Ícone do site Wikimetal

Sabaton no Bangers Open Air. Crédito: Jéssica Marinho

Entrevista Sabaton: Joakim Brodén fala sobre o novo álbum, ‘Legends’

Vocalista conversou com o Wikimetal e contou detalhes de ‘Legends’, que será lançado em 17 de outubro

Sabaton lança em 17 de outubro, seu décimo primeiro álbum, Legends. O disco é o primeiro lançamento da banda sueca de power metal pela Better Noise Music.

O álbum irá viajar através do tempo para contar sobre grandes personalidades da história, como Joana D’Arc, Napoleão Bonaparte, Júlio César e o espadachim japonês Miyamoto Musashi.

Em uma conversa com o Wikimetal, o vocalista Joakim Brodén falou sobre o processo de pesquisa histórica dessas figuras, o conceito da capa, músicas que poderão se tornar grandes sucessos ao vivo e mais. O sueco também relembrou o show realizado pela banda no Bangers Open Air 2025 em maio e comentou a possibilidade de um retorno ao Brasil em breve.

Leia na íntegra:

Wikimetal: Legends será o primeiro álbum da banda em parceria com a Better Noise Music. O que motivou o Sabaton em realizar essa troca de selo?

Joakim Brodén: Bom, basicamente, era hora de uma mudança. Infelizmente, muitas pessoas acreditam que tivemos problemas com a Nuclear Blast. Nós nem nos importamos muito com isso, já que eles são bons amigos. No entanto, muitos de nossos parceiros também não fazem mais parte do selo. Não é a mesma gravadora de quando nos juntamos a ela. Nisso, dentre todos os nomes que avaliamos, a Better Noise foi a que estava mais empolgada para trabalhar conosco. Eles tiveram várias ideias ótimas, além de estarem muitos dispostos em ouvir o que tínhamos em mente. 

WM: Esta é a primeira vez que todos os membros da banda contribuíram no processo de composição. Como essa colaboração total impactou o som e a dinâmica do álbum?

JB: Na verdade, gostaria de ter uma resposta melhor, mas não mudou nada (risos). O Hannes [Van Dahl, baterista] não escreve muita música, ele fez apenas uma comigo que foi “Man of War”, escrita como material extra para Heroes (2014). Depois disso, ele não compôs mais, até agora, onde escrevemos “Till Seger” juntos. Já com o Chris [Rörland, guitarrista] e o Thobbe [Englund, guitarrista], faço isso com mais frequência. Até mesmo quando ele [Thobbe] não estava mais na banda. Normalmente somos eu e o Pär [Sundström, baixista] que trabalhamos nas letras. Mas, sim, esta foi a primeira vez que todos os membros do Sabaton escreveram músicas para um mesmo álbum. Foi apenas uma coincidência.

WM: Por que escolheram mergulhar nas histórias de lendas como Joana D’Arc, Napoleão e Miyamoto Musashi neste momento da carreira de vocês? 

JB: Sentimos que existem várias, como posso dizer, lendas ou guerreiros lendários. Creio que posso chamá-los de líderes ou comandantes, que gostaríamos de falar. Mas quais seriam os temas para Napoleão e Júlio César nesse caso? Não nos vimos prontos para fazer algo para uma guerra revolucionária ou uma guerra Napoleônica em um álbum dedicado a isso. A mesma coisa acontece com Genghis Khan, por exemplo, mesmo que você possa fazer um álbum dedicado para cada uma dessas pessoas. Então, a solução adotada foi o próprio problema. Temos todas essas pessoas maravilhosas que gostaríamos de escrever músicas sobre. Qual é o denominador comum aqui? Nisso, chegamos a conclusão de que todas são lendárias. 

WM: Como foi o processo de pesquisa histórica desses personagens?

JB: Bem diferente desta vez. Normalmente, focamos apenas em guerras modernas. Não é sempre. Mas, geralmente, grande parte das nossas músicas relatam guerras que se passaram durante o século 20. Então, para um cara como Napoleão, que é extremamente documentado e recente, não diria que muita coisa mudou. Já fizemos pesquisas sobre coisas bem mais antigas, como é o caso de “Carolus Rex” [que fala sobre Carlos XII da Suécia, que viveu entre 1682 e 1718]. Em outros casos, como Júlio César, por exemplo, não há falta de material.

No entanto, quando se trata de pessoas que não éramos tanto familiarizados, como o general chinês Lu Bu, ou Miyamoto Musashi, é um mundo totalmente diferente. Especialmente pelo fato de Bu ter nascido em 156 d.C. Por conta disso, o material histórico é mais difícil de ser lido e acessado, na verdade (risos). Mas assim, já fizemos isso antes e ficamos muito felizes em ter feito novamente. Foram muitas descobertas interessantes. Eu, por exemplo, conhecia o Musashi apenas como um duelista e samurai. Não fazia ideia sobre seu lado filosófico. Por isso, ao pesquisar sobre ele, tive que inserir isso nas letras. O pré-refrão de “The Duelist” veio de O Livro dos Cinco Anéis

WM: Quando Legends foi anunciado, você mencionou que ele seria o “sucessor natural” de Heroes (2014). De que maneira os álbuns se conectam, já que ambos falam sobre momentos históricos, mas se passam em períodos distintos?

