Um olhar – e um ouvido – distraído encontra na banda nova iorquina Interpol e no seu álbum de estreia Turn On the Bright Lights (2002) um indie rock comum que surgia no bairro alternativo Williamsburg. Porém, um quarteto, na época formado por Paul Banks (vocalista e guitarrista), Daniel Kessler (guitarrista e backing vocals), Carlos Dengler (baixo e teclado) e Samuel Fogarino (bateria), um contrato de uma importante gravadora independente, a Matador, e bons produtores, Gareth Jones e Peter Katis, que entendiam a mensagem que o grupo queria passar, tornaram a estreia algo monumental.

O álbum é uma obra de seu tempo. Nova Iorque pós-11 de setembro devastou os Estados Unidos e o mundo e, claro, isso refletiu na música. Na época, a cidade havia perdido seu brilho e já não era mais a casa jovem e cultural que um dia foi – e que um dia voltou a ser. A cidade se tornou um lugar sombrio, complicado e cheio de desconexão. Turn On the Bright Lights é o reflexo disso e se torna tão verdadeiro com seus detalhes emocionais que soa verdadeiro mesmo para quem nunca pôs os pés na cidade.

Muitos comparam até hoje essa intensidade com o Joy Division e de fato há algumas semelhanças, mas onde Interpol se diferencia é na atmosfera mais teatral e paradoxal. Cada uma das onze faixas do álbum traz uma necessidade crua e perturbadora, ao mesmo tempo que uma serenidade delicada.

Um exemplo disso é a faixa que abre o disco, “Untitled”: “I will surprise you sometimes/ I’ll come around/ When you’re down” (“Eu vou surpreendê-lo às vezes/ Eu vou voltar/ Quando você estiver triste”, em tradução livre). Aqui, Banks canta gentilmente sob uma guitarra repleta de ecos. As palavras são melancólicas, mas assertivas e dão o tom para o álbum.

Com essa intensidade, o Interpol se colocou automaticamente como uma força no indie rock, dando exemplo a muitas bandas que viriam depois. Até hoje, grupos como The Killers, Editors, the xx citam a banda, e especialmente o álbum, como inspiração.

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Antics

Dois anos depois de Turn On the Bright Lights, o grupo lançou Antics, outro álbum conceituado e importante para sua carreira. Para o vocalista Paul Banks, este é o seu álbum preferido da banda. A declaração aconteceu durante uma entrevista à Vice em 2018: “Eu realmente coloquei muito sangue, suor e lágrimas neste disco”.

Banks também afirmou que sua confiança na qualidade do álbum agiu como “o antídoto perfeito para a crise do segundo ano” e o grupo contornou a pressão e foi capaz de “mergulhar de volta”.

Bebendo muito da fonte de seu sucessor, Antics não foi condenado a uma vida envergonhada como uma sequência monótona de Turn on The Bright Lights. O trabalho ainda extrai aquilo de mais sentimental e pertubado da banda e suas experiências e transforma em algo comovente e forte. Além disso, o Interpol brinca aqui com algumas canções um pouco dançantes, mostrando que todos podem ter seu lado mais divertido.

Hoje a banda é formada apenas por Paul Banks, Daniel Kessler e Samuel Fogarino. Dengler saiu em 2010 para seguir outros projetos. Banks assumiu a função adicional de baixista em vez de contratar um novo.

Show no Brasil

Em celebração aos 20 anos de ambos os lançamentos, o Interpol traz ao Brasil toda essa intensidade e melancolia em junho. O grupo apresenta três shows: 05 de junho no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, e 07 e 08 na Audio, em São Paulo.

Os ingressos estão à venda no site oficial da Livepass.

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