Texto por Marcelo Gomes

Com 18 anos de carreira e um álbum recém lançado, Necromanteum (2023), os americanos do Carnifex finalmente desembarcaram na América Latina para sua primeira turnê como atração principal.  Conhecidos por serem um dos nomes pioneiros na cena deathcore, a banda cruzou fronteiras e fez sua estreia em São Paulo no Fabrique Club  no último dia 02, em que contou com a participação especial do Fim da Aurora.

A  noite  começou com a competente Fim Da Aurora, banda de Jundiaí. Com mais de 10 anos de estrada, apresentaram músicas já conhecidas  como “Intolerância”, “Eleitos Pela Mentira” , “Pelo Vale Da Morte”, entre outras. Também abriram espaço para uma nova, “Ritual” que ainda será lançada e foi muito bem recebida. Vale ressaltar que desde a primeira música, uma bela roda foi aberta, predominantemente por mulheres, que representaram muito bem por sinal. Fecharam com “Dinheiro Sujo” e “Espirítos”,  essa última com o vocalista André Bairral jogando o microfone para um fã na plateia que cantou parte da música numa despedida triunfal. 

Pontualmente às 19h, embora a casa não estivesse abarrotada mas com um bom público, o Carnifex apareceu no palco do Fabrique Club como uma tempestade sonora prestes a devastar tudo o que viesse pela frente e os fãs foram brindados com uma avalanche de músicas brutais que mostravam o porquê de Scott Lewis (vocal), Cory Arford (guitarra), Neal Tiemann (guitarra), Fred Calderon (baixo) e Shawn Camaron (bateria) serem um dos grandes nomes do estilo.

O set começou a destruidora “Dark Days” estabelecendo uma atmosfera obscura que perdurou toda a noite. A melodia do belo solo da  música contrastou com todo o resto mas durou pouco dando espaço a brutalidade habitual. Na pista, uma grande roda foi aberta dando indícios da temperatura da apresentação. A energia visceral se intensificou ainda mais com “Pray For Peace” deixando os fãs ensandecidos.

Voltando à 2008, trazem a faixa “In Coalesce With Filth And Faith”  provando ser um dos destaques da noite com toda sua agressividade e virtuosismo que arrancou muitos aplausos. A faixa-título do mais recente trabalho também se fez presente. “Necromanteum” arregimenta tudo o que consagrou a banda no estilo. Mais um grande trabalho dos caras para mostrar que estão mais vivos do que nunca. Os fãs não deixaram para menos, fizeram sua parte como verdadeiros devotos.  

Uma das mais celebradas foi “Hell Chose Me”, a todo momento o vocalista pedia por circle pits mas nem era necessário, o público reagia fazendo do Fabrique Club um verdadeiro inferno na terra. A banda não demonstrava a menor intenção de aliviar e vieram mais três petardos, “Torn In Two”, Heaven And Hell All At Once” e “Lie To My Face”. A combinação dos guturais do Scott aliado ao peso descomunal da banda desencadearam uma brutalidade desenfreada, difícil de ser contida.

Mantiveram a destruição com “Collaborating Like Killers” e “Die Without Hope”  com cada nota soando com uma intensidade inexplicável parecendo libertar a bestialidade dos americanos. A dicotomia entre luz e escuridão foi redefinida a seguir com “Dark Heart Ceremony” e “Drown Me In Blood”. A devastação sonora promovida pela banda exaltava as habilidades técnicas de cada integrante enquanto o público se alimentava da energia inesgotável que emanava do palco. Uma simbiose perfeita que perdurou até o fim. A noite atingiu seu ponto de ebulição máximo com as fantásticas “Hatred And Slaughter” e “Slit Wrist Savior” numa despedida que trouxe um verdadeiro cataclismo sonoro deixando os fãs encharcados de suor e alegria.

Com um pouco mais de uma hora, o Carnifex transformou a apresentação em uma experiência visceral e definitivamente intensa. A habilidade da banda em combinar riffs poderosos com partes rápidas culminou numa resposta explosiva dos fãs que agitaram desde as primeiras notas do show.  Certamente uma jornada pelas profundezas do metal extremo que ficará na memória de todos por muito tempo.

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