Em 2001, Carlinhos Brown protagonizou um episódio que ficou marcado na história do Rock In Rio. O show do músico foi interrompido por vaias e garrafadas do público, formado na maioria por fãs de rock que aguardavam Guns N’ Roses, headliner daquele dia.
Duas décadas depois, Brown reflete sobre a ocasião como uma forma de cancelamento motivada por diferentes preconceitos, inclusive de ordem racial. “Precisamos de tempo para observar o que são as coisas. E o cancelamento talvez seja a síntese [daquele episódio]. E dentro do cancelamento tem tudo: tem racismo, preconceito contra o gênero, contra a música”, afirmou em entrevista à Folha de São Paulo.
A terceira edição do megafestival ainda não tinha a separação de atrações por gêneros musicais nos diferentes dias, como acontece atualmente. O músico se apresentou no domingo, dia 14 de janeiro, logo após Patu Fu. As atrações seguintes seriam Ira! e Ultraje a Rigor, Papa Roach, Oasis e Guns N’ Roses.
Outra questão foi o boicote de artistas brasileiros ao evento por cachês baixos e falta de estrutura para as apresentações, realizado pelas bandas O Rappa, Cidade Negra, Raimundos, Charlie Brown Jr, Skank e Jota Quest, como lembra a Folha.
“Que bom que houve aquele choque porque a gente sabia que, no Rock in Rio, a palavra rock, suas quatro letras, era maior que Rio. Mas a gente também estava dizendo que o Rio é enorme. A música brasileira precisava ser mostrada”, argumentou. “Queria fazer um convite, quero fazer aquele show [no festival] de novo”.
No palco do Rock In Rio 2001, Brown interrompeu o show para rebater as atitudes do público, geralmente veiculadas como reflexo da suposta intolerância do público de rock. “Vocês que gostam de rock, têm muito que aprender na vida, aprender a respeitar o ser humano, a dizer ‘não’ à violência e dizer ‘sim’ ao amor, acreditem na vida”, disse o músico na época.
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