A abertura com o vídeo de um Angus dentro de um trem totalmente desgovernado, enlouqueceu as quase 70 mil pessoas que pulavam formando um mar de chifres vermelhos piscantes.”

Por Daniel Dystyler

Eu acho que sou um cara de sorte.

No quesito “conseguir assistir ao vivo as principais bandas da minha vida” (bandas que eu gastei muito do meu tempo ouvindo, lendo encartes, traduzindo letras, tirando as músicas, vendo vídeos e brigando por elas), eu não tenho dúvidas:

Eu sou um cara de sorte!!!

Comecei a gostar de Heavy Metal aos 13 anos, porém somente 7 anos depois, descobri o que significava assistir a uma dessas “Bandas da Minha Vida” ao vivo.

Era Outubro de 1989 e o Metallica veio com a tour do “…And Justice For All”. Inesquecível. Tão inesquecível que depois de assistir ao show na sexta, acordei bem cedo e comprei ingressos pro sábado. 2 dias seguidos de Metallica!!! Inesquecível, mesmo.

E aí ficou o gostinho de quero mais e de 1989 a 1996 eu consegui saciar a minha sede: Iron Maiden na tour do Fear of the Dark (no Rio e em SP), Ozzy no Pacaembu, Scorpions no Olímpia, Black Sabbath no Ibirapuera, Motorhead, Ramones, Guns ‘n Roses, Kiss, Queensrÿche, e por aí afora.

Por isso eu sou um cara de sorte: Em poucos anos, eu consegui assistir a TODAS as “Bandas da Minha Vida”. E se este texto fosse o começo de alguma aventura do Asterix, alguém diria:

“Todas? Não! Uma banda povoada por irredutíveis Australianos ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para Daniel e as guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum…” (:-D)

Mas finalmente em 2009, eu vi. A banda que faltava.
Agora sim. TODAS !!!

O show do AC/DC no Morumbi (também) foi inesquecível.

Não só pelo fato de eu ter “completado a minha coleção”, mas o show em si foi demais.

Na reta final do show, eles despejaram uma sequência de quase meia hora dos maiores sucessos da história de 40 anos do AC/DC”

A abertura com o vídeo de um Angus descontrolado dentro de um trem totalmente desgovernado, enlouqueceu as quase 70 mil pessoas que pulavam formando um mar de chifres vermelhos piscantes. Explosão no final do vídeo com uma locomotiva de verdade entrando no palco e aí finalmente a cena que eu esperei tanto tempo pra ver:

O AC/DC sendo o que ele sempre foi: AC/DC !!! Sem novidades nem invenções. Angus Young nos seus trajes tradicionais correndo como um desvairado no palco; Brian Johnson com sua boina e seu vocal inconfundível; e a defesa firme e bem postada com Malcolm Young e Cliff Williams como 2 zagueiros protegendo Phil Rudd na batera (ou no gol)(:-D)
A partir daí foram quase 2 horas de tudo que qualquer fã podia esperar e queria ver: Pentatônicas o tempo todo e pra todo lado, tocadas pelo guitarrista que melhor explora “a danada de 5 notas” (talvez perca pro Zack ? Não sei…); Rosie inflável montada na Locomotiva; Solo deitado rodando no chão ensandecido; Tradicional striptease; Sino do Inferno com o Brian Johnson pendurado e balançando; Dedos do Angus na cabeça simulando chifres olhando a platéia; Canhões explodindo; a Gibson SG de sempre, enfim: Tudo que eu queria ter visto, eu vi.

O repertório, com 19 músicas foi montado de forma muito inteligente: Obrigava o estádio a pular o tempo todo, ao mesmo tempo que dava algumas “pequenas doses de oxigênio”, apenas o suficiente pra chegarmos vivos até a arrancada para um final apoteótico:

Nas primeiras 13 músicas, grandes sucessos que faziam o estádio literalmente tremer (como em “Rock’n Roll Train”, “Back In Black”, “Big Jack”, “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”, “Thunderstruck”, “Hells Bells” e “Shoot To Thrill”) que foram mescladas com músicas que davam espaço pra pelo menos respirar (como em “Hell Ain’t A Bad Place To Be”, “Shot Down In Flames”, “Dog Eat Dog”, “The Jack” e as novas “Black Ice” e “War Machine”).

E foi desse jeito que eles conduziram as 70 mil pessoas até a reta final do show aonde eles despejaram uma sequência inacreditável de quase meia hora dos maiores sucessos da história de 40 anos do AC/DC !!!

Uma sequência inesquecível que me fez sentir como se eu estivesse dentro daquele trem conduzido pelo Angus ensandecido:

Mandaram “You Shook Me All Night Long” e na sequência “T.N.T.”. Daí emendaram em “Whole Lotta Rosie” e arregaçaram com “Let There Be Rock”. Deram uma paradinha de 2 minutos (acho que pras minhas pernas pararem de doer de tanto pular) e voltaram com “Highway To Hell”.

E quando eu não agüentava mais eles fecharam o show com a música que eu mais queria ouvir. A música que eu sonhava em ver desde 1985 quando assisti a transmissão ao vivo pela Rede Globo do Rock In Rio. A música que traz os canhões e explode tudo. A música que depois do solo, na parte final (quando fica rápida), faz com que eu fique arrepiado. Sempre. Esteja, aonde estiver (é mais forte do que eu. Comigo isso só acontece nessa música e na parte final de Peace Sells do Megadeth. Sei lá porquê…).

E é assim que eles nos saudaram pra terminar a noite inesquecível. Com “For Those About To Rock (We Salute You)”. Bem, essa é a melhor descrição que eu consigo fazer das emoções desse show histórico. É claro que pra entender um show desses é preciso estar lá, não adianta ler. Mas isso, todo mundo sabe. Isso é “chover no molhado”.

E a tempestade gigante que eu tomei na cabeça foi tão insignificante perto do que representou este show que só agora (quando usei o termo “chover no molhado”), é que lembrei que choveu. Irrelevante.

Então é isso. Completei a minha coleção.

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