Um grito abre as portas do álbum de estreia do Organoizes  e nada poderia ser mais adequado para iniciar a trajetória das faixas seguintes da banda brasileira formada por Alex Sizov (violino), Conrad Ford (guitarra), Ed Bauman (guitarra), Henrique Reginato (baixo), Thomaz Magno (vocal) e Vitor Barbequílson Libardi (bateria).

Gravado pela própria banda em estúdio próprio, o álbum mostra a ousadia dos principiantes que, apesar de lançarem agora o primeiro álbum, possuem uma direção definida de propósito que consegue misturar punk, metal, folk e rock com equilíbrio e inovação, sem perder o foco ou a brutalidade no som e nas letras politizadas. 

O projeto tem mixagem e masterização de Jason Van Poederooyen, cujo currículo eclético beneficia a proposta única do Organoizes enquanto álbum: ele já trabalhou com artistas como Devin Townsend, Simple Plan, Imonolith e Nickelback.

Português e inglês se misturam com naturalidade nas faixas frenéticas, criando quase um idioma próprio do Organoizes na cacofonia melódica e brutal da trindade composta “Profeta do Absurdo”, “Data Roaming” e “Grão de Areia”, faixas que evocam até mesmo o ritmo do baião, bem representado na capa do disco, sem perder os solos mirabolantes – e bem elaborados – que seguirão em todo o disco. 

Organoizes
Organoizes. Crédito: Thomaz Magno

“Santa Porka”, um dos pontos altos dessa estreia, dá a impressão de desaceleramento com a abertura surpreendente no violino, mas Organoizes não tem tempo a perder nesse manifesto do propósito inconformista e atento da banda, que alerta para a manipulação das massas. “Não importa o que tu faça / A mídia te impulsionava / Naquela direção contrária / E o indivíduo segue sem valor”, diz a letra. 

Na sequência, as ótimas ‘See Through Eyelids”, “Pra La & Pra Ca”, “Rain Consumer” e “Cataclysm” oferecem uma abordagem sonora mais tradicional de metal com peso crescente, mas o DNA da banda transpassa por todas as composições: com um quê da loucura genial de System of a Down em clássicos como “B.Y.O.B” e “Toxicity”, e aprendizados valiosos do Sepultura sobre como incorporar elementos brasileiros no metal, a penúltima música do disco explica bem a sensação de ouvir uma nova banda com tanta identidade: “E agora chega a hora em que só basta nós dizer EITA PORRA!”. Felizmente, é uma exclamação de bem-vinda surpresa com a atitude autêntica e feroz que transborda do Organoizes. 

Em breve, a banda lançará a versão de taverna do álbum, com todas as músicas gravadas apenas com violino e percussão. O projeto intitulado Tavern Edition chega oficialmente ao público no dia 15 de dezembro.

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