito orgulhosos disso.”

A principal colaboração do disco fica para Sue Tompkins, ex-vocalista do Life Without Buildings, que estava afastada da música há anos. Jason revelou: “Nunca tínhamos ouvido falar de Life Without Buildings ou Sue Tompkins antes. Jeanette Lee, da Rough Trade, sugeriu que a escutássemos”.

“Sabia desde o início que ela era o encaixe perfeito para uma colaboração. Então, após uma hora de conversa ao telefone com a Sue num sábado à tarde de verão, enviei a música [‘No Touch’] e ela me disse que adorou”, complementou.

Caos de um mundo pós pandêmico

O disco de 2023, UK GRIM, feito durante a pandemia, tinha a estagnação como tema principal. Já o novo trabalho foca nos efeitos de um mundo pós-pandêmico. Entre guerras, genocídios e o aumento da desinformação, Jason apontou que “a instabilidade” lhe assusta neste cenário atual. 

“É ameaça de terror, de guerra, de colapso. Não sei se as guerras sempre estiveram presentes, mas à medida que o conflito no Oriente Médio vira algo muito maior e encapsula o mundo, e com a invasão da Ucrânia, isso significa uma paisagem muito mais instável.”

Sleaford Mods e o forte viés politico de “Flood The Zone”

Uma das faixas mais fortes do álbum, “Flood The Zone”, faz críticas diretas ao movimento MAGA (Make America Great Again), ligado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O título faz referência ao método de “inundar” a mídia com desinformação. Sobre a ascensão de líderes e movimentos de extrema-direita ao redor do mundo, inclusive na Inglaterra, Williamson respondeu:

“É deprimente. Não é nem preocupante, é apenas deprimente. Eles já estão aqui. Não há motivo para se preocupar com isso. O que podemos fazer para combater? Eu não sei. Não tenho ideia. Não se torne um deles (risos)”.

Show de estreia no Brasil

Sobre a estreia no Brasil, Jason afirmou ter “amado o país” e que “deseja voltar em breve”. Ainda sobre o show, ele elogiou o Black Pantera, responsável pela abertura: “Brilhante. Nós realmente curtimos. Espero vê-los novamente, e quem sabe até tocarmos juntos.”

Por fim, Jason mandou uma mensagem para aqueles que aguardam o lançamento do novo álbum do Sleaford Mods: “Esperamos que vocês realmente gostem do novo álbum. Queremos muito ver todos vocês novamente. Por favor, mostrem aos seus amigos, espalhem a palavra e esperamos vê-los em breve.”

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