JB: Não sei realmente. Talvez seja pelo fato de que ambos os álbuns falam de pequenos grupos de pessoas. Já os heróis, em grande parte, são sozinhos. Mas eles também podem estar inseridos em pequenas unidades ou grupos. Dessa forma, acabam sendo bastante similares.

WM: A banda sente que tem um papel de educador, uma vez que as músicas podem aumentar o interesse de um público mais jovem por eventos e figuras históricas que talvez eles não conhecessem de outra forma? 

JB: Não foi nossa intenção, mas eu diria que é algo positivo (risos). Nunca planejamos virar professores de história dentro do heavy metal. Mas, por exemplo, se alguém descobriu seu amor por história com a gente, com certeza é uma coisa  absolutamente maravilhosa e incrível. É melhor que descubram isso conosco ao invés de fazerem isso com outras bandas (risos).

WM: Uma das músicas que chamou mais a atenção foi “Crossing The Rubicon”, que tem participação especial de membros do Nothing More. Como foi esse processo de lançar uma faixa com uma banda que possui um estilo bem diferente de vocês?

JB: A música foi composta sem eles. A versão que está no álbum não tem participação deles. Então, foram eles que escolheram qual faixa gostariam de colaborar. Se fosse um single, por exemplo, poderíamos ter composto algo juntos.

No entanto, primeiro nós queríamos fazer do modo Sabaton. Como normalmente fazemos. E apenas depois enviamos para eles, onde puderam ver o que gostariam de fazer na música. Acho que é um processo diferente. Se fizermos um álbum do Sabaton, ele será escrito da nossa forma, do começo ao fim. Caso seja um single que não irá entrar no disco, aí sim nós abrimos para parcerias.

WM: Você já tem uma ideia de quais faixas têm o maior potencial para se tornarem grandes sucessos ao vivo?

JB:  Não faço ideia. Tenho boa fé em “Templars”, por ser o primeiro single que lançamos. Acredito bastante nela, pois acho que será uma excelente música ao vivo. Mas ainda não posso garantir, uma vez que ela ainda não estreou nos shows (risos). Já tocamos “Hordes of Khan” algumas vezes, mas particularmente, não acho que ela ficará para sempre no setlist. “Templars” e “Crossing The Rubicon” são as que têm mais chances de ficar mais tempo. Vamos ver o que os fãs irão achar.

WM: De todas as lendas presentes do álbum, qual é a sua favorita?

JB: Não musicalmente, mas sim historicamente, diria que é o Miyamoto Musashi. Muito por conta da dualidade que ele tinha entre ser um filósofo e guerreiro ao mesmo tempo. Ser um autor também. Existem muito mais coisas do que eu imaginava, sabe? Foram muitas descobertas envolvendo todas elas, mas ele foi a maior surpresa para mim. 

WM: Qual o conceito por trás da capa do álbum?

JB:  O conceito foi colocar o maior número possível de lendas presentes no álbum na capa, e tentar entender como diabos o Peter Sallai conseguiu realizar isso (risos). E ele conseguiu! Se você me perguntar, é a capa mais bonita dentre todos os álbuns que já lançamos. Esse hungáro soube muito bem como fazer isso. 

WM: Em maio deste ano, vocês vieram ao Brasil para serem uma das atrações principais do Bangers Open Air, como foi se apresentar lá?

JB:  Maravilhoso, amei cada segundo do show. Antes de subirmos ao palco, fizemos uma ótima sessão de autógrafos com os fãs. Tivemos alguns problemas com o som, pelo o que ficamos sabendo depois. Havia um engenheiro de som que estava fazendo seu primeiro show naquela noite, e aconteceram coisas não esperadas por ele. Infelizmente, o som que o público estava ouvindo não estava legal. Nós entendemos que, dependendo do lugar que você estava, o PA estava oscilando bastante. Mas, mesmo assim, foi absolutamente fantástico. 

WM: Vocês anunciaram uma grande turnê norte-americana para 2026, a Legends On Tour. Existe algum plano para trazer esse show para a América do Sul no futuro?

JB: Espero que sim. Vocês não pegaram muito do ciclo do The Great War (2019) e do The War to End All Wars (2022). Por isso, havíamos pressionado uma tour latino-americana. Queríamos muito que nós fãs latino-americanos tivessem visto um show dessas eras. Espero que da próxima vez que retornarmos, possamos fazer algo inteiramente dedicado ao Legends. Sem a necessidade de precisar realizar tudo misturado novamente.

WM: Por fim, qual mensagem o Sabaton gostaria de deixar aos fãs brasileiros que aguardam pelo lançamento de Legends?

JB: Espero vê-los em breve, meus amigos! Vamos fazer isso, com certeza. Cobras Fumantes, eterna é sua vitória! [refrão de “Smoking Snakes”]

LEIA TAMBÉM: Bangers Open Air 2025: Sabaton entrega show histórico

Sair da versão mobile